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A reabilitação possível

por Zilda Cardoso, em 30.09.12

 

Penso muitas vezes no mundo em que vivemos como se ele fosse um deserto, no sentido de que os valores seguros que fundamentaram outrora as nossas atitudes deixaram de ser seguros, deixaram de ter valor. Valores-sem-valor não nos servem de nada.

A psicologia moderna, no dizer de Hannah Arendt, propõe-se ajudar os seres humanos a adaptarem-se às condições de vida no deserto. E tira-nos deste modo a esperança de modificarmos esse mundo: acabaremos por nos sentirmos bem no deserto. Será possível? Perderemos as nossas capacidades humanas e ganharemos… que outras?

Sofia Freudenthal é psicóloga licenciada e tem uma proposta não de adaptação dos humanos ao deserto, mas de melhorar o mundo desértico em que vivem os humanos, o que é apaziguante. E talvez também, do mesmo passo, adapte o ser humano ao deserto melhorado...

Vou pedir-lhe uma entrevista para compreender melhor o que tem sido a sua vida nestes últimos poucos anos. Tudo o que sei e posso adiantar é que está a realizar um projecto desafiante que considero de extrema importância para todos, nos tempos que correm.

Ela é fundadora e inspiradora da ReAge de que tenho falado. (www.reage.com.pt)

Tem muitas competências, ela que foi modelo de moda e de fotografia e pintora, restauradora, decoradora, designer…

É admirável a sua dedicação a este projecto em que tem posto toda a sua energia e inteligência e que acabou por definir a sua vida. Terá meios de conseguir atingir o fim que se propõe?

Há um grupo cada vez maior de pessoas que estão desocupadas e que são, numa enorme percentagem, perfeitamente válidas para certos trabalhos.

Como todos sabem, estamos em crise económica e de valores e de princípios. No entanto, esse grupo tem muita experiência de vida, muitos conhecimentos, muitas memórias que vai esquecendo porque não as usa, porque não é chamado a usá-las. Não é chamado para as usar.

O que a Reage propõe é activar de modo a não deixar morrer esse enorme e rico património. O que está a fazer é a colocar novos e velhos em conjunto de modo que uns e outros lucrem, aprendendo uns, animando-se os outros que se mantêm vivos e em actividade.

Temos necessidade de todos. Ocorreu-me que podemos ganhar aos chineses nesta luta deles pela hegemonia económica no mundo, se todos trabalharmos muito como antigamente e com sabedoria. Somos muitos afinal e vamos aprender com os que sabem.

Sintetisando:

1º. Temos o aspecto económico, em que, por um lado, um grupo de pessoas com competências muito válidas não está a ser aproveitado; por outro lado, temos dificuldades em dar a essas pessoas aquilo de que precisam para viver com algum conforto.

2º. Temos o aspecto social e cultural: essas pessoas sentem-se sós. E não devem nem devem precisar de estar sós. Sentem que não estão a ser aproveitadas as suas aptidões para produzir qualquer tipo de riqueza. Nem a ser respeitada a sua sabedoria nem a sua capacidade de relacionamento com os mais novos. Sentem do mesmo modo que esta maneira de viver é mais uma maneira de morrer.

Quererá a ReAge pôr em ordem estes negócios humanos?

Vou pedir a entrevista à Sofia Mergulhão Freudenthal.

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publicado às 13:15

Behind the moon

por Zilda Cardoso, em 26.09.12

Hoje de manhã, havia um pequeno arco-íris em frente da minha varanda mágica.

Recebi-o como um presente para mim e para todos os que deram conta dele. Veio e foi-se muito rapidamente, como sempre acontece.

Entretanto, corri para a minha máquina fotográfica e fiz algumas imagens que vos mostro. E fui também inteirar-me do que os cientistas dizem do que é o arco-íris.

“Um arco-íris… é um fenômeno óptico e meteorológico que separa a luz do sol em seu espectro (aproximadamente) contínuo quando o sol brilha sobre gotas de chuva”.

 

 

 

“O arco-íris não existe realmente em nenhum local do céu, mas é uma ilusão de óptica cuja posição aparente depende da posição do observador. Todas as gotas de chuva refratam e refletem a luz do sol da mesma forma, mas somente a luz de algumas delas chega até o olho do observador. Estas gotas são percebidas como o arco-íris para aquele observador”.

Seguem-se explicações muito complicadas, eu só me interessei pelo facto de ter sido Descartes quem deu a primeira explicação teórica sobre o arco-íris e Newton o primeiro a demonstrar que a luz branca era composta pela luz de todas as cores do arco-íris – as sete cores do arco-da-velha.

 Leio ainda:“Seu nome provém da mitologia grega, onde Íris era uma deusa que exercia a função de arauto divino. Em sua tarefa de mensageira, a deusa deixava um rastro multicolorido ao atravessar os céus”.

É muito belo mas, no momento, só consigo dar importância à mitologia hollywoodesca, à Judy Garland, à música do filme O Feiticeiro de Oz e à canção over the rainbow que ela interpreta com tanto entusiasmo. Somewhere over the rainbow, far, far away, behind the moon, beyond the rain…

Por outro lado, lembram-se do encantador poema de Wordsworth sobre o arco-íris? É tão romântico!

  

 

  

My heart leaps up when I behold

A rainbow in the sky:

So was it when my life began;

So is it now I am a man;

So be it when I shall grow old,

Or let me die!…

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publicado às 16:32

O elogio do Burro

por Zilda Cardoso, em 25.09.12

O Palácio já não é de cristal, mas os jardins continuam bonitos e há uma nova biblioteca com mobiliário de Alvar Alto, sala de exposições e um auditório. E muitos acontecimentos culturais ali se desenrolam, desde exposições de flores até… Até quê? Olhe, não sei.

Nesta última semana, havia nas avenidas uma pequena feira de livros e refrescos e bolinhos artesanais que tanto agradam a miúdos e a graúdos; música na meia-lua e muita gente a entrar e a sair, sempre.

Os pavões escondiam-se da multidão, poucos corajosos ficaram por ali. Porém, os burros na avenida das Tílias apreciaram as gentes que lhes forneciam alimentos saborosos e fáceis de obter por bom preço.

 

 

 

 

Imaginem quatro burros simpáticos bem rodeados e felizes a que algumas crianças davam ervas arrancadas para esse fim, ali ao lado. Eu expliquei aos meus que os burros têm no seu interior, na barriga, para ser mais explícita, uma máquina que transforma ervas verdes ou secas em músculo e osso e noutras coisas que constituem o ser dos burros.

A sua máquina interior tem esse poder: o de transformar vegetal em animal. É obra!

Sempre admirei muito estes bichos: são simpáticos, têm uma voz admirável de cantor de ópera, e são simples, isto é, inteligentes. Há 5.000 anos que são domésticos e humildes e chamam-lhes asnos e jumentos, mas são mamíferos e equídeos como os cavalos que têm o favor de toda a gente. Claro que possuem umas orelhas compridas que podem ser símbolo de ignorância, utilizam-se como animais de carga, mas, olhe, injustiça é o que mais vejo por aí.

Além disso, podem, ser de ouro. E Jesus entrou em Jerusalém no Domingo de Ramos montado num jumento.

O burro ocupou um lugar de relevo no presépio cristão, em algumas histórias muito antigas e em fábulas, parábolas, metáforas e mitos. Conhecem aquela do leão e do burro? A fábula…? Ou a outra, a do burro do camponês que caiu num poço?

 

 

 

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publicado às 14:32

O Adamastor

por Zilda Cardoso, em 23.09.12

Era um barcão enorme e assustou-me no escuro do nevoeiro. Veio lá do fundo de um mar desconhecido, tão grande que me pareceu que faria, havia de fazer, transbordar a água do mar salgado  e sagrado. Inundaria as margens, levaria as esplanadas, a pérgola, os canteiros, os homens do leme e os salva-vidas.  Tudo.

Seria terrível como uma onda gigante.

 

 

 

Porém, seguiu velozmente, não deu a volta em frente à minha varanda e continuou para sul, gigantesco e feio.

Para onde iria? Pensei. Ainda haverá mares nunca de outrem navegados? E gigantes que eu possa ver da minha janela?

 

 

 

Como nuvem negra e carregada sobre a minha cabeça, o gigante realmente apareceu: quem és tu? Pergunto com atrevimento fazendo jus à coragem dos meus maiores.

“Que ameaço divino ou que segredo/este clima e este mar nos apresenta,/Que mor cousa parece que tormenta?”

“Os segredos deste mar, nunca os revelarei, e será castigada a tua curiosidade”.

Bom, pelo menos, fiquei a saber que, em frente à minha varanda, há um cabo tormentoso difícil de transpor.

 

 

 

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publicado às 16:47

Crise de Migalhas

por Zilda Cardoso, em 19.09.12

 

 

 

(imagem de Marcolino Osório)

 

Do telhado, vê as minhas migalhas no chão. Estica o pescoço, espreita, tenta ver melhor, de outro ângulo. Desce e entra e, por momentos, saltita no espaço agora muito ocupado por mesas e cadeiras.

Acerca-se mais, não há nada interessante. Anda sem medo por ali, percorre todo o pequeno sítio turbulento daquela zona da estação do caminho-de-ferro e nada encontra que lhe sirva.

Volta a sair do lugar, desiludido o pombo-outrora-próspero, voa para fora. Ninguém lhe presta atenção.

Um casal e um neto com alguma coisa de ciganos na sua atitude, na cor da pele e na roupa atravessam o espaço das migalhas em direcção ao comboio.

O lugar está a revelar-se mau para o pombo, nada proveitoso nem atraente. Ouviu falar de uma crise, não compreende o que isso é.

(Já estarão mais magras, as pessoas da crise, mas os anúncios de dietas para emagrecer são cada vez mais e mais importantes.)

As pessoas têm de comer, pensa o pombo, por isso deve haver migalhas. Têm de comer…

… mas comem também as migalhas. Anunciou, “comam também as migalhas”, o altifalante da estação numa voz roufenha e indecifrável.

Comem também as migalhas, essa é que é a verdade!

Pois!

E o pombo saiu dali.

 

 

 

(imagem fantástica de Jorge Cardoso) 

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publicado às 13:30

Areia cravo e canela

por Zilda Cardoso, em 15.09.12

Ontem pela manhã e à hora que a visitei, esta beira-mar estava um esplendor. O sol reflectia-se nos barcos grandes e nos pequenos que tomavam a sua cor. A água… era apenas brilho e o céu estava quase tão azul como o de Castelo Melhor, no mês passado. Havia uma passarada de que eu apenas via umas asas bater contra e porque o céu era azul e límpido.

 

 

Reparei num grande barco cinzento que parecia militar, seguido e antecedido de outros pequenos, brancos e coloridos, e de um helicóptero que acompanhava as operações que não sei quais fossem.

  

 

 

As pessoas passeavam na avenida felizes – sentiam-se afortunadas e merecedoras de tamanha riqueza. Que era o sol, o mar, as rochas negras, a areia cravo e canela, morena como a Gabriela e a ligeira brisa tão simpática e amável como refrescante.

 

  

 

 

 

Ao fim da tarde, o mesmo sol descia branco e depois mergulhou cor-de-laranja quase vermelho…

Espero ver-te amanhã, gritei eu, espero ver-te com esse fulgor: merecemos, não?

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 19:38

É tudo mentira, é tudo verdade

por Zilda Cardoso, em 09.09.12

Pensei sempre que devia procurar certo valor absoluto sabendo, hélas, que não o encontraria. Apesar disso, calculava ser fundamental a pesquisa já que poderia significar que me estava a aproximar dele. E também que o caminho podia ser o mais importante.

Esse valor era a VERDADE.

Isso implicaria, como é natural, a existência de outro valor absoluto, igualmente inatingível que era a MENTIRA – valor negativo, infernal, a não atingir em nenhuma circunstância. Até porque à medida que me aproximava do outro valor, afastava-me deste. Era claro para mim e assim é que estava certo.

Orientava a minha vida com referência a estes valores essenciais: tudo revoluteava em seu redor.

Era o que eu julgava até há poucos minutos quando, de súbito, me  apercebi de que tudo isto que fizera parte da minha estrutura de pensamento era uma perfeita estupidez.

Que me importa que seja-o-que-for seja verdade? Ou que seja mentira?

São VALORES,  não existem na Natureza e apenas o muito espaço vazio no meu cérebro e no teu, os muitos neurónios por utilizar me levam ociosamente a pensar em coisas abstractas, inúteis e finalmente inexistentes.

Mentir não deve ser tão importante como eu pensava, tão importantemente negativo.

O que interessa dizer é que mentir ou dizer a verdade - é igual – não há nenhuma diferença, por isso, não tem qualquer importância.

Só inventamos dificuldades em vez de observarmos à nossa volta e analisarmos o que realmente se passa.

E o que se passa é isto.

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publicado às 20:25

Vou ter que me gramar...

por Zilda Cardoso, em 08.09.12

“Vou ter que me gramar a mim mesmo para o resto da vida”.

Não recordo quem disse isto. Mas quem disse parecia saber.

Para mim, é um pensamento que desperta variados outros. Primeiro, a pergunta: alguma coisa está mal comigo? Presume-se. Se me desgosta ter que me aturar (e as palavras usadas, deixam-no supor), é porque não aprecio o que vejo. Porque… a modificar-me… a haver razão para querer mudar-me, é que sinto que alguma coisa falhou em mim, tal como sou, no momento.

Porém, se vou ter que me aturar o resto da vida, se vou ter que me tolerar seja como for, vale a pena mudar o que quer que se seja, dentro de mim? Ou no mundo?

E para melhor?

Mudar o mundo para melhor, é o que todos desejam, mas o que é um mundo melhor… um mundo em que cada um de nós seja melhor…?

O que é melhor?

 

  

Temos tantas ilusões, tantas ideias na cabeça. E tantos desejos que nos consomem…

Tentar mudar o mundo para melhor sem saber o que é melhor!? Que idiotice, dirão!

E dizem-nos: procurem o vosso caminho! Sigam o vosso coração!

Como podemos seguir o nosso caminho, se não sabemos para onde vamos? Se não temos um propósito? Só podemos caminhar às cegas… E o coração não resolve nada.

Tudo o que podemos fazer é inventar um ponto de chegada e, a partir dessa ideia ou dessa invenção, tentar chegar a ele.

Parto do princípio de que é a verdade que procuramos, será onde incertamente queremos chegar.

Temos uma voz que fala dentro de nós e para nós.

Baixinho.

Percebemos então que a verdade está dentro de nós e que, se não há nenhuma, pelo menos, não há outra.

Não há nenhum caminho (visível) a percorrer, há aparências, há fantasias, há tecnologias, há mitos.

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publicado às 09:48

Os três crivos, de Sócrates

por Zilda Cardoso, em 07.09.12

Lembrar-se-ão da história dos três crivos atribuída a Sócrates…

 

Vale a pena recordá-la, porque é de sabedoria simples, aquela que nos revigora no dia-a-dia e nos ajuda a viver bem com os outros.

 

Um amigo dirigiu-se a Sócrates e disse-lhe que tinha alguma coisa grave para lhe confidenciar. O sábio respondeu:

“Espera lá… Já passaste o que queres dizer-me pelos três crivos?”

O amigo admirado perguntou o que era isso dos três crivos.

“Vamos passar a tua confidência pelo crivo da verdade. Tens a certeza que é verdade aquilo que me queres contar?”

“Bom, não posso assegurar. Ouvi dizer que é…”

“E pelo crivo da bondade? Será bom o que julgas saber, mesmo que não seja verdadeiro?”

“Isso não é, pelo contrário”.

“O último crivo é o da utilidade. Que proveito se pode tirar disso que tanto te aflige?”

“Nenhum, decerto. Útil não é!”

“Então… Se o que queres confiar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, esqueçamos o problema, diz Sócrates, não te preocupes com ele, já que casos não edificantes, não valem nada para nós”.

 

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publicado às 20:43




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