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Somos imortais

por Zilda Cardoso, em 15.07.13

 

 

Somos seres frágeis e efémeros que sumirão em qualquer momento. Há toda uma história de gerações…

Isso acontece sem sombra de dúvida… pelo modo como somos constituídos. Sabemo-lo de ciência certa também por experiência, por verificação: não é uma ilusão ou um medo ou uma esperança. É um acontecimento que vem acontecendo a cada um de nós e a todos. Só não sabemos se será no momento que segue este ou daqui por dez anos. Ou por quantos.

Este conhecimento tão antigo devia estar sempre presente como tal no nosso pensamento. Como tal, quero dizer, como acontecimento real natural aceitável e inevitável.

Se assim pensássemos, deixaríamos talvez de tentar escapar-lhe, de todos os modos.

Por que razão fazemos disso um drama? Por que havemos de recear tanto o que está programado para cada um de nós desde sempre… de muito antes de nascermos?

 

E assim nos matamos a inventar coisas para prolongar a vida e o que inventamos…dizemos que vai eliminar a vida no planeta, vai acabar com tudo aquilo que é básico e de que precisamos absolutamente. Não vamos ter ar bom para respirar nem água potável para beber nem o que saudável comer. O nosso progresso, é sobretudo tecnológico e científico. E também arrasador.

No entanto, a população aumenta e adapta-se: à poluição, às alterações climáticas globais, ao urbanismo excessivo, ao desperdício e à competitividade: às alterações que aquele aperfeiçoamento torna inevitáveis.

É muito confuso.

Eu acho que vamos ter sempre o que comer mesmo que esteja cheio de químicos – é a minha convicção.

Pelo que parece, os químicos não nos fazem grande mal: vivemos cada vez mais tempo. Somos tão químicos! O que somos senão químicos para além de…

Somos imortais.

Não sabemos o que andamos para aqui a fazer. Não compreendemos nada. As questões velhas de milhares de anos que parecem fundamentais permanecem por responder: quem somos, como nos instalamos aqui, para onde vamos... Mas podemos encontrar essas explicações, esses sentidos, sabemo-lo agora.

Porque temos uma outra vida num mundo espiritual que talvez não estejamos a estimar devidamente.

Vamo-nos encontrar todos, depois, nesse mundo de procura que é de transcendência (cada um definirá transcendência como entender), onde todas as dificuldades de entendimento serão superadas.

Esse depois é para sempre, não precisamos de nos preocupar.

Temos tempo.

Somos imortais.

 

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publicado às 07:23


13 comentários

De Vicente a 15.07.2013 às 14:13

Olá Zilda,

Gostei muito deste seu artigo.

Ce qui les faisait vivre, c'était l'amour de la vie, dizia o Flaubert e eu penso como ele, totalmente.

Por outro lado num questionário muito divertido e encantador a Jean d'Ormesson, duas perguntas me encheram as medidas:

1. Le héros de fiction que vous préférez ?

Dieu.

2. Comment aimeriez-vous mourir ?

Jeune. Mais c'est raté !

Há gente, ideias, circunstâncias e foemas de vida tão mais interessantes do que este diário penar de discutir política?

Chega a desejar-se partir para onde haja repouso...o Prado do Repouso parece-me um bom nome...ahahaah...mas também descanso a mais deve ser chato.

Enfim, já não sei o que prefira?

O meu Avô tinha este dito a propósito: prefiro nêsperas!

De Vicente a 16.07.2013 às 08:16

Vale a pena olhar para a visita do Papa Francisco ao Brasil que começa neste Sábado.

Pequenos detalhes de simplicidade e de bom-senso, mas sobretudo o que me interessa é ouvir com atenção o que terá para dizer.

Serão, seguramente, momentos altos de reflexão, de paz, de alegria e de genuinidade.

Que bom:-)

De Vicente a 16.07.2013 às 19:32

Pois Zilda, como diz uma Tia Avó minha a propósito da sua própria figura:

- Mãos e pés nada mal, muito bonitos e elegantes e cara a melhorar dia para dia....aahahah

É o contrário do País mas se conseguirmos desligar, se intentarmos viver, talvez este lindo tempo de céu azul e pôres-de sol soberbos nos façam atingir o nirvana.

Uma amiga búlgara velha e sábia que eu tive e que infelizmente já morreu, tinha para além de bom dinheiro muito bom gosto.

Quando estávamos no seu escritório - sim, fazia negócios com 80 anos e morava num palácio decadente mas recheado de preciosidades - um dia destes conto várias histórias deliciosas, pois bem, mal se sentia neura ou com preocupações, saíamos os dois a pé e corríamos os antiquários ou da Baixa Pombalina ou de S. Bento e comprava sempre qualquer coisa depois de muito escolher.

Eu era mais window shopping...ahahaah...ela era um cavalinho Ming ou um quadro.

O acto de escolher de "olhar" era uma terapia de sucesso e voltávamos tranquilos e preparados para os embates.

Nesta crise, resta-nos comprar umas pastilhas elásticas Pirata...piratas são eles todos, valha-nos Deus!

De viguilherme a 16.07.2013 às 21:20

Retomei seus escritos que se mantêm leves como veus que escondem mostrando pedaços /momentos do que escondem ....são como brumas onde momentos de luz expoem realidades pensadas....a diversidade de temas e o seu ritmo keva-nos por caminhos entre o sonho e o devaneio ....percorri os dias de calor saltando do mar para casa ,,,,,como a viagem a Barcelona das ruelas estreitas dos pequenos almoços dos bares do medieval e gótico que se entrelaçam até á surpreendente viagem ao Barça e seus trofeus tão visitados como "os trofeus /Arte" de Picasso ....ficando o sabor a descobrir de um Gaudi nos seus parques casas e na magestosa Sagrada Familia .....

FOI BOM viajar entre brumas de luz .....

De Zilda Cardoso a 16.07.2013 às 21:55

Pois muito gosto em ouvi-la depois de tanto tempo!
Muito obrigada pelos seus comentários tão interessantes!

De Vicente a 19.07.2013 às 13:31

Tout arrive à point à qui sait attendre ...

De Zilda Cardoso a 20.07.2013 às 07:53

Je ne sais pas attendre, mais je dois.

De Vicente a 19.07.2013 às 16:22

Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis.

Descartes

De Zilda Cardoso a 19.07.2013 às 20:37

Simples e lógico... o meu amigo Descartes.

De Sofia Freudenthal a 20.07.2013 às 16:44

De facto a morte é sempre um tema difícil de abordar com naturalidade.
Quando em casa falo do que gostaria quando morresse, ficam todos muitos indignados de falar dessas coisas JÁ.
JÁ?? Será??? É a maior certeza que temos e a mais temida de todas.
Só de facto quem tem muita Fé, tem um olhar sobre a morte (que não é morte, é a própria vida que começa). Reconfortante, tranquilizador, sem dúvida. Acreditarmos que alguém toma conta de nós, que podemos continuar a falar-lhe como antes falávamos.
Como dizia um padre de quem gostei muito de ouvir, que sorte os que sentem saudade na morte de alguém que gostam. É sinal que tiveram e construíram uma vida com essa pessoa. A saudade é uma coisa boa, sinal de relação profunda com alguém. Que privilégio!!
Que sorte que tenho, tenho saudades de imensas pessoas de quem gosto.
Sou uma pessoas de sorte. A Zilda também....

De Zilda Cardoso a 20.07.2013 às 21:09

Muito obrigada, Sofia!

De Manuel a 21.07.2013 às 23:30

Querida Zilda e Família,

Um grande abraço de apoio e de amizade pelo Alcino, que nos deixou.

Tenho muito boas recordações dele como Amigo e profissional e tendo acompanhado esta fase final, ainda que à distância, sei que foi uma luta difícil e trabalhosa, mas com persistência.

Que Deus o tenha na Sua Santa Guarda

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