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A praia do meu beijinho

por Zilda Cardoso, em 08.11.13

A grande novidade (!) de hoje é que fui à praia, andei sobre a areia húmida, com um sol resplendente a aquecer toda a zona e uma – UMA – jovem pernalta a vigiar-me dos rochedos com particular atenção.

 

 

                                                                            (as minhas passadas na areia)

Eu caminhei com cuidado, marcando fundo a areia lisa, e espreitando a restinga em busca de moluscos inéditos e pensando que ali não encontraria senão caramujos. Calculei que biliões de caramujos de várias formas e cores estejam por ali, mas nunca beijinhos.

 

Quando era miúda e vinha para a praia do Molhe com primos e amigos, era o mesmo. Se queria beijinhos, tinha que ir a Leça procurá-los. Ali havia mesmo a Praia dos Beijinhos, onde de certeza se encontrariam.

 

Não era porém fácil ir a Leça - tão longe! – era necessário autorização superior e alguém de confiança que nos levasse lá.

 

 

 

                                                                                   (lá está a pernalta!)

 Mesmo de autocarro, que era o mais certo, pois na época nem toda a gente tinha carro nem ia para a praia de carro, morando na cidade.

 

Sorri com estes pensamentos, com as diferenças: Leça longe, autorizações da família para movimentos tão visíveis, interesse apaixonado por conchas mesmo especiais… atitudes simples, gestos ingénuos.

 

Ai como é diferente… ai como é diferente…

 

 

 

                                                                                      (o beijinho pre-histórico)

De súbito, ali à mistura com todos os pensamentos meus e aquelas conchas há muito vazias, vi um beijinho, um só, solitário!

 

Quase dei um grito: Como é possível?!

  

 

                                                                                               (tão bonito!)

 

Ganhei o meu dia. Há quantos anos não apanhava um beijinho assim pequeno e modesto? Tão cheio de sol e solitário!

 

 

 

(levei-o) 

 

Levo-o comigo, poderá ter sombra mas nunca mais estará só.

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publicado às 18:32


4 comentários

De Vicente a 10.11.2013 às 10:53

Olá Zilda, muito inspirador este seu texto.

Gosto de a ver voltar a pensar com alegria e transpira mais serenidade e presumo que maior disponibilidade de tempo.

Nunca tinha ouvido chamar de "beijinho" a estas conchinhas. Que engraçado nome e que sugestivo.

Podem-se oferecer beijinhos físicos e também passei a saber, beijinhos de conchas.

É destes últimos que vou usar indiscriminadamente e sem temor de infideliades conjugais...ahahaha

Um bom Domingo para si.

De Zilda Cardoso a 10.11.2013 às 12:11

Os de conchas são mesmo agradáveis em qualquer ocasião. Eu estou na companhia da minha concha, à sombra.
Obrigada.

De Anónimo a 14.11.2013 às 20:20

Olá Boa noite!
Que gosto e saudade me deu este seu post ! Estas pequenas conchinhas - beijinhos - são-me muito familiares desde bem menininha....quando ia à praia com a minha mãe e entretinhamo-nos a procurá-los à beira-mar... Já lá vão mais de 5O anos... Mas naquela altura havia imensos na "minha" praia aqui no Algarve. Mais tarde, já adulta, também ensinei aos meus filhos o gosto de os procurar, mas ao tempo, já raros de encontrar... Mesmo assim, cá em casa ainda há caixinhas com os beijinhos guardados, de quando eles eram crianças... Que doce lembrança...
Obrigada por este momento.
Veramaria

De Zilda Cardoso a 15.11.2013 às 08:05

'E sempre um gosto ver o seu comentário, Veramaria! É sempre um gosto falar com alguém que é sensível e compreende estas pequenas coisas de há muitos anos! A praia era um lugar tranquilo onde em cada dia de poucos que passavam rapidamente ocorriam mini-acontecimentos simples que nos davam satisfação e alegria. Éramos crianças ou fazíamos de conta.
Muitas vezes vou à praia procurar viver um pouco esses dias, saboreá-las como se fossem realidade e trazer para casa recordações em forma de caramujos e de pedras lindas que meto no bolso. Agora encontrar um beijinho é o suprasumo da felicidade como o era noutro tempo.
Saude, para si.

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