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É o título do livro que foi lançado em Lisboa há dias, está nos escaparates nos tops de vendas, com primeira edição quase esgotada, no momento, a caminho da segunda.
Os autores, Laurinda Alves e Alberto de Brito, merecem estar radiantes com o sucesso. O livro tem um tema atraente - Relações humanas e comunicação inter-pessoal - e, para o discutir, não há pessoas mais habilitadas do que os autores do livro. A Laurinda Alves é por de mais conhecida de todos nós. Alberto de Brito, vai ser nomeado brevemente Provincial da Companhia de Jesus, volta a Portugal donde há vários anos saiu para ocupar cargos importantes. É licenciado em Filosofia e em Teologia.
O apresentador do livro é o Professor Sobrinho Simões, cientista que nos vai surpreender com a sua análise. Tirou o seu primeiro curso de medicina na Universidade do Porto e hoje tem um curriculo como professor e investigador na área da patologia e da biologia celular absulutamente invulgar.
É um privilégio para todos nós, ter a possibilidade de assistir e participar hoje, quarta feira, na Livraria Leitura, no C. C. Cidade do Porto, às 18.30h, a este acontecimento de luxo, como alguém já lhe chamou: vai ser uma apresentação de grande nível cultural.
Até logo.
O meu lugar… são duas cidades distintas, não distantes. Numa
vivo com alegria ao sol e ao calor ameno. Na outra que me dizem ser a mesma,
pelo menos têm a mesma história, há um vento arrebatado que me empurra para
fora dela. Como hoje.
Não gosto desta, mas não posso viver na outra sem esta. Não
ao mesmo tempo, em tempos diferentes...talvez. Mas se sair de uma, saio da
outra. Para sempre.
Sinto a presença da cidade soalheira mesmo na sua ausência. Regozijo-me
de igual modo quando não está.
Mas estou desesperada hoje, não vivo em lado nenhum. Seria
viver o estar encafuada num sítio murado a toda a volta e por cima, sem janelas…?
É que esta é a cidade do vento lá fora. Sem cores e sem acontecimentos. Com
recordações apenas do que foi visto ou sentido de qualquer modo antes. Que
posso observar de novo? Para reflectir, para meditar? Que posso dizer sobre o
mundo em redor de mim? Escuro, nada.
O melhor é estar fora e ser impulsionada pelo vento. E
quando ele se for, fruir os acontecimentos, como se fosse a primeira vez, como
se nunca os tivesse sofrido antes. Procurar a diferença.
De que modo usufruiria eu esta cidade maravilhosa se a outra, a do vento, não tivesse vindo mostrar como poderia ser se não fosse assim?
O que se vai afundar? pergunto eu, seguindo a imagem...
Conseguiria reinventá-la se a perdesse, torná-la possível?
Tornar possível... o quê? O Lugar? A Cidade? A Vida? (como quereria Cecília Meireles).
Só em casa
Senti-me só.
Saí.
O sol brilhava
Branco e frio
Brilhava no mar
Como um raio de luz
Um feixe num espelho
Ou sobre cristal gelado.
As ondas prolongavam-se
Até à praia
Cheia de garrafas e trapos e latas
A praia velha de areia
Do fim do dia.
O homem nu e descalço
Veio das rochas
Envolvendo-se num manto
Brilhante e dourado
Que o vento desenrolava
Impaciente.
Passei e ele nem me viu
Comecei a sentir
O frio de Abril
E a desilusão
De ainda ser Abril
E não como pensei
Todos estes dias
De calor e sol
Escaldante e descabido.
Deixei a beira-mar
Apertada ao casaco de Agosto
Caminhei para casa apressada
Com o caminho crescendo
Para norte em frente
E tive a impressão
De que se me voltasse
E caminhasse
Nesse novo sentido
para sul a mim
O caminho cresceria
Para o lado oposto
E o lugar não chegaria nunca.
Não sei como mas apareci.
As dores tinham abalado
Aqui aconchegada agora.
A água saía cálida
Da torneira fria.
Aqueci o chá de camomila.
Uma hora depois
Só escuro sobre o mar azul
Escuro reflectido
No céu azul muito claro
E tão só.
Tudo tão só
Lá fora
Como cá.
Abandonado.
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