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Tive a honra de conhecer e privar com Helena Sá e Costa, a grande pianista natural do Porto que aqui viveu e trabalhou até 2006. Foi concertista extraordinária e intérprete conhecida em todo o mundo pelos festivais e júris de concursos internacionais em que participou, pelas gravações que deixou, pelos prémios importantes que recebeu. Foi presidente da Escola Superior de Música e do Instituto Politécnico do Porto, professora dos Conservatórios de Lisboa e do Porto, regente de cursos em quase todos os países da Europa e da América do Norte onde o seu prestígio era invulgar.
Tinha a medalha de Mérito da Cidade e era uma senhora encantadora: amável, atenciosa, bondosa, sempre bem vestida e arranjada em atenção aos outros, no respeito pelos outros. Escreveu um livro de memórias Uma vida em Concerto que me ofereceu com simpática dedicatória.
Fui muitas vezes conversar simplesmente com ela, ou tentar resolver assuntos relativos ao bailado que alguém muito dotado para essa arte mas não para ceder privilégios, queria desenvolver na cidade. O ambiente singular da sala onde recebia e onde dava aulas, numa casa - a casa da sua família com jardim no largo da Paz, era um lugar espantosamente tranquilo no centro do movimento da cidade.
Sempre que passo por ali, me recordo da forma delicada como a Senhora Dona Helena me recebia e recebia toda a gente, como uma verdadeira Senhora, se é que estas palavras ainda têm algum sentido. Para mim, têm.
Em 1941, Helena Sá e Costa tocou no espetáculo de abertura do Coliseu do Porto e foi ontem homenageada pela Associação dos Amigos do Coliseu com o descerramento de uma placa comemorativa na presença da violoncelista Madalena Sá e Costa, sua irmã. A Orquesta Sinfónica do Vale do Ave e o solista Constantin Sandu repetiram parte do concerto do dia da inauguração do Coliseu. Projectado por Cassiano Branco, é um edifício de arquitectura modernista de que a cidade justamente se orgulha.
É bom recordar Helena Sá Costa.
Recebi de Salvador Mendes de Almeida, a quem muito estimo e respeito, uma proposta que é um desafio importante para cada um de nós:
Se cada um contribuir com o que puder e passar a mensagem a mais 10 pessoas, rapidamente vamos conseguir ajudar a preencher muitas vidas!
Diz ainda:
Caros amigos e amigas,
Como sabem estou tetraplégico há 13 anos e fundei a Associação Salvador, uma IPSS que visa promover a integração das pessoas com deficiência motora na sociedade e melhorar as suas vidas.
Para mim tem sido um privilégio trabalhar nesta área, pois tenho conhecido pessoas fantásticas – tanto as pessoas com deficiência motora como os seus pais, irmãos e amigos. Regra geral são para mim verdadeiras lições de vida de como ultrapassar obstáculos, amar, não perder a esperança, aproveitar tudo o que a vida oferece de bom , sendo que por vezes a vida ofereces-lhes mesmo poucas coisas boas…
Eu nasci numa família que me pode dar as melhores condições de vida mas infelizmente a maioria das famílias de pessoas com deficiência em Portugal não têm recursos financeiros suficientes para fazer face a situação que vivem!
Portugal atravessa um momento muito difícil para todos, mas que tem enormes consequências nas famílias das pessoas com deficiência. Estas famílias vivem, regra geral com baixos rendimentos (para ter uma ideia muitas vezes a mãe tem de abdicar de trabalhar para dar assistência ao filho com deficiência) e têm de suportar altos encargos para garantirem uma vida com alguma dignidade (Uma boa cadeira de rodas eléctrica pode chegar aos 20.000€ ).
Neste momento são confrontados com uma redução do seu já fraco poder económico e ainda com uma grande redução dos apoios do estado.
Na Associação Salvador apoiamos anualmente, através do projecto "Acção Qualidade de Vida", várias pessoas com deficiência motora e comprovadas carências financeiras (atribuindo cadeiras de rodas, computadores, entre outros). Infelizmente não nos é possível, por falta de verba disponível, apoiar todos os casos que nos chegam…que são cada vez mais…e casos mais complicados.
Por esse motivo, criamos uma plataforma de crowdfunding, www.preenchaestavida.com de forma a que todos possam apoiar com o valor que entenderem. Todos os casos apresentados já foram sujeitos a uma análise prévia por parte de um júri (da qual faço parte), e foram classificados segundo determinados critérios.
Através desta plataforma todos podemos ajudar…nem que seja com 1€.
Lanço aqui um desafio: Se cada um contribuir com o que puder e passar a mensagem a mais 10 pessoas, rapidamente vamos conseguir ajudar a preencher muitas vidas!
Como somos uma IPSS, a atribuição de um donativo em dinheiro à Associação Salvador traduz-se num benefício fiscal dedutível à colecta de IRS /IRC. A plataforma prevê também receber o donativo de empresas, emitindo o respectivo recibo de donativo, ao abrigo da lei do Mecenato.
Obrigado pela atenção dispensada! Conto com o vosso apoio.
Um forte abraço,
Salvador Mendes de Almeida
Av. Fontes Pereira de Melo 14, 9º
1050-121 Lisboa
Telefone: + 351 213 184 851
Acrescento ainda um trecho escrito por um grego há 2500 anos - este grego era sábio.
Escreve Platão: "Interrogado em certa ocasião sobre qual lhe parecia a melhor finalidade para o homem, Sócrates respondeu: o bem viver. Interrogado ainda se também cria que a boa fortuna fosse a finalidade do homem, respondeu: “creio que a fortuna e a acção são duas coisas contrárias; pois achar o que nos convenha sem procurá-lo, considero-o boa sorte; conseguir êxito em uma empresa por meio do estudo e do exercício, chamo-o bem viver; e os que disto se ocupam, parece-me que vivem bem.”
E diz ainda Sócrates pela voz ou a pena de Platão: a sabedoria produz a boa fortuna dos homens, pois ninguém pode jamais enganar-se por sabedoria… porque nesse caso não seria sabedoria.
Quando se tem sabedoria, não se necessita de boa fortuna… No uso da riqueza, da saúde e da beleza é a Ciência que dirige a acção no seu justo uso. Então a Ciência não somente prepara para os homens a boa fortuna como também o bom emprego de tudo o que possuem e fazem.
Bem viver significa não apenas fazer bem mas também estar bem. Segundo Sócrates, viver bem “consiste no contínuo transformar-se em melhor e em contribuir para a melhoria dos outros”. Mas frente à visão comum utilitarista, o filósofo demonstra que é preciso uma medida que é a Ciência e que o agir bem beneficia sempre e o agir mal traz em si o seu próprio castigo (O pensamento antigo, de R. Mondolfo).
Teresa Beleza Vaz, arquitecta, designer, bailarina e coreógrafa, trabalhou no Balleteatro Contemporâneo do Porto e, nesse âmbito, publicou belos textos sobre a relação entre o movimento e o espaço. Conheço bem o seu trabalho de designer desde que trabalhou para a Galeria Vantag em obras de muito valor estético e decorativo para além do económico e prático. Conheço menos o seu trabalho de arquitecta. Revela-se agora escritora de muito talento com este livro de memórias O voo das Levandeiras que saiu não para o grande público, mas para o público devotado dos seus muitos amigos.
Tenho estado a lê-lo e não resisto ao apetite de transcrever aqui um mínimo trecho que dará ideia da simplicidade e pureza da linguagem que usa nas suas escritas. E que são também características do seu pensamento.
Não lhe peço licença para o transcrever, peço-lhe desculpa: foi uma tentação.
“Tenho fulgurantes e extraordinárias recordações deste período. Até me espanta a clareza de algumas delas. Afigura-se-me hoje que esses acontecimentos ocorreram de tal modo que eu não me poderei deles esquecer nunca mais! Parecem-me feitos de propósito para serem recordados, como se pelos nossos cinco anos, muita da nossa vida futura estivesse em jogo, e o nosso modo de sentir e pensar, a nossa sensibilidade aí ficasse, definitivamente configurada. E que o resto da nossa vida seria inevitável comprovação desse facto. Para mim, foi por essa altura que comecei a ser EU, tal é por vezes a concordância de pontos de vista que esse eu pequenino aparenta ter com esse meu eu actual! E quando assim falo não me refiro em especial à história que se segue, mas a esse tempo em que a minha memória se encheu de brio e começou não só a guardar recordações como a senti-las como acontecimentos especiais”.
(in O Voo das Levandeiras, Editorial 100, Janeiro de 2009, Gaia).
Quero ter a certeza de que este novo dia é realmente um dia novo. Por isso, vou bem cedo todas as manhãs à janela ver as diferenças.
E tinha-me esquecido de como pode ser noite às 6 da tarde ou antes.
Desde o ano passado que não acontecia estar assim, deste modo, quero dizer, escuridão tão cedo e durante tanto tempo. Recordo agora: nestas ocasiões, vou para o quarto às 20, às21, às 22, já farta de andar de um lado para o outro na noite.
Não gosto da noite. Aprecio… continuo a apreciar a luz do sol e, em seguida a estes anos todos, fico ansiosa por que regresse depois de dar a sua inevitável volta dos tristes.
E logo que espreita, desde longe, levanto-me e vou ter com ele, vou vê-lo de perto. Procuro descobrir as novidades que esta luz me
traz, de certeza não passaram tantas horas sem que alguma coisa interessante acontecesse.
Hoje, havia formas geométricas lindas, manchas azuis e de um cor-de-rosa muito próximo do laranja, de laranja vivo e de laranja pálido, e prateadas e brilhantes. Daí a pouco, tudo se embaraçou com cinzento, todo o azul se cobriu de cinzentos mais ou menos encaracolados, mais ou menos fortes, e também luminosos e mesmo translúcidos.
É claro que fico contente se o sol brilhar sem nuvens; mais alegre fico se não houver vento que considere excessivo, se a humidade não vier nem chuva nem nevoeiro. Também me sinto feliz se estiver feliz cá dentro.
Calculo que o mundo está mais velho hoje do que ontem, evoluiu, e se bem que eu não veja grandes diferenças a olho nu, elas existem, todos dizem que existem. Por isso, também digo que é outro dia e outro mundo.
Ele está lá, tenho consciência disso, mesmo antes de o ver, calculo que as mesmas coisas de ontem existem ali, mas é o meu pensamento não é forçosamente a realidade.
Olhem, as nuvens que eu disse que ontem eram cinzentas estão duma cor indefinida e têm formas mais alongadas: estendem-se de um lado ao outro da minha janela num jeito horizontal. Repito que não são as mesmas de ontem e num certo momento e um pouco mais para poente pousam-se sobre o mar com outras formas. Isto não tinha visto ontem, não, nada disto. Não tenho já dúvida, nada disto era assim ontem.
Deste lado da casa, sobre a cidade, há farrapos cinzentos no fundo azul. E passa um pássaro solitário em voo desordenado em direcção ao poente. Aqui, os brilhos dispersam-se como na árvore de Natal. A minha lâmpada branca acesa dentro do quarto… vejo-a reflectida em frente, no céu, enorme e alva em relação às outras amareladas e azuis. Há ao longe um gigantesco guindaste, as ruas estão ainda semi-iluminadas com os candeeiros da Câmara, e ninguém circula nem a pé nem de carro.
Passa alguém agora de mota para junto das obras, ali. As árvores, em novelos espessos verde-escuro, mal ousam respirar, permanecem quietas como representações ou simples figuras de arte à espera dos visitantes.
Dentro das casas não há luzes ainda, ao longe piscam azuis na rua. Aprecio a luz central e não estes pontos brilhantes aqui e ali, alumiando precariamente ruas e praças.
Não demora que tudo seja movimento na cidade, não demora que tudo volte ao mesmo de ontem. Mas não aceito isto como dia, como novo dia.
Quando vou à janela cada manhã seguinte, cheia de curiosidade, já vou convencida de que o mundo está lá. Tal como o conheci. Nunca fico desiludida, mas posso estar enganada. Na verdade, constato que o mundo está sempre diferente, cada dia, e é isso que me leva a dizer que cada um é diferente do anterior e de todos os que o antecederam.
Então é sempre um novo dia, de cada vez, todos os dias.
Posso assegurar-lhes que no presente o mundo é novo todos os dias. Que cada dia é outro dia e cada mundo é outro mundo.
Realizou-se ontem na Biblioteca Municipal Almeida Garrett com o parocínio da Presidência da República e da C. M. do Porto um seminário internacional sobre os direitos das crianças na actualidade. Foi organizado pela Amnistia Internacional que se intitula cogrupo sobre os direitos das crianças e tem sede em Portugal. Dizem os papéis distribuídos que o cogrupo é uma unidade básica da estrutura e das actividades da campanha da AI.
O cogrupo deseja e trabalha para que “cada criança goze de todos os direitos proclamados na Convenção e na Declaração dos Direitos das Crianças aprovados pela Assembleia Geral da ONU promovida pela Unicef e outras ONG’s entre as quais a Amnistia Internacional”.
“… os abusos de direitos das crianças em qualquer lado são problemas de todos”.
“… indignados pelos abusos”… “mas inspirados pela esperança de um mundo melhor”… trabalham “para melhorar a vida das crianças através de campanhas e de solidariedade internacional”.
A sua missão é “promover, defender e agir de modo a prevenir e a pôr fim a abusos de direitos das crianças e exigir justiça para aqueles cujos direitos tenham sido violados”.
(o melhor do mundo... são as crianças)
Muito consciente da importância destas ideias e acções, assisti durante o dia às sucessivas palestras de sensibilização, e ouvi deliciada o belíssimo coro integrado da Academia de Música de Vilar do Paraíso, dirigido por Iryna Horbatyuk, e o coro juvenil dirigido por Inês Soares, momentos únicos de melodia, de harmonia, de coordenação, de modernidade, de beleza.
A propósito do que se passa em Portugal, apreciei particularmente a intervenção de Pedro Pereira sobre os direitos humanos das crianças vistos pelas crianças em cujo grupo ele, estudante, parecia ainda integrar-se.
Fui ver a exposição de Marcela Navascués na Vantag da rua D. Manuel II.
E ao observar as obras, fiquei com a convicção de que é preciso, de hoje em diante, esquecer todos os temas alguma vez usados e aceitar as possibilidades imensas da imaginação e da fantasia.
Por alguma razão me lembrei dos mobiles de Calder. Mas nos trabalhos de Marcela, as figuras, não são móveis. Estão apanhadas na teia, pousadas. São figuras imaginadas e coloridas, a três dimensões, fragilmente poéticas. Não são mecânicas, não têm movimento, parecem androides parados e apenas a luz azul lhes dá um certo corpo e uma certa vida.
Há encanto poético e agressividade nas composições: ela quer apanhar-nos na sua teia sedutora como apanha a figura franzina quase sem peso. Podemos pensar que tenta agarrar o vazio como eu procuro prender o silêncio nas minhas palavras.
É o subconsciente que se revela?
É audaciosa a Marcela, tem habilidade e técnica e sabe libertar forças criadoras a que se proclama agora ser muito conveniente entregar-se.
Que sentido do real guardam estas suas teias azuis que só de noite são nítidas? Nenhum, provavelmente.
Ainda bem.
É difícil desejar manhã mais agradável do que esta, depois de dias de tempestade – trovoadas, chuvas, ventos…
Acontece.
Saí e fui levar pão aos patos do lago do parque da cidade que fica em frente ao mar, perto do Castelo do Queijo e da Alvéola dos Pescadores à entrada de Matosinhos. Estavam dois cisnes brancos enormes e o cinzento que, há poucos meses, vi ali bebé.
Aproximaram-se de mim, um tirou-me o pedaço de pão das mãos com alguma sofreguidão e um pedacinho de susto meu. Eu não sabia se ele saberia calcular a sua força de modo a não me apanhar a mão. Não queria ficar sem mão, já agora.
Mas ele sabia.
Eu nunca tinha tido uma figura branca daquele tamanho a avançar sobre mim, com um bico gigantesco, quase colado ao meu corpo. Era pouco o pão que levava, ele só queria isso, nem conversar nem agredir-me.
Virou-me costas.
Decidi abandonar o sítio, depois de tirar umas fotografias pouco esclarecedoras.
E tive outra surpresa: a casa em ruínas que foi da STCP e depois da Escola Internacional Luso-Americana estava finalmente a começar a ser reconstruida ou arranjada de algum modo. Durante anos, lamentei ver aquela casa tão interessante do ponto de vista arquitetónico e histórico a ser devorada pelo tempo, ali no meio da praia à mercê das tempestades e dos maus tratos de muita gente.
Estava a acontecer alguma coisa boa, várias coisas boas, sadias e salutares, naquele sítio, na bela manhã de Outono, cheia de luz, ligeira brisa e temperatura amena. E eu senti o meu coração e a minha mente abrirem-se e vi que as pessoas que comigo se cruzavam eram amigáveis e compreensivas.
Então sorri para elas.
Não existe um mundo da imaginação no espaço e no tempo; mas está sempre um a ser criado com base em sonhos que a todo o momento se desmoronam. Verdadeiramente, os sonhos não vivem nem mesmo no momento em que se criam, porque não são nunca os mesmos que foram sonhados. Poderão aproximar-se sem que se possa verificar se se aproximam.
Que importa?
O que importa é que sejam interessantes, fascinantes se possível. Importa que nos regozijemos com eles. Que não sejam apenas para gozo do autor/sonhador mas também de todos os outros sonhadores/contempladores da obra.
Embora a obra de Marcela seja figurativa, é em si um objecto criado com paixão, "que se vê com luz". É evidente o seu contacto com o real, mas não sofre os constrangimentos da representação porque não está a imitar a natureza… mas está a imitar a natureza numa dimensão que não tem nada a ver com a realidade!
Que realidade pode ser esta, então? Com certeza, vivida e sentida, simplificada, sem hábitos e sem formalismo.
No entanto, tento descobrir o que significa a sua obra.
Compreendo que não se quer destruir a si própria como muita da arte contemporânea que observamos.
Mas há nela 3 dimensões? São 4? Há volumes, há formas coloridas, não há a perspectiva convencional… Há actividade mental controlada pela razão ou orientada pela fantasia? E por uma certa loucura? São estranhas composições onde há harmonia e bom gosto? Luz, sem dúvida?
Há vontade de exprimir a nossa forma de viver num mundo como o actual, de forma inovadora? Pondo em questão valores em que estávamos quase a acreditar?
Quer Marcela seduzir ou surpreender como alguém disse?
O público do Porto parece muito disposto a receber bem as suas obras. A mim, os seus trabalhos “líricos” deixam-me deslumbrada.
Marcela Navascués, nasceu em 1967 em Irun (Guipuzcoa), Espanha.
Começou a sua actividade artística com fotografia, produções de vídeo, e restauração de móveis de arte popular. Apenas em 1998 descobriu a sua verdadeira vocação; a partir dessa data, realizou quase uma centena de exposições, individuais e colectivas, em Espanha, em Portugal e noutros países.
Tem participado em Feiras Internacionais como Arco (Espanha), ArtCologne (Alemanha), ArtLisboa (Portugal), MilanArt (Italia), ArtMadrid (Espanha), Lille2004ARTevent (França).
Fez Instalações no Museu Alberto Sampaio (Portugal), na Fundação Chirivella-Soriano (Espanha), na Fundação Amélia Moreno (Espanha), na Fundação Medinaceli DeArte (Espanha).
E foi bolseira da Casa de Velazquez (Espanha).
No momento, tem uma exposição – instalação na Galeria Vantag, rua Miguel Bombarda e participa na exposição de arte da Vantag, rua D. Manuel II.
Levaram-me ao Museu do Côa. Eu queria vê-lo e queria ver o vale onde ele se integra: fiquei deslumbrada.
Não podíamos estragar aquela beleza de montanhas nem aquela outra beleza de gravuras na rocha, por isso, a construção de um edifício para museu naquela paisagem só podia ser um assunto delicado.
Houve um concurso público, prémios e contrato para projecto. Participou a Ordem dos Arquitectos no Ano Nacional da Arquitectura e ganharam dois jovens arquitectos – Tiago Pimentel e Camilo Rebelo que trabalharam em conjunto e procuraram “responder às carências de equipamentos indispensáveis à promoção de actividades culturais, do turismo e do lazer”.
(Entrada principal do Museu)
Não foi um trabalho fácil – foi um trabalho conseguido porque feito com amor, empenho, persistência, saber: forma de superar obstáculos e realizar.
E como conseguiram! O Museu e o Parque Arqueológico salvaguardam o património cultural da região e da humanidade e contribuirão, se lhes for dada a necessária divulgação, para a sua valorização económica.
São passados dois dias esplêndidos, sábado e domingo, não apenas de sol, mas de bons acontecimentos.
Na Casa de Serralves houve a cerimónia da doação pela família Illing de uma obra de arte de grande valor, em homenagem à sua matriarca Georgina. Tive o gosto de a conhecer e com ela privar durante muitos anos.
Georgina Illing foi uma mulher de grande valor para a família, para a cidade como empresária e para o Museu de Arte Contemporânea que ajudou a criar com Fernando Pernes.
Às 4 horas, a escultura de Aristide Maillol, La Baigneuse Drapée – La Seine, 1921, ficou suavemente verde e nua no Roseiral, muito bem integrada no jardim desenhado por Gréber, um arquitecto que viveu na mesma época do escultor. Podia muito bem ter sido criada propositadamente para aquele lugar.
Às 5, houve um concerto de piano do jovem solista David Saliamonas no Auditório e como parte da cerimónia. Antes de cada peça que abordou, o artista deu a explicação que entendeu acerca da sua interpretação. Isso chamou a cumplicidade do público que apreciou o trabalho e o seu desejo de comunicar.
É um intérprete de grande talento que com enorme e visível prazer, e do público, tocou obras de Scriabin, Chopin e Gershwin. Apreciei em especial as Quatro Mazurkas de Chopin, apresentadas de forma tão diferente do habitual e moderna.
Depois das 6, houve a grande festa de abertura das exposições de arte nas galerias de Miguel Bombarda. No nº. 552, a Vantag estava muito bem representada por Marcela Navascués, exposição “Luz de Amor”; e na Rua D. ManueI II, 320, “RE-CRIAR”, inclui instalações de Marcela e de Paz Amorim, bem como obras dos artistas habituais da Vantag.
No domingo, assisti a um concerto excepcional - À volta do Barroco - pela Orquestra Barroca Casa da Música e Coro dirigidos por Laurence Cummings que tocou também cravo. Ouvi, parte em êxtase, parte em grande entusiasmo participativo, o Messias, de Haendel.
A apresentação foi uma representação. É uma oratória muito popular, baseada em textos bíblicos, não é um drama como é hábito nas oratórias deste autor. O tema é a vida de Cristo, a maioria dos textos é do velho testamento, o que, segundo o prospecto distribuído no dia do concerto, se justifica por serem textos mais conhecidos no tempo de Haendel e por poder ser posto, desse modo, em relevo o facto de ser o povo de Israel protegido por Deus tal como o povo inglês para o qual o autor escrevia.
O coro é predominante e exibe “uma variedade de recursos e efeitos musicais - contrastes de textura”… “e contrastes melódicos, rítmicos e harmoniosos.”
A forma como a orquestra-e-coro se apresentou foi para mim original: eram um corpo só. A entrada em palco foi feita gradualmente: cada elemento entrava e sentava-se no seu lugar onde permanecia imóvel e em tenção, quer cantasse quer tocasse qualquer instrumento, até que a apresentação começou.
É possível recorrer fortemente à imaginação num espectáculo que está a ser apresentado continuamente em concerto desde 1742 até ao presente. E foi divertido porque movimentado e de grande qualidade técnica e emocional - um enorme sucesso na Casa da Música.
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