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A grande novidade (!) de hoje é que fui à praia, andei sobre a areia húmida, com um sol resplendente a aquecer toda a zona e uma – UMA – jovem pernalta a vigiar-me dos rochedos com particular atenção.
(as minhas passadas na areia)
Eu caminhei com cuidado, marcando fundo a areia lisa, e espreitando a restinga em busca de moluscos inéditos e pensando que ali não encontraria senão caramujos. Calculei que biliões de caramujos de várias formas e cores estejam por ali, mas nunca beijinhos.
Quando era miúda e vinha para a praia do Molhe com primos e amigos, era o mesmo. Se queria beijinhos, tinha que ir a Leça procurá-los. Ali havia mesmo a Praia dos Beijinhos, onde de certeza se encontrariam.
Não era porém fácil ir a Leça - tão longe! – era necessário autorização superior e alguém de confiança que nos levasse lá.
(lá está a pernalta!)
Mesmo de autocarro, que era o mais certo, pois na época nem toda a gente tinha carro nem ia para a praia de carro, morando na cidade.
Sorri com estes pensamentos, com as diferenças: Leça longe, autorizações da família para movimentos tão visíveis, interesse apaixonado por conchas mesmo especiais… atitudes simples, gestos ingénuos.
Ai como é diferente… ai como é diferente…
(o beijinho pre-histórico)
De súbito, ali à mistura com todos os pensamentos meus e aquelas conchas há muito vazias, vi um beijinho, um só, solitário!
Quase dei um grito: Como é possível?!
(tão bonito!)
Ganhei o meu dia. Há quantos anos não apanhava um beijinho assim pequeno e modesto? Tão cheio de sol e solitário!
Levo-o comigo, poderá ter sombra mas nunca mais estará só.
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