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Com a ajuda do Tio, a Minie montou um negócio que pode ser importante nestes tempos de crise económica; e de crise financeira; e de crise política e... doutras crises, como a de excesso de tempo livre.
Refiro-me à indústria e ao comércio de telemóveis para todo o norte do País.
A Minie ou Mini (pronuncia-se da mesma maneira) vai à praia e colhe pedras chatas e alongadas e transforma-as em telemóveis. Pinta e cola e junta livro de instruções.
Arranja uma mesa e colaboradoras e vende.
No dia da inauguração da exposição de fotografias na galeria da Quinta do Casal em Ponte de Lima, estava tudo pronto às cinco da tarde: ela principiou a divulgar a sua arte no improvisado atelier da galeria.
Auxiliada pelas amigas, mostrou como se faz, como se vai em frente, como se ocupa o tempo de lazer com uma actividade lúdica para ela e para os outros. E ganhou o seu dinheiro.
Foi o tempo da festa de abertura da exposição de belas fotos de A. de Lima, edição da Vantag, dirigida agora por Jorge Cardoso.
Os convidados divertiram-se com a iniciativa da Minie que ouviu atenta a música do violoncelo, sem esquecer nem por um minuto o recheio da sua caixa.
Rui Tavares escreve:
"Três quartos das leis por que nos regemos passam pelo Parlamento Europeu. Decisões já tomadas pelos líderes podem ser chumbadas pelos eurodeputados".
" É no Parlamento Europeu que o debate de ideias mais profundo se vai fazendo de forma crescente..."
Se é assim, é importante não nos abstermos de votar por razões frívolas. Devemos votar no candidato que melhor satisfaça os nossos desejos de uma política global que esteja de acordo com as nossas convicções, sentimentos, conhecimentos, experiências. Naquele cujo pensamento esteja mais próximo do nosso, dos nossos anseios. Aquele que seja mais capaz de defender os princípios que consideramos importantes para que o mundo não seja apenas o melhor para os nossos filhos, mas também o melhor para os nossos pais e para os nossos avós.
Pois nem tudo está concluido. E podemos voltar atrás. Porque temos que nos preocupar com os nossos filhos, os nossos pais e os nossos avós para que sejam os melhores para o mundo que estamos todos continuamente a construir para todos.
As boas decisões não estão tomadas em absoluto, concordo com R.T. Vão-se tomando decisões: as boas... serão dos que pensarem melhor, dos que estiverem mais próximos do próximo, não apenas dos líderes.
"Não acredito que a lição da crise tenha sido apreendida; na primeira ocasião, os governantes, os banqueiros e os opinadores esquecerão tudo e voltarão aos velhos hábitos."
O debate de ideias mais profundo tem que continuar e não é decerto pelos que pensam que têm tudo inspeccionado, conferido, orientado, com boas decisões tomadas, e que nada de mal vai voltar a acontecer. Não serão esses que vão continuar a aprofundar o debate.
“Venho desde já informar que a apresentação do meu livro "Os Senhores da Vida e da Morte" no Porto vai ser no próximo dia 30 de Maio, na Almedina do Arrábida Shopping, pelas 21h com a presença garantida do Prof Daniel Serrão como apresentador...
“Terei todo o gosto de poder contar com a sua presença e de todos com quem queira partilhar esta informação, aqui no seu blog ou na sua vida real. Obrigado e até breve.”
Este é o convite do autor Carlos Almeida, a que junto o meu: gostaria muito que acompanhássemos o nosso amigo e habitual comentador deste blogue nesta sua importante jornada.
Ainda não li o livro, por isso, não posso dizer dele muitas coisas, mas, se todos o lêssemos, podíamos discuti-lo aqui no blogue, espécie de comunidade de leitores. Seria interessante.
E a apresentação de Daniel Serrão vai ser de certeza muito especial.
Encontramo-nos lá no sábado, 30 de Maio.
No caderno do Público biodiversidade, há um artigo de Helena Geraldes sobre cidades do futuro que achei particularmente interessante.
Os arquitectos canadianos responsáveis pela ideia e pelo projecto batem-se por uma cidade ecometropolitana em que todos os seres vivos podem viver em paz, isto é, estimados uns pelos outros. Suponho que os selvagens deixariam de ser selvagens, ou os domésticos passariam a selvagens... com eficientes lavagens ao cérebro.
A ideia é que os animais selvagens como leões e ursos têm direito a viver nas cidades que nós construimos. Por isso, vamos passar a desenhar cidades que permitam a integração de animais selvagens.
Haveria cotas - tantos humanos dão direito a ... tantos lobos; tantos coelhos a... tantas baleias... e assim por diante.
A ideia de viver com uma águia não no telhado mas na casa agrada-me muito. Ela ensinar-me-ia coisas que sempre quis saber: a voar com aquela facilidade e limpidez que lhe conhecemos e eu talvez lhe pudesse ensinar moderação e outras noções sedutoras.
Nos edifícios, haveria espaços exteriores próximos dos interiores, grandes janelas e telhados verdes para as aves e as plantas. E corredores para as espécies que apreciam largos espaços...
Como conviveríamos com tigres, por exemplo? E o que é que eles comeriam?
Nas caves iluminadas, haveria golfinhos e tubarões e carpas!
Nas nossas cozinhas, nos balcões, teríamos plantas aromáticas e perfumadas a crescer por todos os lados e tomateiros a pender do tecto.
"A cidade irá produzir condições sociais, económicas e ambientais proveitosas para todos os habitantes", terão explicado os arquitectos Mari e Mathew.
Eu fiquei a sonhar com estas cidades do futuro e a prometer ir tratar bem de mim: não quero morrer antes de participar nisto que brilha.
Diz José Manuel Fernendes, no Público de 22 de Maio último...."é uma boa ocasião de lembrar que todos os seres vivos devem ter lugar no nosso planeta".
Que sabe ele disso? Quem é que sabe disso? E quem sabe que esses seres são únicos, insubstituíveis etc. Talvez a biodiversidade seja de facto uma marca de iogurte ou uma forma de o governo cobrar mais impostos... pois, é tão estranha!
"O mais natural" (natural?) "é que todos os dias o número total de espécies diferentes diminua."
... "o ritmo a que estão a desaparecer as espécies mais complexas... a destruição do património biogenético - um património que não pertence apenas à humanidade... - tem vindo a acelerar".
Como? Cada um luta pela sua sobrevivência. Não estamos a destruir o que nos foi dado para preservar. O mundo não nos pertence. Estamos aqui e não sabemos porquê, nem o que nos cabe fazer. Não sabemos donde viemos nem para onde vamos.
"... todos os anos são identificadas milhares de novas espécies...", diz ainda José Manuel Fernandes. "... ao longo de milhares de milhões de anos, as espécies foram surgindo e desaparecendo, ao longo de um processo evolutivo que continua a surpreender-nos..."
Então está tudo bem.
O que parece importante é que devemos sobreviver, lutar por isso como qualquer outro ser vivo.
Ao construir seja o que for, destruimos.
Devemos então construir apenas o que for necessário para sobreviver sem crises profundas e demolidoras.
E temos que não destruir mais do que necessitamos, por gulodice.
Saberemos fazer isso?
Ontem foi o dia mundial da biodiversidade e o jornal Público publicou um caderno dedicado ao tema.
Isso levou-me de regresso a Viena e à casa que não pode ser visitada por dentro por estar habitada, mas que, por fora, é espectacular de diversidade. É ponto obrigatório de visita turística e, dizem as propagandas “é o lugar onde milhões de pessoas de todo o mundo se tornam conscientes do seu desejo de uma vida que se harmonize consigo próprios e com a natureza. Daqui voltam para os seus países com uma nova esperança.”
Não compreendi isto muito bem ao olhar a casa ou o conjunto de casas que me pareceu um objecto estranho, extremamente colorido, sem dúvida, rico de diversidade em materiais e formas, onde as plantas crescem em todos os balcões, varandas e telhados. Daí a poder dizer-se que é o lugar onde pela primeira vez na História seres humanos e natureza vivem juntos com iguais direitos… há uma grande distância.
Criado pelo artista Hundertwasser e pelo arquitecto Krawina, representa um ponto de partida para edifícios artísticos na Áustria e noutros países, pelo que li. A mim pareceu-me um objecto de arte aplicada, de arte nova flamejante, imensamente divertido e maravilhosamente assimétrico. Na aparência mais artesanal e mais fácil de realizar do que a casa Milá, de apartamentos, em Barcelona, desenhada em 1905 por Gaudi, tem esculturas como elemento decorativo, ferro forjado nas varandas, vidros e cristais de joalharia em pilares construídos com bolas brilhantes coloridas separadas por anéis que sustentam pesadas estruturas de cimento armado; vãos e volumes e estuques pintados de cores intensas sem preocupação de equilíbrio ou segundo uma estranha ideia de harmonia.
A obra pode modificar muito o gosto do público que a visita, mas não parece prestar-se a grandes projectos de arquitectura.
Ficará, suponho, como uma curiosidade e não como um novo estilo, desejo dos seus criadores.
(há mais imagens desta casa no meu post Solidariedade, Partilha, Interdependência)
O Belvedere ou Belavista, dois magníficos palácios do século XVIII, residência de Verão do príncipe Eugénio de Sabóia e general austríaco, projectado pelo arquitecto von Hildebrandt, é de espectacular beleza barroca. Das janelas do salão de mármore do Alto Belvedere, avistam-se maravilhosos jardins e a cidade que anuncia para uma dessas noites um festival de música, de teatro e de cultura ao ar livre: não vi o espectáculo, mas as parangonas iam para Dulce Pontes e para Randy Crawford. Ambas as vozes se iam fazer ouvir na gala de abertura na Rathausplatz, a da fadista portuguesa e a da cantora de jazz americana.
Os festivais semanais durante os mêses de Maio e de Junho são uma tradição que data de 1920 em Viena. Podem ser de cinema, de opera ou outros.
O que me leva ao concerto na sala Brahms com a Wiener Mozart Orchester ocupada em tocar músicas muito populares e facilmente reconhecidas por toda a gente. Aplaudida por um público entusiasta, a orquestra nos seus trajes mozartianos e, do mesmo modo, os cantores e o maestro devem sair dali muito felizes todas as noites.
Observámos com muita curiosidade a Igreja de S. João Baptista, da Ordem de Malta, na karntnerstrass, construida no século XV em estilo gótico, possivelmente sobre as ruinas de uma casa da mesma Ordem que há novecentos anos presta serviços ao próximo.
No século XVIII, foi pintado o retábulo e colocado o belo orgão barroco no coro alto.
Há nas paredes brancas laterais e sob o coro escudos de armas de antigos priores, muito coloridos e decorativos.
Uma elegante escultura de Santo António de Pádua de madeira está à entrada do lado direito e pode ver-se o magnífico fecho da abóboda gótica com o motivo do leão, com pesada carga simbólica cristã, em baixo relevo.
Se a Europa é uma comunidade, tem que haver entre os seus membros solidariedade, partilha e interdependência.
Acho que vale a pena repetir aqui algumas das palavras da Laurinda Alves na sua declaração final, ontem na RTP.
São frases simples e muito significativas.
... aprofundar a dimensão humana da Europa
... história de reconciliação e de grande perdão
... recentralizar o olhar nos "pais fundadores"
... num continente ferido... depois de duas grandes guerras, quando era impensável sentar à mesma mesa alemães e franceses, um grupo conseguiu estabelecer uma lógica de solidariedade e de interdependência... uma lógica fundacional... que permitiu a reconstrução...
.. os políticos não são todos iguais, não são todos maus, há políticos humanistas, de grande visão...
... a Europa não é apenas uma comunidade de instituições....
... há um crescimento para além do económico.
... há que acolher os emigrantes... acolher, não tolerar.
... só crescemos na unidade desta diversidade
... dividimos multiplicando...
... solidariedade, partilha, interdependência.
O programa da RTP de ontem da Fátima Ferreira esteve de novo estruturalmente errado. A ideia, pensava eu, era que os novos partidos que concorrem a essas eleições apresentassem e explicassem o seu programa. Os velhos, os grandes, já tinham explicado, esclarecido e confundido, criticado os vizinhos e falando todos ao mesmo tempo. Mais uma vez, ficamos a saber qual o seu modo de pensar e de agir, que é sempre o mesmo seja qual for o candidato, porque é o conhecido pensar do partido a que cada um pertence. Não trazem nada de novo. Porém, ficamos com uma certeza: a de que não nos agrada o que propõem, não nos agrada nada.
E todos podem calcular que um programa daquele género não pode ter 13 candidatos, todos com o mesmo direito e o mesmo tempo de faladura. Os velhos, useiros e vezeiros naquele tipo de debate para que parecem ter nascido, açambarcam-no para não dizerem nada e impossibilitam os outros de dizerem o que estávamos ali à espera que dissessem. E decerto o que eles esperavam poder dizer.
O programa foi um triste remedeio e não remediou nada, não repôs nenhuma justiça, foi inteiramente inútil. Um desperdício que cada um de nós interpretará à sua maneira.
Calculo que os que tinham esperança de que finalmente fossem poder escolher com conhecimento de causa ficaram muito desiludidos. Os conhecimentos com que ficámos foram laterais e não têm nada a ver com o que foi explicado, com o conteúdo das intervenções.
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