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A tempestade

por Zilda Cardoso, em 28.02.10

 

 

 

Mas, eu... por que havia de acreditar?

"As tempestades ocorrem quando a atmosfera se encontra  termodinamicamente instável, há energia potencial disponível para ser convertida em movimento de ar ascendente dentro da nuvem e descendente fora da nuvem (na forma de uma célula de circulação), e quando há convergência do vento em superfície, por exemplo, junto a uma frente de rajada de brisa marítima durante o período convectivo". Estas e outras complicações estão na Wikipedia.

É mais entendível que sejam batalhas de deuses, o que nos últimos dias aconteceu aqui e um pouco distante daqui. Deuses zangados e em luta sem explicarem por que se zangaram e por que lutam. O aspecto visual do lugar com tempo instável e desorganizado era aterrador ontem à tarde. Dentro de casa, lutei com o vento que tentava abrir as janelas e as portas, empurrava as, decerto frágeis, vedações e semeava o pânico.

Imaginem que conseguia entrar! Imaginem que fazia corrente com as janelas de trás ou rodopiava aqui dentro e levava todos de enxurrada pelos ares para o ar e para o mar e por aí! Imaginem o mar... que devia ser meu amigo... com aquela cor fechada, chumbada.

Decidi sair, abandonar este sítio caótico incrivelment ruidoso e ir vê-lo de mais perto.

 

Estão aqui algumas imagens do Jorge Cardoso que me acompanhou nesta jornada.

 

 

 

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publicado às 14:22

Agustina e Mónica

por Zilda Cardoso, em 27.02.10

 

 

O encontro de escritores de expressão ibérica que se realiza na Póvoa de Varzim desde há onze anos, é uma verdadeira festa de literatura que tem ganho importância e apoios com o passar dos anos.
Os eventos sucedem-se desde 4ª feira, 24 de Fevereiro, e terminam hoje à tarde no Auditório Municipal com entrega de prémios – o do Casino da Póvoa, o da Papelaria Locus e o da Porto Editora para conto infantil ilustrado.
Além da sessão inaugural com a Ministra da Educação, que prometeu alargar a rede das bibliotecas ao 1º ciclo e aos jardins de infância, porque “é necessário estimular a leitura nos jovens”, houve nesse dia o anúncio dos prémios que hoje serão entregues.
As outras manhãs e as tardes foram ocupadas com lançamentos de livros - verdadeiras tertúlias, mesas com temas interessantes e poesia; e paralelamente uma feira e sessões nas escolas.
Momento importante ainda na sessão inaugural foi o do lançamento da revista Correntes d’Escritas 9 dedicada a Agustina Bessa-Luís.
Inês Pedrosa, num belo artigo publicado na revista e intitulado “A poesia carnal de Agustina” e outros autores que a conhecem e que entendem a sua obra como Laura Bulger, Catherine Dumas, Carlos Quiroga e Mónica Baldaque fizeram a sua evocação.
Se bem que não tivesse estado presente em nenhum dos dias, posso dizer, pelo que li na revista, o que mais me tocou foi o artigo da pintora Mónica Baldaque. É um documento precioso de quem conhece bem a homenageada desde que se conhece.
Mónica Baldaque propôs-se falar de um livro que considerou “uma jóia de família”, um bem de alguém que pertence a todos. É “a memória familiar de uma avó”,  O Chapéu das Fitas a Voar que julgo ter ilustrações suas.
“É de histórias de infância que este livro trata. Das memórias dos lugares, das casas, das pessoas, das relações de descoberta entre todos e dos destinos que as aproximaram e as afastaram”.
“… reconheço todas as personagens que por lá passam. Podem mudar de nome, de relação de parentesco, mas eu conheço-as, e todas são figuras que passaram pela vida da minha mãe, e quase todas pela minha.”
Mónica Baldaque fala com emoção das histórias que ouviu e que são as mesmas de que fala a sua mãe nos seus livros para crianças e nos outros.
Mónica finaliza com palavras de Agustina. 
“Felizes os que chegam a uma idade longa com as recordações dos primeiros anos. Porque nada melhor que a companhia dessas memórias para nos fazer acreditar na imortalidade”.
 

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publicado às 11:35

AS HORAS, de Cunningham

por Zilda Cardoso, em 20.02.10

 

 

 

Há um livro de Michael Cunningham que com alguma frequência volta para a minha mesa. Releio então alguns capítulos e encho-me de admiração pelo autor. É um livro bem estruturado literariamente, de modo muito complexo.
É necessário talento e intensa concentração, copioso trabalho de investigação  para produzir uma obra de alta qualidade sem desvios, sem erros. Tão magistralmente e simplesmente escrito.
A mestria começa no prólogo em que é relatado o suicídio de Mrs. Woolf como se alguém, o autor, a tivesse acompanhado e conhecido as suas sensações até ao último segundo de vida. Conta como caminhou de sua casa até ao rio, “segura do que vai fazer, mas mesmo assim… sente-se quase absorta com a vista das colinas, da igreja e de um grupo disperso de ovelhas, incandescentes, levemente coloridas…” Repara em todos os detalhes: os trabalhadores da quinta, os bombardeiros que roncam no céu, o homem que limpa a vala pelo campo dos salgueiros, os seus pensamentos acerca da felicidade do homem realizado nesse trabalho enquanto ela falhou como escritora. E as vozes e as dores de cabeça que voltaram e ela não aguenta mais.
Entra na água fria mas não insuportável e pensa que ainda pode voltar para casa e continuar a sua vida de sempre.
Nunca vi nada tão bem concebido, tão bem escrito e com tanta simplicidade.
O capítulo seguinte descreve cenas com personagens de histórias que parecem agir como pessoas na vida real e Virgínia Woolf convivendo com elas e com o seu marido e familiares, escrevendo, sonhando, vivendo, fervilhando de ideias.
No terceiro capítulo, lá estão as personagens dos livros de Virgínia, “talvez a escritora mais inteligente de Inglaterra”, a viver e a transformar-se noutras personagens que lêem Virgínia Woolf e por vezes copiam a sua vida.
Mas a própria Virgínia regressa nalguns dos capítulos seguintes escrevendo as histórias das personagens que nos vêm sendo apresentadas pelo autor de As Horas, ela própria personagem deste livro.
Não é um trabalho recente, é uma obra literária exemplar.

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publicado às 18:49

MAÎTRISE DE SOI

por Zilda Cardoso, em 19.02.10

 

 

Num desses recentes dias de muito frio, dias de lareira, folheava eu, paciente, uns livros antigos, encontrei uma folha pequena muito amarelada, solta, com a imagem do que presumi ser parte de um barco, dois pescadores levantando a rede e, em grande plano, um motor fora-de-borda. Havia uma informação a preto sobre o fundo azul velho e uma data - 1964. Dizia da facilidade de qualquer um fazer um cruzeiro, skiar ou explorar: bastava dirigir-se a um concessionário Evinrude para obter todos os detalhes e precisões.
Achei a publicidade simples e ingénua - a imagem não atrairia ninguém em 2010, não tinha brilho suficiente nem sofisticação e a alta qualidade dos motores daquela marca aparecia apoiada na longa experiência da empresa, num programa de testes e ensaios e num serviço pós-venda insuperável. Coisas concretas, palpáveis.
No verso da folha, havia um comunicado, assim chamado, e intitulava-se: La Timidité est-elle une maladie?
Fiquei muito curiosa de saber de que modo terminaria aquela publicidade aos motores Evinrude e traduzi  e sintetisei a "confissão de um antigo tímido". O texto é assinado por E. Sorian que diz ter sentido sempre uma secreta admiração por um F. M. Borg que já nos tempos da Faculdade dava provas de um admirável sangue frio nos exames. E depois pela vida fora…
Vinte anos após terminarem os estudos, encontraram-se numa reunião de antigos alunos e naturalmente contaram as suas vidas. Sorian confidenciou que a vida podia ter-lhe corrido muito melhor se não fosse a sua extrema timidez. Ao que Borg respondeu: "Os tímidos são geralmente seres superiores. Podiam realizar grandes coisas e dão-se perfeitamente conta disso. Mas a sua timidez condena-os de forma fatal a vegetar em situações medíocres e indignas do seu valor”.
Borg indica um procedimento muito simples que regulariza a respiração, acalma o bater do coração, descerra a garganta, impede de corar nas circunstâncias mais embaraçosas. E cita exemplos de estudantes, de empresários, de apaixonados, de advogados que passaram a ter êxitos extraordinários nas suas acções.
“La place me manque pour donner ici plus de détails », mas se quiser adquirir essa segurança e audácia que permitem ser bem sucedido, peça já o livro “Les lois éternelles du succès”. Borg enviá-lo-á gratuitamente a quem quiser vencer a sua timidez. Escreva-lhe depressa, pois sei que a nova edição está quase esgotada. (Isto explica o autor do comunicado.)
E dá a direcção.
Agora pergunto: Que acham? Escrevo-lhe… 45 anos depois desta urgência? Sei bem quanto mal me tem feito a ignorância do verdadeiro método de adquirir uma arte de... Talvez a edição não se tenha esgotado ainda e eu possa ganhar os melhores trunfos para a vida.
E quanto à publicidade dos motores Evinrude?
Farei como os meus amigos aconselharem.

 

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publicado às 21:54

... e o Inverno da minha descrença

por Zilda Cardoso, em 17.02.10

 

 

 

Procuro entender as actuais tendências da comunicação social a respeito de política e afins, para além da experiência. Como na moda, é necessário, antes de qualquer coisa que nos ocorra, conhecer as tendências. A Internet será o sítio ideal para a investigação.

Há muitas definições para política, muito conceituadas desde Aristótoles. Escolho duas: “estudo das relações de regularidade e concordância dos factos com os motivos que inspiram as lutas em torno do poder do Estado e entre os Estados"e “ciência moral normativa do governo da sociedade civil”.

Ciência moral normativa do governo…

E para comunicação social escolho as mais modernas - "o estudo das causas, funcionamento e consequências da relação entre a sociedade e os meios de comunicação de massa…” “ Engloba os processos de informar, persuadir e entreter as pessoas. Encontra-se presente em praticamente todos os aspectos do mundo contemporâneo, evoluindo aceleradamente, regista e divulga a história e influencia a nossa rotina diária, as relações pessoais e de trabalho.

Informa, divulga, evolui rapidamente…

Porém, o que nos cabe no presente como comunicação social a respeito de política terá alguma coisa a ver com estas ideias?

Informa, esclarece...  ou confunde? A forma como é feita, desfeita e refeita… a informação… os temas que aborda, apoquenta-nos verdadeiramente, porque domina a nossa rotina e impressiona as relações de modo obscuro e negativo.

A informação política já não persuade nem entretém senão uns tantos. A maioria não tem vontade de ler (porque não vai acreditar) nem de ouvir nem de ver noticiários, análises sábias, discussões em vozes que se sobrepõem sem fim, se misturam, whatsoever, wherever, whosoever, whenever…

A intensidade da nossa vida colectiva é toda feita de intrigas, denúncias, combinações e estranhos negócios, maledicências labirínticas, queixumes e conluios. Ninguém afirma seja o que for que não vá ser desdito falaciosamente argumentado. Tudo parece ter entrado em turbilhão no caldeirão do João Ratão, onde vai ser aquecido, remexido, moído, temperado a gosto e finalmente passado (num sentido forte do termo ou, talvez melhor, em todos os sentidos)

Sempre ouvi que nós, portugueses, necessitávamos de usar mais a imaginação, de usá-la de forma racional. Eu acreditei nisso e recomendei.

Mas não temos falta de imaginação. A propósito de quê ou a favor de que usaríamos mais a imaginação? Temos imaginação a mais – vivíssima, terrível, diabólica. O nosso mundo parece disforme ou está em pedaços, por excesso dessa imaginação.

Quando será passado… tudo isto que agora vivemos? (Não me refiro a nenhuma crise económica.) Teremos que nos libertar de máscaras e passar a ver e a ser vistos com claridade e simplicidade.

Recordo alguma poesia de Sophia e evoco estes seus  versos:

“Esta foi sua empresa: reencontrar o limpo

Do dia primordial. Reencontrar a inteireza

                                               Reencontrar o acordo livre e justo

      E recomeçar cada coisa a partir do princípio”.

 

 

 

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publicado às 08:08

As sextas do meu desvanecimento

por Zilda Cardoso, em 12.02.10

 

 

 

 

Nunca procuro as sextas-feiras – elas vêm ter comigo sem mais e com uma frequência inadmissível.
Hoje aconteceu, ainda uma vez. E cá estamos as duas, a sexta-feira e eu, em mais um encontro.
Aguardo algo bom em cada sexta-feira da minha vida, Friday, por assim dizer. Confio em que esteja sol, por exemplo, por mais que os meteorologistas digam que choverá. Que o mar esteja tranquilo, com um barquinho de pesca que espero não pesque. Mas que fica bonito deslizando sem pressas naquela quietação para o lado do porto, e resvalando daí a pouco para cá.
Assim, vejo hoje o dia da minha varanda. Esta sexta. Corre um vento gelado e não se pode estar.
Fixo imagens na máquina e regresso ao conforto. E em sonolência doce… sonho.
Sonho com estrelas em véus transparentes de luar. A luz subtil ilumina também as árvores redondas, os muros altos, as malvas perfumadas das varandas abertas. E todas as coisas flutuam sem cor e sem ruído, e dançam sorridentes.
Abro os olhos: o sol continua resplandecente, bem vejo. O vento passou e deixou um tempo admiravelmente quente. Regresso à varanda. Encontro por ali, livres, as palavras que desejo. Colho-as. Sirvo-me delas.
Aí estão. Falam de claridades, de movimentos, de rumores, de azuis, de presenças, de cheiros, de calor. Quero que falem de música.

 

 

 

 

 

 

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publicado às 17:55

LIMPAR PORTUGAL

por Zilda Cardoso, em 09.02.10

Olá, Voluntários

Estamos a pouco mais de 30 dias, do Dia L. Chegou a hora, de todos ajudarem, de todos deitarem Mãos à Obra. As dificuldades têm sido e são muitas, mas facilmente ultrapassáveis.

Faltam 38 dias, ainda existem alguns aspectos importantíssimos a resolver, e que só vocês o podem fazer, dentro de cada concelho a que pertencem. Ainda existem grupos onde o número de voluntários e de lixeiras é quase nulo. Existem grupos, que ainda não tem coordenador.

Apelamos, a todos os voluntários que:

· Verifiquem se o vosso concelho está organizado e em andamento.
- Se Sim, comuniquem com o grupo, e ofereçam a vossa ajuda.
Apoiem o vosso Coordenador, toda a ajuda que possam dar é importante.
- Se Não, juntem um grupo de amigos e organizem-no, nunca é tarde para
começar. Existem grupos, que só agora arrancaram com o trabalho, e estão a
ter sucesso.
Todos os Concelhos, tem que ter um grupo de coordenadores.

· Verifiquem se o Registo de Lixeiras está a ser feito
- Sem lixeiras, não há Dia L.
- É urgente, que saiam e vão localizar lixeiras. Após a sua localização,
registem-nas, on-line.
- Verifiquem, se já tem meios de recolha, transporte e deposição do lixo.

É já uma certeza de que muitos mais voluntários irão aparecer no Dia L.

Vamos contar com um grande apoio das TVs e Rádios Nacionais, mas até lá ainda há muito que fazer.

Não deixe de participar nesta grande festa, do dia 20 de Março de 2010, que é de todos.,

Parabéns por estar aqui.

Limpar Portugal / Coordenação Nacional

Visite LimparPortugal em: http://limparportugal.ning.com/?xg_source=msg_mes_network

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publicado às 13:53

A viagem

por Zilda Cardoso, em 09.02.10

 

 

Várias circunstâncias se conjugaram para facilitar a partida, mas a principal razão poderá ter sido o desejo de fazer um balanço da sua vida.

Por quê o Oriente?
 
Quis conhecer terras exóticas… porque sim.
Gosta de viajar e pela primeira vez teve possibilidade de o fazer por um tempo longo. Esteve dois meses. Foi uma jornada aventurosa, de mochila às costas a maior parte do tempo, mas com o computador para comunicar com a família, para estar perto do seu mundo sem se perturbar com ele. Teve os seus perigos, as suas surpresas, as suas coisas boas e más.
Não ficou tão deslumbrado como esperava, faz questão de acentuar.
 
 
 
Uma coisa é certa: José Miguel não abalou com intenção de realizar obras valerosas que da lei da morte o libertassem. Foi para se encontrar, para se descobrir. E descobriu-se e regressou mais confiante em si próprio, mais aberto e capaz de ajudar sem finalidade à vista, mais livre e desapegado de chatices, diz.
Quando teve vontade de recolher o lixo que sujava certa praia… fê-lo. E sentiu-se bem. Aparentemente, nada daquilo tinha a ver com ele, fê-lo, apenas. E por momentos sentiu uma sensação extremamente agradável.
Uma vez, viu um tronco apodrecido na margem do rio Mekong rodeado por um enxame de borboletas amarelas. Centenas. Nunca tinha visto tantas e tão belas, foi um momento de prazer intenso, de amor por elas, pela sua beleza.
Esteve seis dias na ilha Koh Tao no sul da Tailândia, na companhia de mergulhadores, instalados todos em pequenos bungalows. Deu passeios de caiaque, alugou uma scooter, uma moto 4, passeou por ali... Voltou ao fim da tarde do 6º dia, entregou o caiaque e caminhou pelas ruas da cidade de chinelos e calção molhado…  
Pensou ir mudar-se para o jantar, mas havia uma luz radiosa e quente… e um pequeno restaurante sobre a praia. Qual a urgência…?
De súbito, mudou de planos - não queria saber de programa nenhum. Decidiu ficar ali mesmo, tal qual estava, molhado e feliz e tranquilo, a admirar o esplendor do sol alaranjado, a bebericar, a comer.
Sentiu-se em harmonia com o mundo. Tudo era fácil, afinal. Tudo era tão claro e inteligível! Como não tinha descoberto isto antes?
Voltou mais conhecedor das suas emoções, aquilo que torna qualquer vida mais simples. Mas sabe que tem que continuar a trabalhar a mente para que a felicidade que entreviu se transforme numa maneira de ser.
Porque mudado veio, mais sabedor e disposto a melhorar a qualidade de cada instante da sua vida.
 


(fotos de José Miguel Vieira)

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publicado às 07:55

por terras do Laos...

por Zilda Cardoso, em 08.02.10

 

 

O José Miguel deixou-me tão belas imagens das terras que visitou lá para o Laos, a Indonésia, a Tailândia... que não resisto à tentação de mostrar aqui algumas.
  
  

(fotos de José Miguel Vieira)

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publicado às 09:56

Uma experiência de meditação

por Zilda Cardoso, em 07.02.10

 

 

 

 "A melhor técnica que encontrei para afastar os pensamentos foi a que aprendi no retiro",  diz José Miguel que esteve recentemente dez dias num mosteiro da Tailândia. Havia um templo budista e um centro próximo, onde dormia e se leventava por volta das 5 da manhã; às 6,5 tomava o pequeno almoço; às 8 ouvia uma palestra e às 11 tinha o almoço vegetariano. Era tudo, quanto a refeições para cada dia.

José Miguel tentou entender a técnica ensinada e praticada pelos monges e explica-a assim (transcrevo integralmente o que ele me contou):
"Muitas vezes existe em nós um desfasamento entre o que estamos a fazer e o que estamos a pensar e sentir. Por exemplo, estamos a arrumar a nossa roupa e estamos a pensar numa coisa totalmente diferente. Isto gera em nós uma divisão, não nos estamos a portar como a unidade que devíamos ser. Daí que o nosso mestre nos recomendasse que recolocássemos a mente no que estamos a fazer. Ou seja, se estamos sentados, a maneira de termos o pensamento articulado com o corpo é pensarmos que estamos sentados, tornar conscientes as sensações associadas a estarmos sentados, senti-lo.
E para atingir isso, ele sugeria que pensássemos e repetíssemos para nós próprios: "sitting, sitting, sitting...". Da mesma forma, o primeiro passo para afastarmos os pensamentos será consciencializarmo-nos de que estamos a pensar. E aí repetimos (se quisermos pode ser em português, claro): "thinking, thinking, thinking...". Digo que era espantoso o resultado que isto tinha, quando estava a tentar meditar. Parecia que acenava com uma varinha mágica e os pensamentos se desvaneciam no ar. Então eu percebia que os pensamentos em si não tinham poder nenhum, eu é que precisava deles e os chamava. E com esta técnica, eu operava em mim uma mudança de comportamento que resultava em que deixava de precisar deles.

 
Eu também não acentuaria muito a divisão entre os pensamentos positivos e negativos, desejáveis e indesejáveis. E muito menos "hostilizaria" os negativos. Nem tentaria discipliná-los à força. É que a nossa mente é muito rebelde, principalmente quando a tentamos domar. O melhor caminho é procurarmos dar-nos bem com ela e, utilizando a inteligência, levá-la para onde queremos. É como uma pessoa que estamos a conduzir pela mão. Se a empurramos para ir num certo sentido ela sente a força e resiste-nos mas se a levarmos suavemente pela mão, até por um caminho que não é o mais directo, atingimos o nosso objectivo.
Mais uma vez, é preciso lembrarmo-nos de que os pensamentos em si não têm poder, nós é que, por alguma razão, como apego (à segurança, por exemplo), aversão, precisamos de os ter".

Espero que isto ajude alguma coisa, experimente para ver se também resulta consigo.

(fotos de José Miguel Vieira)

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publicado às 18:08

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