por Zilda Cardoso, em 31.01.10

Muitas vezes, os meus pensamentos apresentam-se-me como árvores de uma floresta densa, emaranhadas umas nas outras, sem distinção - não queimo a floresta por essa razão, sob pena de ficar com o território nu. Ou com a cabeça vazia. Todavia é possível disciplinar a floresta e os pensamentos, porque nem todos os pensamentos são perturbadores nem todas as árvores são nefastas.
Quero cortar o que não presta e complica o crescimento saudável do restante.
Os pensamentos que partem de problemas que tenho de resolver… não vou abandoná-los. Os que surgem da imaginação… posso transformar em obras - de arte, de ciência, de técnica... (se conhecer esses temas).
Os pensamentos que resultam de emoções sempre me agitam num primeiro momento, poderão ou não vir a dar pensamentos inquietantes. Porque emoções são reacções a acontecimentos, qualquer emoção pode fazer surgir em mim bons pensamentos: úteis… criativos… humanitários...
Por isso, os que vêm de emoções não são necessariamente desorientadores. Podem provocar lágrimas mas também alegria.
Tenho pensamentos, muitas vezes avassaladores, que me abalam verdadeiramente e "não me levam a lado nenhum".
O meu desejo é não me deixar dominar por esses que embaraçam a minha vida de forma escusada e inútil. Que se encaracolam e se colam a mim. São os que devo eliminar com coragem e determinação (não apenas afastar ou colocar entre parêntesis) se aspiro a um bem-estar. Têm como referência, em geral, análises excessivas de palavras, gestos, entonações de outras vozes que quero a todo o custo interpretar à minha maneira. Mas ao querer decifrá-los estou muito provavelmente a errar e, depois, sou levada por essa análise equivocada para situações de relacionamento muito delicadas e mesmo dramáticas, sempre infelizes.
É aqui que a meditação pode ajudar. Penso, e é o que pretendo, que a meditação me conduza a um estado de serenidade, de compreensão, de consciência, de conhecimento.
Do emaranhado confuso que eram antes os meus pensamentos, sentirei a pausa como uma pacificação. A pausa que é o disciplinar dos meus pensamentos. E é também, como diz Ricard, “un avant-gout du bonheur”.
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por Zilda Cardoso, em 24.01.10
Pela meditação… que se faz com bons resultados numa posição correcta e confortável do corpo, se possível, na posição tradicional que todos conhecem, prestando atenção à nossa respiração, por exemplo, ou à contagem de cada inspiração e/ou de cada expiração, ou a um objecto qualquer em que se fixa o olhar.

O importante é ser capaz de pôr de lado os pensamentos emotivos que surgem a todo o instante e voltar à respiração; sem deixar de estar atento ao mundo que nos rodeia, porém, mais uma vez, não permitindo que ele nos perturbe.
E talvez nos demos conta num certo momento de um espaço especial entre os pensamentos. Poderá ser este espaço um momento de iluminação? Para alcançar o nirvana, temos que deixar que a luz ou o conhecimento nos penetre e ilumine, afastando a ignorância que nos faz sofrer.
Carlos Quintas falou da sucessão dos acontecimentos quotidianos como um sonho (muitos de nós não sabem que estão a viver um sonho); da realidade como alguma coisa que não está a acontecer; da vida ou do mundo como um infinito ou como um rio que não se conhece onde começou nem onde vai acabar, um rio que não é uma entidade mas aquilo que flui, que é diferente a todo o momento.
Falou da consciência como inseparável do corpo…
E entrou por caminhos complicados para explicar o que não pudemos facilmente entender. Surgiram muitas dúvidas.
Para já, nem a ciência nem a espiritualidade nos fazem compreender o mundo.
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por Zilda Cardoso, em 24.01.10
Tenho assistido a sessões de informação prática e teórica sobre meditação. Aconteceu outra vez ontem.

Esteve no Porto a pedido de Jigme Khyentse Rinpoche o Carlos Quintas da Fundação Kangyur Rinpoche que com tranquilidade falou a um pequeno grupo da importância da meditação tal como é entendida pela filosofia budista tibetana. Explicou como se pratica e qual a sua base teórica.
A ideia é libertar a mente de perturbações. De pensamentos emotivos que nos enredam, de que temos dificuldade em nos libertar e que nos trazem sofrimento. O que devemos é disciplinar a mente para reduzir as emoções, desde que o nosso objectivo na vida seja o viver feliz, isto é, sem sofrimento.
Como disciplinar a mente e o que é a felicidade... são perguntas que surgem naturalmente.
Pela prática diária da meditação, que nos pode ocupar cinco minutos ou dez ou meia hora, o que for possível, podemos conseguir reduzir as emoções e enveredar por um caminho de pensamentos mais livre e mais satisfatório.
Pensamentos livres do apego a bens materiais e mais ligados a afeições. Livres de raiva, inveja e ódio. Mas ligados à compaixão, ao respeito, à confiança e ao amor dos outros. Poderá ser um caminho de felicidade e de contentamento, porque, pensar no bem-estar dos outros, liberta-nos de imediato.
Haverá menos conflitos, menos medo, de qualquer modo.
Como conseguiremos pôr entre parêntesis os pensamentos perturbadores que a cada momento nos surgem?
(continua)
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por Zilda Cardoso, em 23.01.10
Foi no passado dia 16 que ouvi encantada a Orquestra Nacional do Porto dirigida por Christoph Konig tocando a sinfonia nº1 de Mahler, Titã. É assim iniciado um ciclo em que vão ser tocadas todas as sinfonias deste autor ao longo de 2010, período em que a Áustria é tema da programação da Casa da Música.
Um cozinheiro austríaco foi convidado para confeccionar o jantar e os jantares servidos no restaurante do 7º piso, nas duas primeiras semanas de Janeiro.
O embaixador da Áustria que, por sugestão do seu cônsul no Porto, nos convidou para este dia especial, pronunciou um discurso em bom Português, tão delícioso para os nossos ouvidos como os sabores da comida do seu país o foram para o nosso paladar - como uma outra sobremesa. Da refeição de sabores estranhos e, de forma geral, muito agradáveis, destaco justamente a sobremesa de sementes de papoila e chocolate branco.
A música de Mahler… é preciso ouvi-la. Leio que ele não foi grandemente considerado em vida como compositor, mas a mim agrada-me muito o estilo moderno da sua obra já atonal e ainda combinada com a romântica do século XIX.
O compositor nasceu há 150 anos numa pequena cidade da Baviera, ao tempo território austríaco, de família judia alemã. E como sempre acontece a respeito de naturais da quela zona da Europa para mim mal conhecida, não sei bem se é austríaco, alemão, checo, ou morávio.
Estudou piano desde os 6 anos, e trabalhou na República Checa, na Morávia, na Hungria e na Áustria - em Viena onde aconteceu a parte mais importante da sua carreira. Trabalhou vários anos nos Estados Unidos, onde influenciou outros artistas que compunham para o cinema. O maestro Bernstein pôs em relevo a música mahlermiana nos seus programas populares para a televisão.
Schönberg escreveu sobre Mahler: “ acredito firmemente que Gustav Mahler foi um dos maiores homens e dos maiores artistas que jamais existiram".
Se bem que não saiba nada de música, digo que a Orquestra Nacional do Porto, com dez anos de existência, é um conjunto cuja excelência me apraz registar. Que bom que tenhamos nesta cidade uma orquestra deste valor e com capacidade para interpretar as quase dez difíceis sinfonias de Mahler!
Faço ainda referência entusiástica à primeira parte do concerto - uma composição magnífica, inteiramente moderna, Orion, de Kaija Saariaho, finlandesa, compositora em Residência 2010, obra primorosamente executada pela O.N.P.
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por Zilda Cardoso, em 20.01.10

Não sei bem quem são, estes passarocos. São gente que aprecia ter os pés assentes no sólido, e que provavelmente não gosta da água nem do cheiro dela, dita doce, hoje muito forte na saída da ribeira (com minúscula) da Granja para o Rio (com maiúscula) Douro.
O Douro estava bonito à sua maneira estouvada e aquela ribeira que podia ser gentil mas não é, polui o mais que pode, espalhando um odor nauseabundo que outros pássaros - os que precisam comer muito - suportam. Porque ali, há sempre muito que comer. E muito com quem cavaquear.
Estes dois, porém, solitários e bem comportados, fecham os olhos e tentam não se perturbar. Se há pessoas que permanecem sete dias sem comer nem beber, por baixo de escombros, e vivem e sorriem, cheias de bons sentimentos para com toda a gente... por que razão não haviam de alegrar-se, estes pássaros?! É que eu achei que eles estavam a sorrir, apesar de sonolentos, perdoem-me.
Os nossos sentimentos são coisas estreitas e próximas que se colam a nós, nos apertam o coração ou o alargam e não nos deixam raciocinar. A cabeça aquece, conseguimos respirar, mas não… pensar ponderadamente.
Os sentimentos limitam-nos. No caso das pessoas sob os escombros, não é preciso nem conveniente raciocinar, (por uma vez!). No caso dos pássaros, a questão é de instinto.
As nossas atitudes seriam aceitáveis, se a cabeça clara e firme fosse realmente o que comanda o corpo em toda a sua complexa realidade física e mental.
Por tudo isto, adorei ver aqueles dois, afastados dos outros e da saída da água pestilenta, aonde chegava o cheiro, (sinto-o com clareza quando olho para as fotografias que tirei no sítio), e os ecos do "gossip" desenfreado daquelas pernaltas cinzentas ou garças e dos outros, as lindíssimas rolas do mar, os borrelhos, os guinchos, as alvéolas, os maçaricos das rochas e a grande colónia de corvos marinhos, circunspectos, de preto, malta arrebatada que só quer sobreviver.
Na companhia um do outro, aqueles dois, apesar de todas as impertinências, ensaiavam uma felicidade que nenhum pensamento pode legitimar.
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por Zilda Cardoso, em 20.01.10

Permitam-me que transcreva aqui alguns pensamentos sábios que me foram enviados recentemente para que pense sobre eles ou para que os siga: são bons conselhos que quero partilhar.
Don't compare your life to others. You have no idea what their journey is all about.
Don't take yourself so seriously. No one else does.
Don't waste your precious energy on gossip.
Dream more while you are awake
Envy is a waste of time. You already have all you need.
Life is too short to waste time hating anyone. Don't hate others.
No one is in charge of your happiness except you.
What other people think of you is none of your business.
Your job won't take care of you when you are sick. Your friends will. Stay in touch.
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por Zilda Cardoso, em 14.01.10

Lembro de novo que a última apresentação pública do livro LUTAR ATÉ VIVER será no próximo sábado, 16 de Janeiro, na FNAC do Gaia Shopping, pelas 17 horas. Será apresentado pelas Doutoras Margarida Medina e Ermelinda Silva, duas das médicas que ajudaram a construir a história feliz.
O livro é de Vítor Raimundo Martins - é uma enternecedora narrativa, uma história real de amor que tem sido justamente apreciada pelos que dela têm notícia. E que gostam de saber de vidas vividas com carinho e verdade.
É a história recente da família que foi também contada em artigos dos principais jornais diários, em blogues e na televisão em programas interessantes e muito agradáveis de observar.
O que se passou na SIC ainda podem ver neste endereço:
e na TVI
Os que se interessarem por transplantes pediátricos, terão informações obrigatórias no “site” da Hepaturix, associação nacional de crianças e jovens transplantados ou com doenças hepáticas, nestes endereços:
A Associação tem também os livros… se não os encontrarem nas livrarias.
é o blogue do autor, sempre com notícias frescas.
Vale muito a pena visitar o blogue da Laurinda Alves que fez a apresentação do livro em Almada e teve o gosto de conhecer a família afortunada e a criança amorosa e traquina.
Dou-lhes a ligação do texto:
http://laurindaalves.blogs.sapo.pt/2009/12/?page=2
Espero que os meus amigos também possam estar presentes no sábado para ouvirem e se deixarem contagiar pelos sorrisos que sempre os finais felizes trazem ao rosto de cada um.
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por Zilda Cardoso, em 11.01.10
A Alice, que para mim continua a ser a das Maravilhas, teve o seu aniversário de gente grande, de gente maior, na passada 3ª feira.
Começou a sua festa com um jantar em família num belo restaurante da beira-rio Tejo e continuou com primos, amigas e amigos pela noite fora noutro lugar, misterioso para mim.
(ELA é a 2ª a contar da esquerda)
A Alice já não me pede para contar histórias de fantasia. E eu raramente lhe oiço fantásticos sonhos. Mas gostava... eu gostava de ouvir as novas histórias dela, as que vive agora em Londres. Coisas diferentes dos trabalhos e das notas e dos próximos projectos, os muito próximos.
Apreciava conhecê-la melhor, saber o que sente e que pensamentos ocupam a sua cabeça.
Se ainda é capaz de arder de curiosidade atrás do Coelho de colete e relógio, sempre atrasadíssimo, e de beber da garrafinha aquele líquido atraente que verificou com cuidado antes de o provar, não fosse ser veneno. No entanto, bebeu o frasco todo, ficou minúscula, lembram-se? Não se afligiu nada e logo encontrou solução ao comer o bolo que a fez gigante e estranha. Aí, sim, chorou tanto que pode nadar no lago salgado formado pelas próprias lágrimas.
A Alice conversava tu cá tu lá com o seu amigo, o Gato Cheshire, que sorria até desaparecer todo o seu corpo e ficar apenas o sorriso. Mas antes que acontecesse, ele perguntou-lhe se nesse dia ia jogar “croquet” com a Rainha.
Bom, ela não sabia, mas merendou com a Lebre de Março e o Chapeleiro mesmo sem ser convidada e com eles falou de Tempo e de outras matérias marcantes e sérias. O mais relevante de tudo, foi ver passar o cortejo que incluía a Rainha e o Duque, os filhos, os soldados e os convidados e os tacos para jogar. Eram flamingos, os tacos, as bolas ouriços-caixeiros vivos e as balizas soldados de pés e mãos no chão e corpo em arco. Foi na verdade interessante já que a Rainha das cartas de jogar mandava cortar a cabeça a qualquer um que a contrariasse. E era fácil contrariá-la. Os argumentos podiam ser os mais válidos, a solução era sempre a mesma.
Espero que a Rainha a convide para o chá e lhe mostre as maravilhas do seu Palácio onde coisas boas se passam desde há séculos. E não ordene que lhe cortem a cabeça.
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por Zilda Cardoso, em 10.01.10
Saí, apesar do frio e das ruas molhadas e de não haver quase ninguém fora. Em casa, aquele ar morno acastanhado e seco fez-me ter vontade de estar na montanha coberta de neve... não resisti muito tempo. Não respirava… dentro.
Em Kitzbuhel para onde fui com a família durante muitos invernos para os desportos da neve, entrava de vez em quando naquelas cabanas de madeira onde serviam chá de hortelã a fumegar e café com natas e outras coisas reconfortantes. E o calor era intenso. De seguida, outra vez o ar frio da montanha e o movimento e as cores vivas sobre o branco e o entusiasmo das descidas e dos saltos, e das crianças que começavam e parecia já saberem tudo. Porque tudo é fácil para elas.
Recordo a primeira vez que fomos com os filhos. Procurámos logo um professor, mas não havia, seria domingo ou havia candidatos a mais. Contudo, como prendê-los uma tarde inteira?! Não quiseram esperar: aquilo era demasiado tentador, as correrias loucas e as subidas esforçadas, os risos, os trambolhões, uma certa confusão. Alugámos-lhes o material necessário, esquis e batons (não sei se é assim que se deve escrever) e eles começaram sem noção de nada, apenas o desejo de participar na brincadeira.
Eu só queria e me preocupava com que aprendessem a travar. Andava muita gente por ali e eles nem sequer sabiam desviar-se quanto mais deter-se. Só contra um obstáculo! E o obstáculo, na maioria das vezes, eram os corpos dos passeantes que apanhavam em cheio com um torpedo a grande velocidade. Para os incipientes esquiadores, era o melhor estorvo que podiam encontrar – nunca ficaram magoados e as palavras que ouviam… nem as ouviam.
Hoje, do meu passeio, vejo o mar da cor que não aprecio mas resignado, sem ondas, apenas um “biquinho” branco rendado contra as rochas. E os barcos de velas brancas lá vão lentamente, recolhem num dia sem história. Não está vento nem chuva, apenas o chão molhado e uma deliciosa brisa.
Gostei do ar ameno, perfeitamente compatível com os meus pulmões e capacidade de respirar. E com a minha habilidade de andar a bom andar, meia hora apenas.
Regresso ao calor, retemperada. Talvez prepare um chá de hortelã.

(irmãos Jorge e Pedro "skinoar" em Kitzbuhel)
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por Zilda Cardoso, em 10.01.10
Vamos limpar a floresta portuguesa num só dia - 20-03-2010 |
Uma mensagem a todos os membros de LimparPortugal
Desejos para 2010 O projecto "Limpar Portugal" deseja a todos os Portugueses sem excepção um ano de 2010, pleno de sucesso, saúde, felicidade e muita Paz. A coordenação nacional crê que o Sonho de tornar Portugal mais limpo se está a tornar uma realidade muito pela responsabilidade de todos vós, temos a certeza que vai ser um dia histórico e que daqui a uns anos vamos recordar o DIA L e vamos perguntar? "Dia 20 de Março de 2010 onde estiveste? No sofá?!!!" Tal como muitos outros feitos deste povo absolutamente fantástico, no DIA L seremos o exemplo para o Mundo. Podemos não mudar o Mundo mas se tivermos um Portugal mais limpo, teremos um Mundo mais limpo e poderemos ser os "navegadores" e dar novas realidades ao Mundo. Enviem este postal a todos os vossos amigos (mesmo a aqueles que já fizeram o convite) enviem também a instituições públicas e privadas, figuras públicas, políticos, em especial Sr. Aníbal Cavaco Silva e Sr. José Sócrates (através de seus email's ou página oficial). Tenham um 2010 TREMENDO A Coordenação Nacional |
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