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Quando falo de silêncio, não me refiro ao ”silêncio dos inocentes”. Nem ao dos que assistem ao massacre de inocentes sem o denunciar e mesmo sentindo prazer na destruição. Nem ao excelente filme americano com aquele título, o thriller muitíssimo premiado, com a Jodie Foster e o Anthony Hopkins.
Não.
Não. Refiro-me ao silêncio que permite a meditação, se bem que saiba que é perfeitamente possível, embora difícil, meditar com muito ruído ambiente. Mas não é possível meditar com ruído interior.
Ruído interior é o que mais perturba.
De modo que se compreende que me refiro ao silêncio que permite pensar, no sentido de separar os pensamentos “sérios” dos que não são senão o tal ruído-que-perturba, o bric-à-brac de que fala G. Steiner e que não levará a nenhuma descoberta que interesse a alguém ou à humanidade em geral. E que nos levará a um extremo desassossego.
A meditação ajuda-me a manter-me razoavelmente tranquila e atenta. Sobretudo atenta. Atenta ao que me rodeia; ajuda-me a reparar melhor nos outros – nos seus sentimentos e emoções. E a uma melhor compreensão dos seus actos. E dos meus.
A meditação tem-me ajudado a reflectir, a pensar no que aprendi com o budismo e pus ou não em prática e de que modo posso melhorar ainda e sempre a vigilância aos meus próprios pensamentos, a distingui-los, a escolhê-los.
Concluo que talvez consigamos viver uma existência mais agradável, mais simples, mais satisfatória, mais feliz, desse modo.
Porém, há as condições externas actuais do mundo em que vivemos no Ocidente, pelo menos, e que são causa importante de mal-estar para todos.
É o ruído exterior que não devia perturbar-nos, mas que, neste período da nossa vida, é avassalador.
E não me refiro às más condições económicas, mas às outras más condições, aos conflitos permanentes que têm permitido os temas envenenados transmitidos pelos meios de comunicação que, quer queiramos quer não, somos compelidos a consumir (e a apregoar, a vulgarizar?) todos as horas dos nossos dias desde… até….
Estes sãos ruídos que nos aguilhoam por mais livres que nos sintamos interiormente, por mais livres de obsessões, de frustrações e de raivas que nos queiramos sentir.
Que percepção mais justa desta realidade podemos ter?
Não sei se somos inocentes, mas devemos manter um silêncio de inocentes?
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