Cheguei ontem à tarde para uns dias de sol e de calor no Algarve, mas um vento louco, violento e gelado como o da serra de Guadarrama no Inverno, desarrumava-me a cabeça, por dentro e por fora, extremamente divertido, os meus cabelos dançavam como loucos e as ideias seguiam-lhes os passos. Eu caminhava contra o vento, agarrada com força a mim mesma, o pobre casaco de Verão trespassado na frente, sem resultado.
Pensava como havia de explicar lá no Norte que tinha percorrido 600 quilómetros para isto, para sofrer isto…
Encaminhei-me para o hotel e fui sentar-me na confortável cadeira verde de material semelhante ao plástico com um bom design e, bem abrigada, regressei a momentos velhos alegremente recordados que procuro dar a ver.
Estalam relâmpagos de luz
no azul-azul do mar azul
e do céu azul:
aqui e ali
A fina praia cor de areia
molhada e lisa
reflecte o azul.
Das velas brancas junto à costa
das gaivotas lavadas e gritantes
da brisa como carícia ao fim da tarde
do ar salgado, da água fria
de flutuar ausente e sem cuidado,
gosto
e... dos barcos abandonados na praia
imóveis, azuis e sós.