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Pela manhã passeei como de hábito na beira-mar
sentindo profundamente o fascínio daquele instante
SEM fosse o que fosse que me pudesse desgostar.
O mar era o sítio semeado de estrelas de luz, muitas
onde grupos de minúsculos barcos e velas brancas
brincavam de roda perto de mim em límpido silêncio
e próximo de outro branco alta vela única, elegante.
Um ponto de luz no céu iluminava a cena com esplendor
e para além da cena. Sentei-me a olhar serenamente
decidindo não ouvir os ruídos - os guinchos, as palavras vazias,
apenas aquela música na margem cantava dentro de mim.
O instante não será repetido nunca, presumo
que nenhum instante é repetível e não de certo este.
Devo saboreá-lo no momento em que acontece
conhecendo que nada disto é recuperável
e que não sei contar sobre ele nem mesmo
que leve lápis e papel e tente registar a sensação
em escrita espontânea logo, num poema talvez
sem metáforas ou desenhando a cores ou retratando...
Apenas o guardarei na memória com diferenças.
E assim me levanto e caminho de regresso, sorridente,
a casa, saudando fascinada o mundo aqui e ali
e os ensejos de o fruir se não estiver ausente.
.
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