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OUVIR FALAR AMAR

por Zilda Cardoso, em 13.04.11

É o título do livro que foi lançado em Lisboa há dias, está nos escaparates nos tops de vendas, com primeira edição quase esgotada, no momento, a caminho da segunda.

 

Os autores, Laurinda Alves e Alberto de Brito, merecem estar radiantes com o sucesso. O livro tem um tema atraente - Relações humanas e comunicação inter-pessoal - e, para o discutir, não há pessoas mais habilitadas do que os autores do livro. A Laurinda Alves é por de mais conhecida de todos nós. Alberto de Brito, vai ser nomeado brevemente Provincial da Companhia de Jesus, volta a Portugal donde há vários anos saiu para ocupar cargos importantes. É licenciado em Filosofia e em Teologia.

 

O apresentador do livro é o Professor Sobrinho Simões, cientista que nos vai surpreender com a sua análise. Tirou o seu primeiro curso de medicina na Universidade do Porto e hoje tem um curriculo como professor e investigador na área da patologia e da biologia celular absulutamente invulgar.

 

É um privilégio para todos nós, ter a possibilidade de assistir e participar hoje, quarta feira, na Livraria Leitura, no C. C. Cidade do Porto, às 18.30h, a este acontecimento de luxo, como alguém já lhe chamou: vai ser uma apresentação de grande nível cultural.

Até logo.

 

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publicado às 11:22

As duas cidades

por Zilda Cardoso, em 12.04.11

 

 

 

 

 

 

O meu lugar… são duas cidades distintas, não distantes. Numa
vivo com alegria ao sol e ao calor ameno. Na outra que me dizem ser a mesma,
pelo menos têm a mesma história, há um vento arrebatado que me empurra para
fora dela. Como hoje.

 

Não gosto desta, mas não posso viver na outra sem esta. Não
ao mesmo tempo, em tempos diferentes...talvez. Mas se sair de uma, saio da
outra. Para sempre.

 

Sinto a presença da cidade soalheira mesmo na sua ausência. Regozijo-me
de igual modo quando não está.

 

Mas estou desesperada hoje, não vivo em lado nenhum. Seria
viver o estar encafuada num sítio murado a toda a volta e por cima, sem janelas…?
É que esta é a cidade do vento lá fora. Sem cores e sem acontecimentos. Com
recordações apenas do que foi visto ou sentido de qualquer modo antes. Que
posso observar de novo? Para reflectir, para meditar? Que posso dizer sobre o
mundo em redor de mim? Escuro, nada.

 

O melhor é estar fora e ser impulsionada pelo vento. E
quando ele se for, fruir os acontecimentos, como se fosse a primeira vez, como
se nunca os tivesse sofrido antes. Procurar a diferença.

 

  

 

 De que modo usufruiria eu esta cidade maravilhosa se a outra, a do vento, não tivesse vindo mostrar como poderia ser se não fosse assim?

 

 

 

 

 

O que se vai afundar? pergunto eu, seguindo a imagem...

  

Conseguiria reinventá-la se a perdesse, torná-la possível?

Tornar possível... o quê? O Lugar? A Cidade? A Vida? (como quereria Cecília Meireles).

 

 

 

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publicado às 17:01

O Branco Brilhava no Mar

por Zilda Cardoso, em 09.04.11

 

 

 

 

Só em casa

Senti-me só.

Saí.

O sol brilhava

Branco e frio

Brilhava no mar

Como um raio de luz

Um feixe num espelho

Ou sobre cristal gelado.

 

As ondas prolongavam-se

Até à praia

Cheia de garrafas e trapos e latas

A praia velha de areia

Do fim do dia.

 

O homem nu e descalço

Veio das rochas

Envolvendo-se num manto

Brilhante e dourado

Que o vento desenrolava

Impaciente.

Passei e ele nem me viu

Comecei a sentir

O frio de Abril

E a desilusão

De ainda ser Abril

E não como pensei

Todos estes dias

De calor e sol

Escaldante e descabido.

 

Deixei a beira-mar

Apertada ao casaco de Agosto

Caminhei para casa apressada

Com o caminho crescendo

Para norte em frente

E tive a impressão

De que se me voltasse

E caminhasse

Nesse novo sentido

para sul a mim

O caminho cresceria

Para o lado oposto

E o lugar não chegaria nunca.

 

Não sei como mas apareci.

As dores tinham  abalado

Aqui aconchegada agora.

A água saía cálida

Da torneira fria.

Aqueci o chá de camomila.

 

Uma hora depois

Só escuro sobre o mar azul

Escuro reflectido

No céu azul muito claro

E tão só.

Tudo tão só

Lá fora

Como cá.

Abandonado.

 

 

 

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publicado às 21:17




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