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Michael Jackson e Cristiano

por Zilda Cardoso, em 05.07.09

 

Esta manhã, na Antena 2, ouvi um pouco de uma conversa inteligente sobre alguns heróis do nosso tempo, e tive vontade de falar sobre o tema.
Como é meu hábito, para perceber e definir o que é um herói, consultei a enciclopédia, o dicionário, os próprios livros de heróis clássicos como a Eneida, a Ilíada, a Odisseia. Foi apenas um folhear, fiquei desejosa de disposição para reler estas aventuras exemplares.
A ideia que me ficou foi a de que o herói é uma “figura arquetípica que reúne em si os atributos necessários para superar de forma excepcional um determinado problema de dimensão épica”. A sua condição é semi-divina e portanto ambígua. É humano e complexo psicológica, social e eticamente; e é divino pois que nenhum humano tem as virtudes de fé, coragem, força de vontade, determinação que ele mostra e lhe são próprias.
Em geral, conduzem-no ideais nobres e altruístas, mas pode ter objectivos egoístas motivados por vaidade, por orgulho, por ódio. Utilizam as suas grandes virtudes para realizar acções mesmo ilícitas mas “moralmente justas” ou “eticamente aprováveis”. (Não podemos esquecer que os mesmos actos podem ser justos e aprováveis para uma cultura e reprováveis para outra.)
Funcionam como modelos e as competições e os conflitos são situações ideais para realizarem os seus feitos ditos heróicos. Também é possível o próprio herói estar em conflito consigo. E temos que contar com o seu temperamento que pode ser o de Aquiles ou o de Heitor.
Pode ser o de Michael Jackson ou o de Cristiano.
Jackson será o herói/rapazinho muito próximo da sua condição humana mas capaz de a superar em momentos que exigem esforço extraordinário e que têm a ver com a “necessidade de aceitar um desafio que pareça atraente”. Sente que tem talento para isso. E quer ser conhecido e admirado.
E interrogo-me se as suas acções de herói-em-conflito podem ser consideradas justas e aprováveis mesmo sendo ilícitas. Tudo isso que obteve lhe custou demasiado caro: custou-lhe a vida que viveu infernalmente desde criança e o fim trágico.
Não, não parece de copiar a vida deste herói que pode ter sido o “fundador de uma cultura”.
Quanto ao outro rapazinho, apenas desejo que se supere não se deixando influenciar pela loucura colectiva que tem pouco a ver com as suas acções e de que não é culpado. Ou de que é culpado apenas na medida em que é o melhor no seu ofício num momento e num mundo que lhe é inteiramente favorável.

Desejo que ele seja um optimo jogador de futebol por muitos anos e principalmente o herói perfeito, bom e justo, o que controla as suas acções e será capaz de ir pelo mar fora em busca de um novo começo de vida (para si e para os que o seguirem) quando esta se tornar insuportável. Essa será a missão que o transcende e é capaz de cumprir, aí ele será o herói indestrutível.

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publicado às 19:46

Em busca da mensagem perdida

por Zilda Cardoso, em 04.07.09

 

 Observo os pássaros, mais para perceber o que eles escrevem no céu do que por outra razão qualquer.

Contudo, são tão subtis e tão rápidos que não consigo distinguir as palavras.  

Todos os dias, tento sem grandes resultados, e sem dar o meu tempo por perdido. É bom para mim: tenho sempre uma tarefa, mesmo quando não há nada que faça.

 

 

Os pardais também riscam sobre os arbustos verdes e sobre os amarelados e os castanho/avermelhados com pequenas manchas amarelo-claro pelo meio (é bonito o campo). Mas também esses passam tão rapidamente que não consigo distinguir os traços, as linhas, os contornos… o que quer que seja que esboçam. E que não fica para análise demorada.

Por vezes, é sobre o mar, são gaivotas, voam e é o mesmo, cruzam rotas, complicam os efeitos, com muita ou pouca luz, com ou sem sombras… mas não há clareza nas suas mensagens. Quer dizer, no caso das gaivotas talvez…

Não. Não há clareza.

 

 

E fico preocupada: é que pode ser importante.

Desvio a atenção para detalhes, mas volto sempre aos pardais, aos melros e às andorinhas, aos outros todos.          

As grandes aves de rapina, apesar do bico enorme e curvo, não escrevem… ou escrevem enormes parangonas que não me interessam, detesto que me gritem. O mais certo é desenharem grandes obras de arquitectura, parece-me.

Elas são tão superiores, voam tão alto que me é difícil ter a certeza. No entanto, vejo que projectam e delineiam sempre a preto sobre azul, sempre sobre azul. Assim, devia ser fácil saber de projectos, deslindar possíveis recados.

Não é.

Por isso, peço aos que sabem muito sobre aves voadoras que me ajudem a descodificar o que toda essa gente escreve com insistência sobre o azul. Pelo menos, sobre o azul.

 

 

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publicado às 10:04

A festa continua...

por Zilda Cardoso, em 02.07.09

 

... nas ruas da cidade. É uma festa diferente que tem acontecido cada dois anos, nos tempos modernos.

Há porém uma história de corridas de carros no Porto que vem de há muito. Recordo de como me entusiasmava quando era miúda e via as grandes estrelas do automobilismo no nosso passeio da fama  ou correrem nos seus belíssimos, brilhantes e aerodinâmicos carros. 

Refiro-me ao Circuito da Boavista.

Aprecio corridas de automóveis, sobretudo quando, como agora, decorrem perto de minha casa onde posso observá-las, da varanda.

Mas gosto de sair à rua e deambular por ali, parar nas curvas onde as pessoas se acotovelam para ver como cada corredor se desenvencilha dos obstáculos, onde acelera,  em que momento trava.

 

 

E é bonito vê-los aparecer subitamente e depois numa explosão desaparecerem,  talvez para sempre, talvez por uns minutos. Há um mistério que os envolve e que nos faz fantasiar. Para já, e desde Maio (não se dirá que não foi começado este movimento a tempo, não se dirá… com improviso), as ruas estão a ser modificadas, quase reconstruídas, redesenhadas para servirem melhor os corredores, os espectadores e o acontecimento, e há as bancadas cinzentas e vermelhas, aqui e ali, e outras construções que eu não sei para que são, mas são, estão lá e portanto presumo que têm utilidade.

 

 

 Apesar de terem iniciado os trabalhos tão cedo, há uma grande azáfama neste último dia. Irão trabalhar toda a noite?

 

 

Sinto um clima geral de benevolência em relação aos inconvenientes para o trânsito e para os moradores - teremos centenas de milhares de visitantes que vão gastar dinheiro e dar fulgor à cidade, é um bom investimento.

E depois… é a festa que continua

 

 

 

 

 

 

com D. João VI indiferente, aprumado no seu cavalo, a olhar e a sonhar com o Brasil.

 

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publicado às 21:24

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