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A pedido de alguns elementos da família Freudenthal que me facilitaram os meios de que dispunham, comecei a escrever a história do patriarca, João Freudenthal, que faria cem anos em 4 de Junho. A história é apaixonante e eu… apaixonei-me por ela, literalmente. Escrevi e publiquei neste blogue com assentimento da família, pelo menos, sete trechos ao longo dos meses de Setembro e Outubro de 2010.
A história despertou muito interesse da parte dos meus leitores e comentadores habituais, mas eu não me senti com força para continuar a história tal como gostaria de a escrever.
Felizmente, os filhos persistiram na vontade de homenagear o Pai através da divulgação da sua história. E aí está o livro de Leonor Vaz Pinto intitulado Memórias com muitas fotografias interessantes, reprodução de documentos e os tocantes depoimentos dos filhos e da esposa.
O livro-homenagem foi apresentado em Lisboa no dia 31 de Maio, e foi na verdade uma grande festa na Livraria Ler Devagar, com discursos emotivos. O do filho Miguel, grande impulsionador do evento, a vestir o casaco do pai, e a explicar a sequência do que se ia seguir. O que se seguiu foi o discurso da Alice em nome de todos os netos, o da autora e o da Helena Matos, historiadora que todos conhecem como jornalista e que comentou a vida de João Freudenthal - um homem que viveu uma vida difícil e diferente, mas que chegou a bom porto cumprindo o que se propôs.
Há dias, em 25 de Maio, na Fundação Eng. António de Almeida, aconteceu a homenagem ao poeta Albano Martins.
Houve várias palestras, extremamente académicas algumas, outras afectuosas, todas de grande apreço pelo homem e pelo artista.
Houve uma exposição biobibliográfica “Tempo e Memória com livros, fotografias, cartas, jornais e revistas, manuscritos e condecorações e esculturas, pinturas e desenhos de artistas conceituados.
O poeta nasceu em 1930 e tem uma vasta obra de grande qualidade, não tão conhecida como merecia.
Vou transcrever apenas um poema que vem publicado no prospecto anunciador da exposição.
PEQUENAS COISAS
Falar do trigo e não dizer
o joio. Percorrer
em voo raso os campos
sem pousar
os pés no chão. Abrir
um fruto e sentir
no ar o cheiro
a alfazema. Pequenas coisas,
dirás, que nada
significam perante
esta outra, maior: dizer
o indizível. Ou esta:
entrar sem bússola
na floresta e não perder
o rumo. Ou essa outra, maior
que todas e cujo
nome por precaução
omites. Que é preciso,
às vezes,
não acordar o silêncio.
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