por Zilda Cardoso, em 24.03.13
Nestes últimos dias, assisti a dois concertos excepcionais e que, cada um à sua maneira, me deram enorme contentamento.
Na 6ªf. 21, na Casa da Música, foi tocada e cantada música sacra, Morte e Ressurreição, de Verdi, na Sala Suggia.
A Missa de Requiem tinha sido criada para homenagear o escritor Manzoni, uma das figuras principais do Romantismo Italiano. Na ocasião, emergiu uma alteração nos temas habituais da Ópera que passou a tratar de temas sociais em que é salientada a virtude pessoal.
E não apenas a dedicatória mas também a influência que teve na fixação do italiano como língua oficial e a parte fundamental no processo de unificação italiana tornam esta obra especialmente importante.
Porém, o que me impressiona verdadeiramente na peça são os confrontos expressivos - é a comparação entre a leveza de certos momentos e o dinamismo e a força de outros. E as vozes “implorantes” e murmurantes das solistas foram particularmente perturbadoras.
Não sei analisar a música nem tenho vocabulário apropriado e tenho pena. Só sei falar do que me emociona.
Por isso, no caso deste espectáculo, o que me impressionou mais foi o facto de ele ter sido patrocinado por Robert Illing em reverência a sua esposa Georgina, falecida há dois anos. É publicada uma pequena biografia da homenageada que viveu em Portugal nos últimos trinta e oito anos e aqui fez com muito êxito a sua vida profissional.
Do mesmo modo, apoiou as Semanas Culturais Americanas em Portugal, sobretudo no campo da dança (recordo a apresentação da Merce Cunningham Dance Company) e um conjunto de iniciativas que levaram à apresentação de artistas israelitas no Porto com o objectivo de combater quaisquer preconceitos anti-semitas.
Ainda nos últimos anos, como presidente da fundação filantrópica familiar Adelman, trouxe a Portugal músicos notáveis e ajudou a vinda de estudantes dos países africanos de língua oficial portuguesa em projectos educativos na Universidade Católica Portuguesa.
É muito bom saber que, da sua notável actividade nesta cidade do Porto, consciência cívica e afeição à cultura, nada está a ser esquecido. E não vai ser.
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