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No C. L. P. houve ontem a primeira reunião do Clube de Leitura da Associação Florbela Espanca que se propôs "uma leitura crítica e uma reflexão sobre uma obra notável da literatura portuguesa" - Aparição, de Vergílio Ferreira.
Sendo um dos autores que mais aprecio, fui ouvir Rogério Silva falar dele.
O ambiente foi divertido; possivelmente, Vergílio Ferreira não teria gostado. Pude contar as pessoas depois de acalmarem um pouco da agitação em que estavam, e não eram muitas. Tive pena. Não pude deixar de pensar que tinha dado um trabalhão preparar a conversa…
O sol que entrava pelas portas das varandas perturbava a visão das coisas e das pessoas - é possível mudar a posição da mesa de quem se propõe falar voltado para um público de outras mesas. O sol aparece pelas costas do orador que fica em contra-luz escuro. É difícil ver quem está a falar.
Para que o ambiente ficasse mais tranquilo, ou atento a outra coisa que não a agitação, alguém simpaticamente começou a tocar piano. E eu já não sabia se ia ouvir um concerto, falar de Florbela Espanca ou do existencialismo português... Depois meteram-me na mão a Carta do Bar e percebi que havia um consumo obrigatório e que estava num bar. Que coisa, pensei.
Alguém veio limpar o pó (!) e arrumar um pouco as cadeiras, tipo organização no próprio caos.
O piano continuou muito bem a alegrar-me a vida, só me pareceu ligeiramente embaraçada a música e a sequência de músicas, mas não haveria problema, era cenário, só para chamar a atenção das pessoas para o caso que se ia passar.
Ficou uma mesa principal para o orador, uma ou duas mesas com três pessoas cada, outra com uma e algumas sem mesa. Era pouca gente.
O Dr. Rogério Silva, professor de língua e de literatura portuguesa, sabe muito de existencialismo e de Vergílio Ferreira e eu agradeço o trabalho de fazer os outros compreenderem. Não é fácil. Mas o que disse deixou-me muito satisfeita: para além de romances e de diários, eu só conhecia bastante bem o prefácio estruturalista de As Palavras e as Coisas e nessa ocasião tinha-me apaixonado pelo estruturalismo e pelas análises brilhantes de Michel Foucault.
Só quero registar aqui algumas afirmações de Rogério Silva sobre o existencialismo do nosso autor e reproduzir algumas das supostas suas palavras.
Disse que lhe parecia o existencialismo de V. F. uma manifestação genuína e que não sofreu influência de J. P. Sartre, pelo menos a princípio: ele não deve nada nem é inferior ao escritor francês.
O existencialismo era para ele uma religião. Que sentido faço no mundo, pode cada um perguntar. O que é a consciência? A existência não se pode exprimir pela inteligência humana. Quem nasce é ainda nada.
Um homem é um projecto de vida, e é condenado a ser livre; é responsável pelo que é e por todos os homens. É em consequência deste pensamento que sente a angústia.
V.F. não é tão pessimista como Sartre, diz Rogério Silva. A sua característica é o pensamento dialéctico. Ser é agir.
Falo no excesso que o homem é. Não precisa de suporte filosófico. Essa é a sua miserável grandeza.
No fim da caminhada, morreremos.
O homem é o primeiro e o último da sua experiência no mundo.
Isto não serve para mais nada senão para ser homem.
Que milagre é a nossa vida!
Devemos pensar no milagre que é ser homem.
Aparição do eu para si próprio; celebração do encontro do eu consigo mesmo.
A vida é excesso. É preciso entrar na loucura e sair dela. Como pode não existir nada para além da morte?
“Eu? Poderia lá morrer?!” O homem aqui é Deus porque pode matar.
Como justificar a vida em face do absurdo da morte?!
Que fazemos nós na vida? Não se encontra sentido... Que sentido faço no mundo? O que é a minha consciência? Somos objecto de nós próprios. Partiremos da objectividade, como se a existência se pudesse exprimir pela inteligência humana…
… inquietante preparação de si… (Encontrei esta frase nestes meus apontamentos e pergunto-me: será a vida inquietante preparação de si para a morte? É assim que deve ser entendido?).
Mais importante que qualquer outra ideia que tenha sido mostrada na ocasião é a afirmação de R.S.: “A nossa vida é menos pequena quando lemos autores como Vergílio Ferreira”.
Um belo dia: o mar é azul, ligeiríssimamente
ondulado, pleno de barcos brancos e de sol. Os barcos estão colocados,
alfinetados, ali, para ficarem bem no sítio. São de muitos tamanhos e formas,
mas em todos domina o branco cheio de luz. Passam alguns pássaros para nordeste.
A hora avança depressa, cada vez há mais sol e mais barcos destes, o mar enfeita-se
para agradar. É de seda, a superfície, crepe nalguns lugares, perfeitamente
espelhado noutros, e liso, forma desenhos geométricos que não quero entender.
Digo azul, mas quem me diz azul? Não sei de que cor se
trata, não importa, apenas gostava de explicar. Mas, ah… qualquer coisa se vai alterando, afinal... a
cor, não sou tão rápida a raciocinar, e também não tenho termo de comparação.
Que cor, meu Deus, como hei-de dizer? Como hei-de sentir?
É macia, é leve, não é transparente, tem um perfume
acentuado, frisado, forte… esta massa líquida... gosto, e isto é importante.
Alguém vai jogar xadrez com estes barcos, ou será a batalha
naval? Não, nada de batalha, nem mesmo amigável que por vezes se transforma. A
posição das peças não muda, ou talvez mude com tempo... o tabuleiro continua molemente à espera do génio
dos jogadores…
… que se importam mais com a beleza do ambiente do que com a
excelência intelectual dos movimentos do jogo.
Qualquer
um que queira ser honesto consigo e com os outros, enfim, quem aprecie a
verdade, a clareza... tem que confessar que é muito complicado. A situação
económica, social, política no Ocidente é demasiado complexa para se poder ter
no momento um parecer fundamentado sobre ela. E como vivemos em democracia,
convém ter uma ideia, não podemos deixar que os outros pensem por nós e nos
governem.
Quanto
a isto, julgo não haver problemas: todos têm uma opinião ou várias. Podem,
muito bem, ser várias. E uma multidão de gente emite as suas e os seus pontos
de vista lúcidos, embora raramente o grupo veja as mesmas coisas da mesma maneira.
Entretanto, participa de fóruns, de conselhos de estado e de administração, de
entrevistas importantíssimas, de reuniões de alto nível ou cimeiras decisivas de decisões sempre
adiadas, de conversações intermináveis e de confabulações sem sentido... Não
sei se isso é trabalhar, se só nos mandam trabalhar a nós, comuns mortais.
As
convicções são desencontradas, controversas, esquisitas, espantosas,
fantásticas, sensatas. Insensatas também. Sempre complexas, o que significa que
temos dado muita actividade aos nossos neurónios - estamos sempre prontos para
ir mais além no raciocínio, sobretudo, na dedução maldosa. Simplesmente, a
concretização das medidas inteligentes preconizadas para dar solução aos
problemas é delicada de mais.
Talvez
cada um de nós devesse ter interrogado os responsáveis, no caso de saber quem
eram e são. No entanto, tratando-se de um problema que repercute sem fim, quase
sem fim, quem são os responsáveis? É o Homem Importantíssimo de Wall Street ou
são todos os que o seguiram alegremente durante anos? E depois há os
indignados, os à rasca, os contestatários... Contra quem se insurgem?
Pensa-se
em medidas austeras, em memorandos de entendimento, em alteração de tratados,
em recentes planos convincentes e cumprimento de metas, em resgate de dívidas e em reforço do fundo de resgate...
Os
bancos são pestes de todo o tamanho? Que é feito da confiança dos mercados? Que
importância têm as agências de "rating" e as instituições
internacionais? Acaba-se a moeda única?
De
que é que estamos a falar?
Vivemos
um caos de palavras e de ideias, um inferno de sentenças e de promessas. Será
necessário destruir tudo para (re)construir? Destruir sem possibilidade de
novas sementes do mal fazerem renascer as velhas "plantas"?
Os políticos de profissão têm obrigação de lutar e estão verdadeiramente empenhados em criar uma união europeia. Ou apenas em encarar o que alguns consideram a realidade: essa Europa é uma velha ideia romântica que os próprios mercados irão destruir antes que os nacionalismos e a violência o façam (profecia do deputado europeu e britânico Nigel Farage).
E
que tal construir um mundo em que os valores humanos tenham a maior
importância? Talvez alguém queira, é preciso que alguém se interesse ainda por que lhe indiquem como viver se quer desenvolver as suas
qualidades humanas, se quer ser um melhor ser humano. E, já agora, que
"respeite as leis e os outros, o contrato social e o bom uso das
liberdades".
Eu
estou interessada, não estou a fazer um novo juizo.
Nunca mais chega desse estranho lugar, onde tem estado horas e horas sem fim. Anestesia geral,
operação, recobro... Saiu do quarto antes das três... são seis.
É quase
noite no mar. Do meu conhecimento, não é neste lugar que o Sol se põe.
Aqui,
no momento, vejo o Sol de rastos sobre as pedras da calçada, pálido e
cansado. Daqui a nada é escuro.
Depois de muitos instantes, o Pedro regressou dorido,
ensonado, arrasado, às quase dez. Tive
tanta pena…depois de tudo por que tem passado…
Provavelmente, a noite vai ser crítica. Vejo a cadeira
de rodas no quarto, esperando oportunidade de ser útil e a Maria João tentando ocupar-se.
O médico tinha vindo explicar às sete: vai ficar tudo
bem, tem que ter uma vida tranquila nos próximos três meses, depois…
São dias difíceis estes, se bem que deva analisar tudo
o que aconteceu e tentar descobrir o que daí resultou de bom.
É delicado – descobrir o que resultou em força, em
coragem e em proveito para além da perda? Depois de todas as perdas?
Há-de haver, garantem
as minhas recentes leituras, como “a melhor maneira de viver” de Og Mandino: “ficará espantado com a frequência com que transformará uma
derrota certa numa vitória. É preciso “dedicar algum tempo a descobrir o que
poderá haver de benéfico nesse problema”. "Os campeonatos são ganhos por quem
aprendeu a lidar com a adversidade”.
Talvez.
Estamos
num hospital da Parede, casa velha e bonita numa zona agradável junto do mar.
Porém,
nitidamente decadente.
Gostaria de ver renovada a
pintura das paredes e substituídos os azulejos já algo corroídos. Serão gastos
incomportáveis para um hospital? Ou não são necessários?
Mas estavam lá de princípio,
foi considerado importante apresentar o edifício bem arranjado, moderno, além
de funcional. Talvez prefiram deitar abaixo azulejos art-déco atraentes, vagamente coloridos, ambiente perfumado de
flores simpáticas, sofisticadas, quadros “naif” e reproduções de desenhos de
Almada.
A casa, a meu ver, foi bem arquitectada
agora com pedras consumidas no terraço interior, espécie de claustro onde se
debruçam as pessoas para o jardim, em baixo: por isso as pedras estão
consumidas. O chão é de tijoleira cor-de-rosa e verde.
Telhados verdes, telhados
amarelos, telhados vermelhos e outros sem cor definida; palmeiras de várias
raças, relvados nem muito verdes nem regulares e céu azul azul… é o que observo
da janela do quarto para além de espirradeiras de flores rosa pálido e rosa
intenso, esplêndidas.
O Pedro veio desactivar o
material que trazia na perna e no braço desde que se espatifou por dentro e por
fora na Córsega há um ano e meio. Desde que vieram contra ele naquela estrada
de montanha.
É tanto metal, tantos
parafusos, tantas placas... tem que passar a funcionar sem esses apoios. Não
irá desmoronar-se?
Uma viagem de quase três horas por terras tão
investigadas e populares, tão conhecidas... … dá bem tempo para inventar uma
história e para escrevê-la. Tempo e espaço. Era esse o meu desígnio, mas muitas vezes, as
coisas não acontecem como as projectámos. Sai tudo enviesado, torcido, oblíquo,
a começar pelo lápis sem bico e por esta caneta vazia ou que se recusa a
escrever por alguma razão desconhecida.
Sai tudo entrecortado da minha bela caneta
azul Saint-Honoré!
Olho para o ecrã do televisor instalado no
tecto da carruagem e vejo um farol colorido de ideias. Farol de ideias, mas
dali não sai nenhuma para mim. E depois acontece como sempre nestas viagens: um
senhor vem amavelmente ensinar-nos a cozinhar no meio de grande verbosidade e
bonita paisagem como fundo.
Ao meu lado, está uma revista aberta e
leio:” Se viveres a vida como se cada dia for o último, um dia terás razão”, em
letras gordas, a vermelho, de um lado ao outro de duas páginas. Quer dizer que
vai haver um último dia? Alguém tinha dúvidas?
O Sr. Cozinheiro continua implacavelmente a
cozinhar, está a fazê-lo sobre uma mesa coberta de pano verde e o que parece uma larga
escadaria por trás. Ele corta com grande perícia e uma faca monumental sobre
uma tábua, corta vários elementos que junta numa panela vermelha. Nunca levanta
a cabeça. Julgo que tem óculos escuros, mas não tenho a certeza, podem ser
espessas sobrancelhas negras.
Desisto da caneta, não consigo decifrar o
que escrevo. Encontrei outra anã e que não deve nada à beleza e digo,
continuando a observar o ecrã, é um cozinhar monótono, sem qualquer entusiasmo
nem preocupações estéticas nem… quais serão as suas preocupações? Culturais? O cozinhado
dá vómitos.
Junta polvo com a mistura molhada do que
esteve a cortar e que parece ser de frutas vermelhas e rosadas e beges
mastigadas. Polvo em caril, anuncia. E eu penso, deve ser bom, devia ter
prestado mais atenção.
Afinal trata-se de mostrar que vinho vai
bem com o caril. E talvez com a paisagem.
Falta meia hora e não escrevi a minha
história. O ambiente não é inspirador, nem mesmo uma história
magrinha, transparente, uma de bailarina, por exemplo.
Bailarina no comboio? Bailarina só ossos
clássica, a dançar em pontas nos corredores do comboio Porto-Lisboa? Parece
original. Talvez os balanços ajudem os
movimentos do seu corpo, não tenha que fazer tanto esforço, saia uma coisa
diferente, leve, com pouca cor e música igualmente pálida e elegante.
Suspiro fundo. Relembro, ainda uma vez,
palavras de Agustina:”Eu nasci para falar de todas as coisas como se elas não
tivessem voz. Assim faço.”
E eu? De que falo?
(imagem da internet)
Shirley MacLaine foi uma actriz de cinema de Holywood de invulgar talento que recebeu todos os grandes prémios possíveis pelas suas interpretações. Desde há vários anos tem-se dedicado à escrita, vinte livros publicados, alguns serão bestsellers.
Sei que vive uma vida retirada dos grandes centros de confusão, tranquilamente, num grande rancho - 3.200 hectares - numa casa de adobe com uma vista fabulosa para todo o mundo em redor, na companhia única de uma pequena cadela.
Vi ontem em parte num programa da famosa Oprah uma longa entrevista à Shirley com uma visita ao seu rancho panorâmico que me deixou encantada com os lugares que prefere e com as suas ideias, decerto expostas nos livros que tem publicado e que nunca li.
Alguns dos seus pensamentos, podem dar-nos uma boa ajuda para vivermos melhor neste mundo cada vez mais complicado e de tal modo que pouca gente saberá ainda o que quer, o que pensar, o que é e o que poderá ser o seu futuro, o nosso, o da Europa, o do Planeta.
Ela acredita, sem parecer levar-se muito a sério, em extraterrestres, em ovnis, em reencarnação... em tantas coisas que estamos habituados a considerar como extravagâncias e irracionalidades...
O que me parece é que tem uma grande abertura de espírito que será o que cada um de nós necessita ter para se sentir bem no mundo actual.
Poderá Shirley MacLaine ter dito:
Aprendi a render-me à divindade sofisticada (que está dentro de mim).
Somos mais do que parecemos ser.
Devemos equilibrar espiritualidade e tecnologia e ensinar espiritualidade às crianças, não religião. Ensinar um Deus mais espiritual que religioso.
Não acredito apenas no que é possível provar, demonstrar, mas acredito em intuição, clarividência, audiovidência, psiquismo...
Muitas coisas são agora claras para mim, desde que abandonei a maior parte daquilo com que me importava, "I'm over all that", não me importo com quase nada, mas continuo curiosa.
Não me importa o que os outros possam pensar de mim...
Já não me esforço por agradar.
Necessitamos de nos desapegar de bens materiais, seguir caminhos espirituais e meditar com a comunidade, comunicar com a comunidade, partilhar com a comunidade...
Se eu estiver confortável comigo... que me importa o que os outros pensam de mim?
Agora estou confortável comigo.
Aqui na varanda de Serralves, tento encontrar o espírito do
lugar. O que é que isso pode ser? Interrogo-me antes de mais. Não sei o que
pode ser. Aqui domina o pensamento do arquitecto, isto é, o seu génio. É um seu
projecto de autor, o que é cómico dizer-se.
É o seu génio não apenas no sentido de Aldo Rossi nem sequer
apenas no sentido de "características socio-culturais, arquitectónicas, de
linguagem, de hábitos que caracterizam o lugar" frequentado por todos os
portuenses.
Todos os projectos têm um autor, mas este é especial e eu
sinto-o como génio quase sempre quando aqui venho, desde que não seja uma
grande festa cheia de ministros e de presidentes. Se for um dia tranquilo como
o de hoje com uma temperatura de fantasia, qualquer coisa desconhecida e que está
a acontecer este ano no Porto, se for um dia assim, sou aqui visitada pelo
espírito do autor do projecto que paira por aí como certas figuras nos quadros
de Chagall.
Certas figuras que se parecem com espíritos dos lugares
bons. Como viveríamos nesta cidade antes de ser povoada por estes bons
espíritos com forma colorida? Que tristonha sem o Siza Vieira e sem o Museu de
Serralves e sem qualquer dos seus projectos leves, limpos, suavemente coloridos
e naturalmente doces? Como seria a cidade?
Ainda e sempre trabalhadora e cinzenta ou romântica e húmida
à maneira do século XIX, ignorando o que nos tem sido dado a conhecer por
esta sua casa?
Estou feliz só de estar aqui, agora na Biblioteca esperando
pela apresentação do livro sobre Marques
da Silva, herói da cidade, outro arquitecto do Porto.
Adoro estas belíssimas lâmpadas azuis como gotas gigantescas
com 2 ou 3 amarelas… São 7 amarelas (cada vez que conto é um número diferente),
sempre achei que eram produtos usados em magia ou resultantes de manobras
mágicas. Olho para elas acesas como se fossem estrelas que cintilam e nunca me
desiludem. Penso que estão acesas apenas um décimo delas. Mas é o suficiente
para iluminar… Não precisamos de muita luz – só que não gostamos de esperar
trinta minutos pelo começo da apresentação.
E isto não devia acontecer com pessoas atarefadas que aproveitam
todos os minutos para trabalhar ajudando o País. Aí está a desilusão.
Estive ontem no concerto de abertura de mais um ciclo de concertos no Salão Árabe do Palácio da Bolsa que pertence à Associação Comercial do Porto de que é presidente o Dr. Rui Moreira.
A Instituição tem sido dinâmica a "promover o mérito e a ilustração" dos portuenses e, mais uma vez e agora sob a direcção de Filipe Pinto-Ribeiro, nascido no Porto, apresenta um concerto de câmara no Salão Árabe com artistas portugueses e estrangeiros, sempre de excepção.
Há ainda um objectivo bem definido. Entende-se que a arte tem neste momento um papel por de mais importante: ajuda "através da harmonia a contrariar a angústia e as agruras que afligem a nossa sociedade", nas palavras de Rui Moreira. Promovendo a cultura e a arte, a Associação Comercial está a cumprir a sua missão de cidadania.
É bom ver estas palavras no programa do concerto e ouvir o prelúdio de abertura do Presidente da Associação no seu pequeno discurso sobre O Futuro da Europa, de que espero poder falar noutra ocasião.
(Não são extraordinárias estas imagens? Com cabeças brilhantes em 1º plano?)
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