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Da sua janela, viu que ao longe alguma coisa desusada se passava.
O céu de estranha cor pesava sobre o mar. De facto, ligava-se a ele e ficavam um. Uma só coisa, sem espaço vazio, sem linha, sem parágrafo nem entrelinha.
Olhou fascinada, tentando perceber. Em volta, tudo acinzentou. Por momentos.
Dali a nada, a tal estranha cor violácea, que não é cor, dispersa-se, aparecem os contornos quase nítidos das árvores, dos telhados, das ruas; a areia, as rochas, a espuma… tudo já sem velatura.
É que o sol está a conseguir romper a cortina de palco ali: ficaremos aliviados de uma grande tempestade que foi vencida pelo entusiasmo da luz, do calor, do vento...
Joana quer abalar para sentir forte o cheiro do momento, a música que paira, a dança que a anima. Sente tudo isso no seu corpo pertença deste lugar, como o mar, tanto como o mar...
Também vai continuar aqui com ele. A diferença maior é que o mar não parece envelhecer ou não se importa com isso. E as árvores… as árvores renascem, renascem, renascem até que não renascem. E vêm outras.
As rochas vão ficando mais castanhas, mais arredondadas, mais brilhantes.
O céu… é o que muda… a todo o instante, pelas nuvens que não páram e pelo vento que as não detém. Há múltiplas formas de nuvens, muitas tonalidades e poucas cores no céu.
A ambiência é diferente cada dia. O mar sente o prazer de estar ali, não precisa mudar de sítio para se parecer aprazível. Se muda com a maré, a chuva, o vento, os pássaros, os barcos, o céu… então é sempre fresco e moço e activo. Sempre.
Quanto a Joana… chegou a hora de pensar mais sensatamente.
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