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Visitando o Museu

por Zilda Cardoso, em 30.10.09

 

Ontem foi inaugurada no Museu Soares dos Reis a exposição  - “Do sec. XVII ao XXI: além do tempo, dentro do Museu”.
Fátima Lambert guiou-nos numa visita indispensável para entendermos a razão de grandes fotografias actuais ao lado de pintura do século XIX. E também vídeos, peças de artesanato e outros trabalhos feitos de diversos materiais. Ficamos a perceber o paralelismo que a comissária encontrou e explicou, e entendemos que se podem descobrir muitos outros.
Procurou obras cujas temáticas e/ou formulações técnicas “promovessem confronto com obras da autoria de artistas portugueses actuais”. Fala de simulacro e de semelhança. De metáfora, de afinidade, de similitude e também de dissemelhança.
As escolhas podem dar lugar a equívocos e sobretudo a ambiguidades, a discordâncias, a extrapolações, mas, sem dúvida, é uma exposição que contribui para uma “vivificação de tempos e de espaços no Museu”.
Aprecio as exposições bem organizadas do Soares dos Reis e sobretudo as conferências com temas de grande interesse que me surpreende sempre serem tão pouco frequentadas.
Este é para mim uma espécie de museu caseiro, dotado de belo património e de excelentes meios de o expor. É caseiro pela proximidade de tantos anos a visitá-lo, na verdade, desde muito jovem. (Quando os meus filhos eram crianças, o pai levava-os ao museu todas as manhãs de domingo). E por isso tudo me parece familiar. E depois a casa não foi construída para museu mas para residência de família e, se bem que muito remodelada, alguma coisa resta desse outro tempo. Talvez apenas um vago perfume, uma luz diferente, uma janela que se abre, o jardim húmido e um pouco triste… e o meu permanente idílio com as coisas belas da cidade.
Achei particularmente interessante a exposição, para mim original. Vemos agora no mesmo espaço e postas em paralelo por algumas semanas obras contemporâneas junto de obras da casa. E somos convidados a descobrir de que modo temas e formas se podem aproximar.
Pudemos percorrer as salas do Palácio, mesmo as que normalmente não são visitadas. Todas tinham propostas de relacionamento entre as mais diversas linguagens e morfologias. Além de pinturas e esculturas há faianças, cristais, pratas, jóias e biombos namban. E artesanato.

É talvez a arte decorativa em que o Museu é rico que nos dá a atmosfera familiar, extremamente requintada, que habitualmente encontramos ali.

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publicado às 18:54

MITOLOGIAS

por Zilda Cardoso, em 28.10.09
Todas as culturas têm o seu conjunto de mitos que são histórias baseadas em tradições e lendas e pensadas para explicar a criação do mundo ou quaisquer acontecimentos para que se não encontra explicação lógica. Quase sempre envolvem uma divindade, mas podem ser simples lendas que passaram de geração em geração oralmente.
Todos os sistemas religiosos são constituídos por mitos e crenças aceites como verdades pelos crentes. Por isso, consideram ofensivo chamar mitos aos textos que eles têm como contendo verdades inspiradas por Deus. São textos sagrados que revelam “verdades fundamentais e pensamentos sobre a natureza humana através do uso de arquétipos”.
Podemos falar de mitologia grega, romana, judaica, cristã, escandinava, islâmica … sem nos referirmos à verdade das histórias, de qualquer uma das histórias, e considerar que têm “profunda explicação simbólica”.
A mitologia sobrevive no mundo moderno através de sistemas de códigos persuasivos transmitidos e adoptados como modelos - no cinema, na publicidade, na televisão…
Estes mitos quebraram as explicações tradicionais acerca da criação do mundo e dos acontecimentos estranhos por força de saberes entretanto adquiridos, mas não despedaçaram a tradição dos mitos como histórias explicativas. São soluções rápidas e não comprometedoras, mas reparadoras de angústias… por um tempo.
Se as explicações necessárias para a compreensão de acontecimentos inacreditáveis não passassem hoje tão rapidamente de mitos a verdades científicas e destas a mentiras científicas e depois a coisa nenhuma, valia a pena escrever novos textos, reuni-los em qualquer forma de livro, considerá-los sagrados e divulgá-los como tal.
Porém, com a actual celeridade das descobertas em todos os domínios, seria por um tempo muito curto.
“O mito não resiste à história”, diz R. Barthes que estudou os muito diversos mitos contemporâneos. Porque amanhã é outra coisa.
Assim será.

(ver Internet - mitologias)

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publicado às 14:35

Ensaio de poemas à chuva

por Zilda Cardoso, em 26.10.09

 

O que impressiona
Não importa o sangue
branco que escorre
É o desconhecido ali
entre a ramagem e o chão
entre uma e outra árvore
asfixiando-as
Onde nada aparece e desaparece
nenhuma borboleta
apenas ramos entrançados nos ramos
ramalhetes e folhas e verde
 
Vêm as nuvens de mal-estar
e tampam o sítio
carregadas de cinzento e húmidas
 
Ele apenas está ali
o lugar
 imóvel pesado e mais denso.
 
 
 

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publicado às 08:21

A tela branca e o cinema de Agnès

por Zilda Cardoso, em 24.10.09

 

Voltei às aulas de pintura de Albuquerque Mendes. No primeiro dia, depois de comprar a tela recomendada de um metro por um metro que me não coube no carro e tive que pedir ajuda qualificada para a transportar da loja para a sala de aula, sem saber o que fazer com ela muito provocante e enorme na minha frente, convoquei, quase acabrunhada, o professor.
“Sente-se aqui”, diz ele colocando-me amavelmente a uma certa distância do objecto, “olhe para a tela até que lhe surja o desejo…”
Assim tal qual.
Não surgiu. Um desejo forte não podia brotar do nada, liso e frio. E a minha cabeça estava sem pensamentos interessantes, a funcionar noutro comprimento de onda excessivamente rasteiro e incómodo.
Lembrei-me de Agnès, a cineasta belga que esteve esta semana no Porto, viva, animada, divertida, sempre pronta a engendrar coisas novas e inesperadas. Recordei as suas palavras: é necessário - concentração, liberdade, desejo de criar, de dar uma forma à ideia; esperar que o desejo seja suficientemente forte para dar a ideia. Depois é apenas um mínimo de técnica, o suficiente para tirar proveito dos instrumentos.
Tem que haver uma ideia anterior ao desejo, o desejo é o de dar forma à ideia, compreendo. Libertar-me-ei de outras coisas e vou concentrar-me no desejo de criar, de dar forma à famosa ideia que surgirá não sei como nem de onde, mas acho que não da tela em branco. Não, decididamente não sou artista pintora, não sei transformar, sem mais nem menos, o branco em cores e formas.
Isso é muito mais “uma coisa mental”.  A tela branca e silenciosa amedronta-me, as cores e as formas hão-de atrair-me – mas como transformar uma coisa na outra? Quero dizer, o nada níveo imaculado em qualquer coisa com sentidos coloridos?
Recordo de novo as palavras de Agnès, tão inspiradora. “Por trás do mistério, coloca-se a imaginação e a imaginação é própria do homem.” “…usem meios inventivos, não façam como é de regra”, disse para os jovens alunos.
Fala do cinema, dos seus filmes e de fotografias. Cita Bresson para afirmar com ele que a foto  é o instante decisivo. Há o antes e o depois e isso é cinema. Há o campo que é o que está visível e o fora do campo. Sabe-se o que se vê e tem-se a impressão do que se não vê.
A fotografia é um instante do filme da vida. O cinema é feito de um milhão de instantes, é limitado no espaço e no tempo mas é pleno de mistério. Há nele coisas imperceptíveis. Mesmo por trás do diálogo, há o não dito.
Pergunto-me se há alguma realidade no milhão de instantes decisivos deste cinema/documentário de Agnès. Pode haver, pode não haver. Do mesmo modo, pode haver ou não realidade na pintura. E pode ser uma realidade comprometida. Comunicar, diz Agustina, é a única realidade imediata.
O criador descobre o invisível; através do visível, dá-nos com prazer uma pista e nós procuraremos descobrir com prazer o que ele descobriu, quero dizer, o mesmo invisível, o dele. Ou o nosso - aquilo que nós podemos imaginar a partir do que nos dá.
Porém, a minha tela continua indiferente, intrigante talvez e inteiramente branca na minha frente. Com uma certa dignidade.
De acordo, é preciso esperar.

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publicado às 18:49

Festa do Cinema Francês - Les plages de Agnès

por Zilda Cardoso, em 22.10.09

 

 

No Porto, a festa do cinema francês decorre este ano de 20 a 29 de Outubro no auditório da Fundação de Serralves e nos cinemas Cidade do Porto.
Estive ontem à tarde no Auditório para ouvir Agnès Varda falar do seu trabalho. É uma mulher interessantíssima que foi fotógrafa, cineasta e agora aos oitenta, diz ela, é artista.
Pelo menos, representa-se muito bem no seu retrato em cinema. E diz: “Muitas pessoas idosas desejam contar a sua vida. Eu também. Queria transmitir aos que me estão próximos e a alguns outros, os feitos e os trabalhos do meu percurso de vida.”
Acho que ficámos a saber quase tudo, aliás o único pecado do filme que fui observar à noite, é ser um pouco longo e como tal difícil de ver de uma assentada.
“Encontrei uma forma de fazer um filme desta embrulhada que emerge casualmente da minha memória”.
É uma colagem donde espera que saia uma figura ou uma paisagem. Há excertos de filmes seus, de documentários, fotografias de acontecimentos que considerou importantes, a sua aventura de amor, a vida de família, as viagens que se integraram no seu cinema e neste filme. São recordações antigas misturadas com o presente, partes de criações e fantasias.
Um momento interessante do documentário é, para mim, o dos espelhos numa praia do mar do Norte, onde passava férias na sua juventude, a praia de Sète. Os espelhos de distintos tamanhos e formas são voltados para o mar, para a câmara e para outras pessoas, mais do que para si como seria de esperar num auto-retrato. “Um pintor volta o espelho para si próprio e pinta-se. Eu não posso fazer isso”, diz Agnès Varda. Porém, pode realizar estranhos sonhos como o de ver os trapezistas com o mar ao fundo, já que o cinema tem essa finalidade: realizar sonhos.
Falou das filmagens nas praias americanas, nos jovens actores dessa época que se tornaram famosos, nos hippies e nos panteras-negras, nas pinturas de rua. Falou no feminismo que não deve ser abandonado e na sua gata tão estimada para quem fez um túmulo.
Nas duas instalações da Capela de Serralves, podemos ver o túmulo da gata Zgougou e o mar, o ruído das ondas, o seu belo movimento perpétuo, a leveza, o seu peso.
Um filme, conta ainda Agnès Varda, não tem que ter um grande tema nem deve ser levado demasiado a sério.
A cena do escritório na praia improvisada numa rua de não sei onde, com os funcionários em fato de banho foi prova da motivação constante da equipa que a acompanhou.
Ela própria feita “clown” interpretou o seu papel. E recordou quando fez de batata num festival de cinema e se passeou assim pelo meio dos assistentes, querendo chamar a atenção para o seu filme que receava ninguém fosse ver. Ainda conserva o fato de batata que vestiu na ocasião.
Nesta cinescrita, as “aventuras da minha imaginação” são acompanhadas pela mistura de toadas que resultou do "som das minhas histórias gravadas em sítios diferentes, com timbres diferentes, com o som misturado dos meus filmes, entrevistas antigas, música" – um caleidoscópio.
No fim, sim, vimos a Mulher.

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publicado às 19:10

O fútil e o essencial

por Zilda Cardoso, em 16.10.09

 

 
 
Acho que os saberes se acumulam nas bibliotecas e nos livros que as enchem não nos seus autores… que são pessoas comuns e sofredoras que, por momentos, se interessaram pelo essencial.
Nas bibliotecas… disse eu, mas também nos museus de arte e nos centros e institutos de fotografia onde imagens cheias de beleza e conhecimentos do mesmo modo se amontoam.
A maioria das pessoas ocupa-se excessivamente de banalidades (quanto mais aparatosas melhor), não tem tempo nem disposição para reflectir sobre o essencial. Não pensam no essencial como essencial.
Porém, alguns cogitam por momentos nisso, no fundamental, e por essa razão se distinguem. Nesses momentos de despertar, reconhecem-no, interessam-se por ele… e, se conhecerem bem alguma técnica, seja de escrita, de pintura, de escultura, de fotografia ou de qualquer outra forma de arte, podem transformar o fundamental numa obra prima. Tornam-se génios.
Veneramos as obras dos génios porque resultaram de reflexão sobre o essencial. Eles, os criadores, continuam a ser vulneráveis.

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publicado às 20:01

Aniversário de Agustina

por Zilda Cardoso, em 15.10.09

 

Há um ano escrevi neste blogue vários textos sobre Agustina na ocasião do seu aniversário natalício.
É do meu gosto voltar ao tema um ano depois, homenageando ainda e sempre alguém que muito admiro e estimo. Adoro recordar os encontros que tivemos na sua casa e na minha ou em casa de amigos ao longo de muitos anos. Marcou a minha vida profundamente não apenas pela sua escrita, mas pelo temperamento. Pelo que ela é como Mulher e como Escritora.
Houve no domingo passado um excelente programa – a Câmara Clara - que homenageou Agustina. A apresentadora chamou para falar dela quem melhor a conheceu e estudou as suas obras, apraz-me ver que é feita justiça às suas excepcionais qualidades de inteligência e de argúcia, de humor, de sabedoria, de curiosidade, de vontade e de coragem de ir mais longe. É profissional de uma competência extraordinária e, ao mesmo tempo, generosa sempre disponível e pronta para ajudar os que começam, aparecendo e dando o seu contributo inestimável para o êxito sobretudo jornalístico dos jovens prometedores.
Uma vez encontrei-a no comboio para Lisboa, admirei-me de a ver sozinha, não devia admirar-me. Disse-me que ia assistir à apresentação de um livro de Inês Pedrosa: era preciso ajudar os mais novos.
Conheço facetas muito interessantes da sua personalidade, desconhecidas do público e que desconhecidas permanecerão.
Contudo, anotarei aqui apenas dois ou três pequenos detalhes.
Em 2003 e em 2004 experimentou uma actividade diferente que provavelmente a divertiu e que talvez os seus biógrafos desconheçam: deu aulas no Instituto D. António Ferreira Gomes, no Porto. Fez dois períodos lectivos: um em 2003/2004 sobre o tema As Respostas Certas e em 2004 por um período de três meses Encontros com Agustina: o Mundo, a Vida e o Homem.
 Assisti ao primeiro. E maravilhou-me. E comoveu-me que, no início da primeira aula,quando entrei na sala, ela já estava sentada, muito pontual e cumpridora, na sua cátedra, risonha e vestida com o cuidado que lhe conheço, se tenha levantado (pareceu admirada de me ver ali) e vindo até meio da sala para me cumprimentar.
Não me espantou o interesse dos cursos: foram lições de vida muito importantes. E do mesmo modo não me espantou a sua curiosidade em descobrir a curiosidade dos outros ou a falta de curiosidade de que se queixava. A maioria das pessoas queria fazer perguntas sobre os livros e as personagens das suas histórias, sobre detalhes sem importância.
Tudo isso, julgo eu, acabou por não ter muito valor para a escritora. Se bem que alguém me tenha dito uma vez, “ela não dá ponto sem nó”, é provável que, desta vez, não houvesse nó. Ou se houve não produziu o efeito desejado. Para mim, foi mais uma generosidade sua em que mostrou o seu lado humano e condescendente.
Disse uma vez numa entrevista que não era pessoa de pensamento. Suponho que quis dizer que não se fechava no seu gabinete a reflectir mas que apreciava “captar a frescura da vida”, “apreciar as graças do quotidiano”, coisas que lhe ficavam na memória e que passavam a motivo de reflexão. Não creio que tenha encontrado ali o que decerto procurava, posso estar enganada. Estarei: ela achava sempre uma graça em qualquer quotidiano. 
Particularmente, penso que deve ser conservada a lenda em redor de Agustina e das suas ideias, das suas atitudes… Todos apreciam um mistério a envolver os seus ídolos.
Para mim, além de todos os méritos de que falei, tem o de ser uma pessoa extremamente inteligente e sábia ao mesmo tempo: é verdade que possui uma sabedoria imensa.
É comum que alguém muito inteligente seja infeliz – não sabe lidar com o mundo, não se relaciona bem com os outros, não os compreende nem é compreendido. Essas pessoas estão sempre a procurar o sentido das coisas quando afinal só a ficção precisa de ter sentido.
Creio que Agustina teve desde muito cedo sabedoria suficiente para engendrar uma estratégia que lhe permitiu ter a vida que quis, uma vida de família diferente que baste da das outras mulheres sem as enormes excentricidades e estranhas experiências que dizem que os criadores devem ter para serem interessantes.

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publicado às 08:17

VAMOS LIMPAR PORTUGAL? VÁ LÁ!

por Zilda Cardoso, em 12.10.09

 

Recebi uma mensagem para todos os membros de LimparPortugal
 
 
O mundo pode ser assim, limpo. Ou assim:
 
 
Não podemos perder o entusiasmo,
Força na divulgação. enviem novamente emails personalizados aos vossos amigos, pois agora já muita mais gente conhece esta iniciativa.
TEXTO PARA ENVIAR:
 
Vem participar do projecto "Limpar Portugal" que tem como objectivo erradicar as lixeiras ilegais da floresta portuguesa num só dia.
 
Registe-se em: www.limparportugal.ning.com
 
Página oficial: www.limparportugal.org
 
Visite LimparPortugal em: http://limparportugal.ning.com
 
--
Para controlar os e-mails que deseja receber emLimparPortugal, vá para:
http://limparportugal.ning.com/profiles/profile/emailSettings
 

O mundo limpo também pode ser assim:

 

 

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publicado às 20:06

Tapadas e Jardins

por Zilda Cardoso, em 12.10.09
 
Há dias em Lisboa, percorri parques, praças e ruas, andei cheirando alegremente por lá; por momentos pensei que eles têm jardins muito mais bonitos, mas na verdade não é isso que importa. Estes existem e podemos vê-los e gozá-los, pertencem a todos - lisboetas, portugueses, europeus… Os jardins são universais.
  
Verifiquei se estavam lá, que tal o estado de saúde de árvores e pavimentos e lagos, cores e perfumes e patos-reais (para mim, são todos reais). Divertem-me tanto, mas são tão rápidos que, por mais tentativas, não consigo apanhar a submersão deles em tempo real. Eles são assim daqueles seres que apenas necessitavam de tocar a superfície do mundo para me deixarem encantada. No entanto, vão muito além da superfície ou aquém: mergulham.  
 
 

Foi na Tapada das Necessidades, onde os pavimentos estão sem conserto e dificultam o passear. Porém, garante-nos um cartaz, e eu acredito neles ali tão bem postos, que tudo vai ser refeito em Setembro, que já era, sem ter terminado.

 
Vi uma árvore exibindo flores esplêndidas, maduras e doces de fim de Verão. Era num outro jardim, em frente, ao fundo o rio e a ponte… o céu tranquilo e azul acima de tudo, lá onde não sinto a pressão da cidade, a sua vida e o movimento sem termo, só música segredando segredos.

Fiquei fascinada e queria mostrá-la. Vou mostrá-la apesar da maldade da fotografia.

Vejam outra, de mais perto, sei que há alguém que me vai dizer o nome dela, o nome de qualquer ser é importante para classificação e para agrupar.

 
 
Há muitas em Lisboa da mesma família, com aquele porte.
E, lá estou eu de novo a comparar - não me recordo de as ver no Porto, provavelmente não se adaptam ao clima não-sofisticado, rude mesmo, ou a cor da rosa, intensa, é considerada mais apropriada para cidades joviais e modernas.  Que usam batom e brilho. Silicones e essas coisas.
 

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publicado às 17:30

Prémio NOBEL da Paz

por Zilda Cardoso, em 10.10.09

 

Poderei dizer que raras coisas são agora para mim completa surpresa?
Estou convencida disso, mas aconteceu: Obama foi distinguido com o Prémio Nobel da Paz.
Ando a pensar nele há algumas semanas, neste sentido: tinha escrito meses antes que ele se estava a divertir aquando da sua eleição e dos primeiros tempos do seu mandato.
Mas já não está e eu tenho de falar nisto.
A sua expressão mudou radicalmente - de suavidade sorridente e divertida para enrugada de preocupação. A sua grande actividade e a energia continuam intocadas, mas há mesclado grande embaraço porque o mundo é afinal ainda mais complicado do que parecia. E governar o mundo…
Barak trouxe nova esperança, a esperança de um papel mais construtivo para a política. A diplomacia em que acredita é baseada em “valores e atitudes que são compartilhados pela maioria da população mundial”.
Agora, este prémio como promotor de paz - pela cooperação entre os povos, pela atenção aos organismos internacionais, pela promoção do desarmamento nuclear - que sem dúvida tem sido, complicou a sua vida muito mais.
Vai levá-lo a não cumprir algum dos seus programas internacionais? E que complicação trará o não cumprimento desse programa? Não era a solução aceitável pela maioria da população mundial?
Teria sido propositado da parte dos impulsionadores do prémio fazer sobressair neste momento o seu papel de apaziguador?
São muitas interrogações.

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publicado às 11:35

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