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Vou mostrar-lhes mais algumas fotografias da Cidade de que nos devemos orgulhar - é de todos os Portugueses.
Como combina esta luz dourada a espreitar de trás do edifício com as árvores em frente e dos lados?
Isto é o chão no Rilvas.
E o chão em dois pontos quaisquer da cidade.
Ao entardecer...
Um túnel lilás.
Também há patos, afinal... na capital.
E edifícios extravagantes...
Além dos clássicos que eu tinha aqui e eliminei. Juro que tinha, rodeados de árvores gigantescas roxas ou azuis ou o que seja. Eliminei e fui buscar mais jardins.
Este dá possibilidade de fazer exercícios de ginástica além da caminhada ou do passeio.
E até logo.
Ia com aquilo na mente. E ainda antes de entrar na cidade, no comboio, vi
dois ou três, jovens e com os botões ainda a abrir. Dei de cara com eles e
fiquei radiante. Vou vê-los no seu esplendor! Ainda estão a começar.
E pronto. Toda a gente a quem contei me disse que o momento melhor tinha passado,
mas não me importei. Nem que eu tivesse de fotografar e de admirar o mesmo
jacarandá durante vários dias, o mesmo, o mesmo, um só, fotografá-lo de todos os
ângulos, nem nada disso me poria infeliz e descontente: estava na cidade dos
jacarandás.
E desatei a captar si bien que mal as árvores roxas mas também as amarelas e
as brancas e as vermelhas. Que cidade e que jardins!
E que clima tão favorável a uma Primavera quase perpétua! Quase… por que houve um ano de 1755,
uma vez … mais nada.
É tempo de começar a mostrar-lhes (Gostava de ser fotógrafa
e de ter uma máquina competente que registasse também o perfume). Mas não.
Amanhã apresento o chão, cheio de tapetes coloridos.
A minha amiga Ana Osório tem uma quinta perto do Porto, em
Lousada - a Casa de Juste. Há anos, passei ali uns dias maravilhosos de
tranquilidade, rodeada de pequenas coisas belas que me seduziram a mais não
poder ser, desde a música ao pequeno almoço, muito melhor de efeito do que
qualquer comprimido, aos meus amigos patos no lago e às flores dos canteiros
tratadas com o carinho que merecem. Apreciei o que Ana e o seu marido Fernando
Guedes têm feito ali.
Depois de uma vida citadina decerto agitada, decidiram ir
viver para a Quinta, fazer dela a sua casa e as actividades a ela ligadas, a sua
razão de viver. Gosto muito da casa antiga que é um velho solar de pedras
musguentas e do jardim e dos cisnes negros, aguerridos defensores da casa e dos seus filhotes cinzentos, amorosos; e
dos pequenos patos castanhos que estão sempre a nascer e de cada vez nascem
mais bonitos, com os mais belos e sofisticados desenhos na plumagem. E gosto da
forma como recebe em regime de turismo de habitação.
Depois disso, todas as Primaveras, digo que vou lá ver as peónias ou peonias que ela tem em duas filas de um lado e do outro de uma larga
avenida. São todas da mesma cor... de rosa, porque são mais bonitas e muito mais
convenientes. Este ano, há duas semanas, a Ana telefonou para que as fosse ver,
estavam em plena floração, exuberantes e o seu perfume espalhava-se pelos
arredores.
Venha! disse ela.
E eu fui, não naquela semana, mas na seguinte. Telefonei antes.
Tinha havido um alerta amarelo e a maior parte das flores tinha sido colhida,
receando que a chuva e o granizo atirassem as preciosas pétalas ao chão e ficassem
inutilizadas para o chá.
Não houve espectáculo de peónias, portanto, aquele de que falo há anos
e a que nunca assisti.
Por outro lado, há uma lojinha na Quinta que vende os produtos ali nascidos e mais alguns, todos especiais. Ali são confeccionadas bolachas e compotas que se podem comprar também nas lojas “gourmet” das cidades.
Vende casais de cisnes negros.
Na tarde da nossa visita, um elemento do casal-a-ser-vendido tinha voado e não se sabia se
voltaria a tempo de o negócio ser finalizado, isto é, quando o comprador
voltasse para levar o par.
Ana Osório é muito empreendedora, faz render a Quinta, gosta
deste trabalho que realiza com as suas colaboradoras (e a ajuda do marido que
tem as suas tarefas) na casa, na cozinha, no jardim, na loja… tirando proveito
de tudo, como se nunca tivesse feito outra coisa na vida. É uma empresária
feliz, bem-disposta,
alegre.
Trouxemos bolachas, compotas, cogumelos, e muitos sorrisos
que tratamos de derramar pelos nossos sítios.
Mas onde estão as minhas peónias perfumadas e lindas?! Imponentes?
Que eu desde há vários anos espero admirar no mês de Maio de cada ano? As que
espero chegar a tempo de ver?
E assim fui para Lisboa, ver os jacarandás.
"É preciso procurar o sentido das coisas" (C. G. Jung)
Quando eu era criança, queria ser uma estátua. Não por não
ter de obedecer, nem pela imobilidade, pela ausência de voz, ou de ouvido, mas
justamente porque a imobilidade delas se me afigurava aparente, e o silêncio,
de repente, podia muito bem ser quebrado. Como o seu sangue cinzento, igual ao
nosso, o português, podia colorir-se de vermelho com uma pincelada.
Era capaz de permanecer tempos infinitos diante de uma
estátua, fixando-a, tão imóvel como ela, e acabar por vê-la sorrir-me ou
pedir-me uma coisa. Um dia, uma senhora-estátua de um jardim sombrio do Porto,
pediu-me um espelho, porque aquele que segurava na mão era de bronze, e ela não
se via reflectida nele.
- "Só me cansa ter um espelho de bronze, onde nada
vejo. Se ao menos eu tivesse um espelho a sério, poderia ver-me, ver o céu, os
pássaros, as árvores, e as pessoas à minha volta. Sentiria o tempo a passar.
Porque assim, não sinto, e é como se estivesse esquecida do mundo, perdida para
todo o sempre. Como podemos viver sem receber o reflexo de tudo o que nos
rodeia? É como estar fechada num quarto escuro, num túnel sem saída."
Figuras mudas desta cidade, deste País, desçam dos vossos
plintos de granito, e falem!
Mónica Baldaque
No dia 2 de Maio p.p, Mónica Baldaque inaugurou uma exposição de desenhos de estátuas no Clube Literário do Porto que estará até 17.
Figuras Mudas é o título da exposição a que se refere também o belo texto do desdobrável que aqui publico.
Mónica trabalha na apresentação do seu livro mais recente. Espero dar muito em breve uma notícia sobre essa apresentação.
Estive em
Navarra, em casa de Henrique, o Grande, o primeiro rei Bourbon. Gostei de ver o
Castelo, apreciei a cidade onde tinha ficado há muitos anos, em circunstâncias
especiais. Iniciáramos uma viagem à Suíça, onde o meu marido ia representar os
trabalhadores portugueses na Organização Internacional do Trabalho que todos os
anos se realizava em Genebra.
Decidíramos
ficar já em França na primeira fase da viagem. Chegámos muito cansados, directos do
Porto a Pau, de automóvel. Procurámos o parque de campismo - nunca tínhamos
feito campismo - que encontrámos no completo escuro e constatámos ser um
desastre completo. Para começar, nada mais estimulante!
Não vou dar
pormenores daquela experiência, mas recordo que andámos sem luz, em fila, de
martelo em punho e em riste, pijama e chinelos, prontos a enfrentar inimigos
que nos iriam assaltar na nossa tenda mais que precária e mal montada. Mas ouvíramos
uns estranhos ruídos…
Não sei a que
propósito me lembrou agora o Astérix e a nossa figura de guerreiros primitivos
e um tanto ridículos! Vamos esquecer ou rirmo-nos com a cena nocturna, como der
jeito.
No dia seguinte,
levantámo-nos cedo e seguimos viagem. Da cidade, pouco vimos e não ficámos a
conhecer. Agora pareceu-me olhá-la pela primeira vez. Estive a consultar a história
de Henri, o Grande, o Bom - o seu Castelo, o seu enorme berço, onde, se se
corressem as cortinas cor de sangue e pesadas, ficava a criança hermeticamente
fechada e sem frio, o quarto da mãe, as suas coisas, as salas de jantar e de
banquetes com as mesas de bela madeira escura polida e o design adequado, forma
adaptada à função, a vista esplendorosa das janelas com o sol a entrar, o pátio
invulgar...
Que bonito tudo
isto!
Henri foi o IV
de França, III de Navarra, e achei a sua, uma vida complicada, cheia de
conflitos mas também de amores e de filhos e de esposas e de amantes, de
convicções sem ou com convicção... essas coisas.
Pude ver na sua
expressão (se bem que com um nariz esquisito) um ar bondoso e agradável, era um homem de guerra mas também um
diplomata clarividente e seguro, um "déspota esclarecido", segundo as
informações aqui colhidas. Era eficaz a dirigir os seus homens, mas transigente
num tempo de fanatismo religioso. No entanto, aconteceu o massacre de S. Bartolomeu
em que morreram 3.000 pessoas numa noite em Paris em lutas por motivos religiosos. Sendo de princípio huguenote, achava
sensatamente que podia converter-se ao catolicismo e renunciar ao catolicismo
conforme as conveniências. (Não tem nada a ver com Deus mas com doutrinas). É dele a frase célebre "Paris vaut bien une
messe".
Sonhava dar
liberdade religiosa a uns e a outros, quero dizer, a católicos e a protestantes
– assinou o Édito de Nantes - e foi assassinado em Paris por um fanático
religioso católico que não estava programado para compreender subtilezas…
Tendo vivido
oito anos da sua infância com pastores, raptado e escondido no meio deles por sua mãe, pôde ser tantas coisas diferentes e
continuar bom e popular. Talentoso e preocupado com o bem-estar económico dos seus
súbditos? Parece que sim. Está entendido que trouxe a prosperidade, depois de trinta anos de guerra e de pobreza, a
França a que uniu o seu berço – Navarra.
Gostei de
recordar o que em tempos tinha estudado sobre esta parte da História
para não fazer a figura desesperante daqueles nascidos depois do 25 de Abril em Portugal que
foram há dias interrogados na rua para a TV, julgo, ou não sei para quê. Mas está no YouTube, se quiserem ver, é um lindo video, dramático, de pesadelo. As pessoas, em geral bastante jovens mas adultos, não faziam a menor ideia do
que aconteceu nesse dia de 1974, quem foram os festejados heróis nem quem tinha sido Salazar. Não parecia terem qualquer curiosidade acerca do que ocorreu um pouco
antes de chegarem a este mundo. E do que sucede à sua frente a mais de três
centímetros do nariz quanto mais do que aconteceu há 34 anos! Isso são
velharias, interessam a quem? Mas naturalmente estou errada, me perdoem.
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