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Acredito que Laurinda Alves, candidata pelo Movimento Esperança Portugal ao Parlamento Europeu, pode alcançar o que nunca foi conseguido ao longo dos anos da nossa pertença à União Europeia. E desde antes quando, pertencendo ao continente europeu, não nos dávamos muito conta disso: a Laurinda pode conseguir que os portugueses se sintam finalmente e confortavelmente europeus.
Ela deu provas ao longo de muitos anos de jornalismo, de cidadania activa e de participação voluntária social, deu provas de que é a escolha ideal para ser a ponte necessária entre as pessoas e as instituições.
Acredito que vai estar “próxima e atenta” aos problemas das pessoas (o que não é exactamente o mesmo que estar atenta aos problemas dos países) e continuar a defender as suas causas e os seus projectos.
Representará bem as pessoas portuguesas nos centros de decisão, no Parlamento Europeu, porque conhece e sabe dizer com palavras simples quais as suas expectativas – o que as preocupa e pode ser ali resolvido.
Este é, na verdade, um contributo positivo.
Como a Laurinda afirma, “todos podemos contribuir para melhorar a realidade”e “só há caminho para a Humanidade se todos tivermos caminho”.
Vai valer a pena escutar as palavras de Laurinda Alves para saber o que será uma Europa de rosto humano. Interessa-nos a todos.
Por isso, vamos ouvi-la.
Na Quinta do Casal em pleno Inverno:
Esta é a casa por trás das árvores, à mistura com nevoeiro azul:
E a Casa à noite:
Aqui está um dos meus pinheiros favoritos:
E o lago com os seus reflexos:
Estou a passar por aí uns dias de sol e de tranquilidade.
Coisas… como… bom… O que pretendo é… ajudar a não desalinhar o mundo mais do que ele está. Quando era pequena, olhava com curiosidade para o globo terrestre e perguntava-me porque estava ele inclinado. Mais tarde, soube pormenores bem interessantes sobre esse globo.
Aquele era de folha, com desenhos coloridos – vermelho, azul, cor-de-rosa, amarelo - e tinha um eixo preto de metal sobre o qual era possível fazê-lo rodar. As extremidades do eixo estavam presas a um arco preto do mesmo material. E formava um ângulo com a mesa sobre que se pousava o pé redondo do objecto. Em geral, era iluminado e decorativo. Não pensei, na ocasião, que ele fosse de estudo, parecia mais um brinquedo.
Fui tendo algumas noções sobre ele ao longo da vida, mas nunca estive muito certa delas. Por exemplo, aquela esfera representava o lugar, isto é, o planeta em que vivíamos. Parecia tão estranho! Para mais, de forma geóide e inclinado!
E rodava em volta de si próprio – o globo verdadeiro, o de carne e osso, quero dizer, aquele planeta que habitávamos, e que, em simultâneo, girava em torno do sol a boa velocidade. Como é que nós, seus habitantes e ainda por cima, pousados, apenas pousados na superfície, nos podíamos suster sem andar para aí aos tombos? Aos trambolhões, aos chutos e biqueiradas, às cabeçadas, violentamente atirados uns contra os outros… Trinta quilómetros por segundo é a sua velocidade de translação, meio quilómetro por segundo a de rotação…
(cena do contrato)
Como não estariam os habitantes da Terra danificados da cabeça e radicalmente deteriorados doutras porções do seu corpo?! Não me admirava que os nossos comportamentos fossem destravados. A nossa vida só podia ser uma cena burlesca no género das que os irmãos Marx inventaram e representaram no cinema. Eles desarticulam a Ópera (nada mais formal) e transformam-na em circo, e os diálogos em delírio de palavras. O filme passado no último domingo em Serralves, UMA NOITE NA ÓPERA, testemunha isso. Tem cenas hilariantes, de chorar a rir, como as duas famosas, a do contrato e a do quarto. Simulam exactamente o que deveria acontecer se estivéssemos em movimento de translação e de rotação em simultâneo com outros movimentos como dizem que estamos.
(cena do quarto)
Apesar de tudo, não acontece tal qual. Por isso, não acredito naquela ciência.
O que esperava até há pouco era ajudar a ordenar o mundo, a pô-lo vertical, e sem brechas, sem manchas, sem irregularidades, sem ondulações, enfim, uma coisa bonita de se ver.
Pensando longamente, no presente, a minha vontade é contribuir para manter o mundo tão desalinhado como o encontrei.
Horas-a-passarem-depressa, é um acontecimento que não me incomoda em particular; nem me amotina que os dias se vão do mesmo modo… e os meses... mas, os anos, sim. Anos-a-passarem-com-a-celeridade-de-ultimamente, afecta-me muito.
Acontece que, de surpresa e à socapa, quero dizer, sem que eu dê por isso, os anos atingiram um soma elevadíssima; o que em verdade não pode ter nada a ver comigo.
Sobressaltando-se com o meu sobressalto, há pessoas que me perguntam quais são os inconvenientes de ser mais velho. Eu respondo com as vantagens, que são algumas e consideráveis.
Para já, não me sinto ”a empatar”: estou muito ocupada, não tenho espaços vazios, a vida flui. Deixo-me viver e, o que é mais importante, deixo que os outros vivam. Sou muito feliz com este arranjo.
Quando era jovem, quereria conquistar o mundo; já não quero. Nem ser dona dele. Tenho uma coisa maravilhosa e compensadora: um deus, um deus maior que, se bem que tenha criado tudo à minha volta – seres animados, inanimados e desanimados - tem uma nítida preferência por mim. Sou sua filha dilecta, nada de mal me pode acontecer. Ele garante-me o bem e a justiça.
Perguntam-me também por que razão só agora escrevo. Começa por não ser verdade: escrevo desde que aprendi a escrever. Era meu hábito criar pequenas histórias, algumas para crianças, poemas sofridos, frios ensaios, artigos provocatórios de intervenção social, relatos de viagens, cartas fraternas, histórias próximas de uma realidade amalgamada com fantasias desenfreadas. Porém, enfim, histórias que são também história e que ficarão como documentos de uma época.
Acho divertido trabalhar a linguagem, criar a esse nível. Isso gostaria de ter sabido fazer bem. Nunca me interessei por romances, não me agradou escrever romances que, para mim, são histórias enredadas, (não me compreendam mal), próximas do mexerico mais ou menos romântico, em que nunca quis colaborar.
O que não quer dizer que não tenha uma admiração imensa pelos romancistas, pelo seu trabalho, pela imaginação, pela originalidade, pela disponibilidade e exposição, pelos conhecimentos que revelam, pelas suas preocupações com o mundo, pelas opiniões por que se responsabilizam, pelos valores que divulgam e encarecem, pelos objectivos, pelos afectos que dão a partilhar, pelo espaço que oferecem para nossa reflexão.
Através deles, que não pretendem encontrar soluções para nenhum problema, podemos chegar às verdadeiras questões… E é isto que os torna fundamentais. Como de resto … o são todos os verdadeiros artistas.
Quanto a mim, tenho ainda algumas coisas, alguns pormenores para contar.
Estive na Índia há alguns anos com um grupo excelente que me permitiu entrar nos palácios e conhecer as melhores casas e as grandes famílias. E ser recebida por gente excepcional, ligada à cultura portuguesa. A visita do grupo centrou-se em Goa, naturalmente.
Falarei um dia desta viagem que se não repetirá… do que me ficou dela.
Recordo hoje uma grande amiga que conheci e com quem privei em Goa, uma senhora extraordinária pela sua generosidade para com a humanidade inteira. Residia em Margão e, todos os dias em que estivemos na região, fomos recebidos calorosamente no seu solar, a meio da manhã, antes de partirmos para qualquer aventura, com muitos sorrisos e carinhos e um sumo de fruto exótico que nos era posto literalmente nas mãos. Ou um chá inexplicável que mesmo com uma pontinha de leite não perdia a bela cor castanha dourada, e que mais ninguém sabia fazer tão bom. Ou então havia um fruto, possivelmente papaia ou manga, colhido no jardim naquele momento e que nos era apresentado delicadamente como alguma coisa fundamental para a nossa vida e que não podíamos perder. Não podíamos, de facto: o sabor não tinha nada a ver com o dos frutos semelhantes que compramos no mercado. Neles procuro sem êxito o perfume e o gosto dos de Margão.
Fiz a mim mesma a velha pergunta: Por quê eu? Mereço todo este carinho?
Logo depois compreendi que para a Telma, toda a gente merecia carinho, solidariedade, gratidão.
Era extremamente discreta e, no entanto, a sua actividade multiplicava-se: era uma mulher de acção. Na sua casa, podia cozinhar, bordar, arranjar flores... e executar com paciência qualquer outro trabalho, mesmo muito simples ou duro. Desde que pudesse ser mais agradável para alguém feito por ela, fazia-o com gosto.
Oriunda de uma família nobre do norte de Goa, os Pinto de Candolim, mas nascida em Belgaum, estudou nesta cidade, onde se licenciou. Trabalhou alguns anos em serviços administrativos e como professora. Falava várias línguas, sabia cantar e dançar, foi concertista e excelente professora de piano, interessada no aperfeiçoamento dos seus alunos numa dimensão muito humana.
A minha amiga Telma, casada com o Juiz Eurico Santana da Silva, era cheia de amor e devoção à sua família e aos amigos. Desejava que todos estivessem felizes em cada momento, e trabalhava para isso com o que poderia ser chamado espírito de sacrifício. E como não esperava que as dificuldades se resolvessem por si, aperfeiçoou-se em conciliação e no governo de conflitos.
Quando três dos seus filhos decidiram ficar em Portugal, onde todos estudaram e tiraram os seus cursos, ela passou a vir ainda com mais frequência visitá-los, ajudar, privar com os netos entretanto nascidos, vê-los crescer. E, se até ao seu nascimento, tinha sido mãe a 100% passou a avó a 150%. Escrevia histórias para eles e enviava-as por correio, endereçava-lhes recortes de jornais com imagens ou histórias que lhes poderiam interessar, telefonava todos os dias...
Mas agora, a Telma não está.
Um brutal acidente de viação nas estradas problemáticas da Índia criou de um momento para o outro um vazio enorme nas vidas dos seus familiares e amigos.
Foi uma perda irreparável que abalou a nossa vida - as vidas de todos que a conheciam e estimavam, os que a amavam e que, num primeiro momento, terão chorado sem compreender. Porém, esses que aprenderam com ela a transformar o sofrimento, são agora mais compassivos e solidários.
Todos sabem que, ao permitir que os outros desabrochassem, ela ajudou a criar uma sociedade melhor.
Por que havia outros para a Telma.
As mãos tornaram-se um objecto fascinante para o meu neto. Posso mostrar-lhe e oferecer-lhe brinquedos coloridos, macios, musicais, perfumados, com bom paladar… mas nada lhe importa como as minhas mãos.
Passa a minúscula mão dele, uma coisinha atraente e perfeita, uma curiosa obra de arte, ou as duas pelas minhas, passa com cuidado, extremamente atento, a senti-las serenamente, com gozo… fica zangado se lhas retiro.
É com toda a nitidez um encantamento, e eu não tenho a audácia de o desiludir. Felizmente, penso ainda, está muito longe de saber falar, muito longe, se bem que a expressividade do seu rosto me dê a certeza de que pensa coisas essenciais. Eu é que sou visceralmente ignorante acerca delas, embora me tenha julgado, até agora, capaz de adivinhar algumas. São em verdade pensamentos íntimos, profundos, onde o meu raciocínio não chega.
Há outras maneiras de ordenar o mundo para além daquelas com base na razão, como a filosofia e a ciência. A religião e mesmo a mitologia são tentativas muito válidas de o ordenar. Penso por vezes que o mito está mais próximo da realidade do que qualquer outro arranjo.
Não se trata de mito: o meu neto, que nasceu sábio e está atento ao que o rodeia, descobriu coisas acerca das minhas mãos que eu ignoro. Mesmo a Internet não sabe, já verifiquei.
Vejo-as com manchas de vários tamanhos e formas e cores a despropósito. Reproduzem um mapa do género do metropolitano de Paris, complexo de veias onde corre sangue quente não vermelho nem azul, mas verde… tudo coberto de pele de cor indefinida e amarfanhada de muitas maneiras. Além dos caminhos verdes, há outros em relevo esbranquiçados que vão a outras paragens, a diversas estações.
Todavia, de que se trata? Nunca tinha reparado em nada disto que é fácil e superficial e não me leva muito longe. O neto tenta chamar a minha atenção para coisas profundas que eu não sou capaz de perceber a ponto de as traduzir em palavras.
Palavras? É que só tenho aprendido a pensar com palavras. E a entender o que pode ser dito com palavras. E a transmitir os meus pensamentos pobremente com palavras.
Ele conhece outras maneiras, sabe.
Divulgo com muito gosto as actividades deste grupo que, além de apaixonado por teatro, adora a sua cidade.
TE-ATO (Grupo-Teatro de Leiria)
Para quem ainda não teve a oportunidade de assistir, uma representação extra
(os lugares disponíveis estão sujeitos a reserva prévia para teatroleiria@gmail.com ou pelo 962904385)
Sexta-feira | 20 de Fevereiro | 21h30
Ás de Paus. Dama de Copas
Direcção de Sala: Maria Manuel da Rocha
Texto: Sandra José
Interpretações: Alexandra Conde | Ruben Dias
Apoio Técnico: Diana Moreira
Fotos: Pedro Gonçalves
Direcção de Produção: Maria Manuel da Rocha Marques
Direcção de Actores: Ana Rita Santos
Encenação: João Lázaro
72.ª Produção do TE-ATO
UM POEMA PELA CIDADE
A nossa Cidade será sempre aquilo que fizermos dela e o tudo que fizermos por ela.
Leiria merece o melhor de cada um de nós. No Dia Mundial da Poesia (21 de Março) a nossa Cidade oferece-se a si mesma através do gesto poético de quantos Autores se quiseram associar a esta iniciativa.
Pela Cidade irão passar actores, músicos e trovadores que oferecerão a quem passa os poemas dos Autores que oferecerem "um poema pela Cidade".
Ofereça, pois, o seu sentir feito poema à nossa Cidade.
Os poemas deverão ter, preferencialmente, até 600 caracteres, fazendo-se acompanhar da indicação "um Poema pela Cidade" e o seu nome.
Deverão ser enviados para teatroleiria@gmail.com. Se preferir faça a sua entrega na Divisão da Cultura da Câmara Municipal de Leiria, na Livraria ARQUIVO ou no TE-ATO (Grupo-Teatro de Leiria), até ao dia 28 de Fevereiro.
Os poemas, após apreciação, serão distribuídos e acompanhados por gravuras dos artistas plásticos Jorge Vieira e Nuno Vieira no dia Mundial da Poesia. Os actores do TE-ATO, o trovador Luís Gonzaga e o músico Mário Dias acompanharão esta iniciativa que percorrerá as ruas da cidade (15h00 – Livraria ARQUIVO | 15h30 – Mercado de Santana | 16h00 – Praça Rodrigues Lobo | 16h30 – frente ao Teatro José Lúcio da Silva | 17h00 – Jardins das Galerias do Lis).
Contactos e mais informações:
Maria Manuel Rocha Marques (Directora) 914 660 772
João Lázaro (Director Artístico) 962 904 385
teatroleiria@gmail.com | www.teatroleiria.com.sapo.pt
Ontem na estrada a caminho de casa, ouvi com espanto o discurso com que Francisco Louçã encerrou a convenção do seu partido, o B.E.
Na verdade, não gosto do seu tom e por isso habitualmente não o ouço para além dos 2 ou 3 minutos que me permitem saber que nada foi alterado.
Porém, desta vez, escutei e estranhei.
Disse que ouvi com espanto, porque nunca me tinha apercebido de que ele fosse um fazedor nato e altamente eficiente de discursos políticos. Ou aprendeu muito com a experiência dos últimos anos.
Quem teria dito com mais clareza, vivacidade, habilidade, o que pretendia e tão ao gosto dos ouvintes?
Não estou a afirmar que concordo com ele, com as suas ideias, nem digo que discordo: apercebi-me agora da sua extrema eficácia como político teórico.
Sei que afirmou muitas verdades, coisas que precisavam ser ditas com tamanha convicção, firmeza e racional dramatismo. E disse outras sem o menor sentido de oportunidade. E isso seria imperdoável se não percebêssemos que estava ali para conquistar poder e liderança, interesse seu e do seu partido.
A crise económica e financeira dos últimos tempos... concebemos que é real e não demagógica...alterou e tem que continuar a alterar o que desejávamos para nós próprios e para a sociedade. Podemos continuar a desejar, mas para um futuro presumivelmente longínquo... já que temos a ideia de que há uma realidade complexa que é o mundo em que vivemos, que deve ser considerada, antes de propor sonhos e fantasias.
Se cada um deve dizer o que pensa, deve também pensar o que diz e, no caso de um dirigente político em boa posição para conquistar poder, deve pensar o que diz de uma forma… como direi… muito larga e solta: tem que ver para o longe.
Haverá lugar para reivindicações como as que F.L. enunciou? Ou será ocasião de trabalhar no serviço da comunidade com lealdade e a competência demonstrada no discurso, sem firmar conflitos e guerras ilegítimas?
Agrada-me muito que exista um partido como o B.E. que declare com convicção e com força umas quantas verdades que aos outros não interessa asseverar, mas é esse o seu papel e não nenhum outro, não a conquista do poder e do governo, como parece ser agora a sua ambição.
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