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O tempo continua

por Zilda Cardoso, em 14.12.12

Depois de pensar como é veloz o tempo e, para mim, inconveniente e despropositado nessa sua velocidade, tenho considerado o que fará o tempo parar. E se será proveitoso.

Cheguei a algumas não conclusões mas possibilidades. Estar feliz pode ser uma delas. Estar feliz pode fazer parar o tempo, é uma ideia básica e pode estar certa. Mas como posso estar feliz, completamente feliz… para poder parar o tempo?

Esta é uma das dificuldades: tenho que descobrir como é para mim estar feliz? Ou ser feliz?

Outra dificuldade é: quererei que o tempo pare para sempre ou por momentos?

Será melhor esquecer o parar para sempre, isso significa ininterruptamente outra coisa, não é verdade?

Não sei o que significa.

Não posso compreender. Como chegarei ao entendimento disso? Falar dele, do sempre, é fácil, compreendê-lo é diferente coisa.

Parar por momentos… é outra hipótese. Em relação ao que pensei anteriormente, tenho que me interrogar sobre quanto tempo preciso para envelhecer com sabedoria, com a satisfação da perfeição e do equilíbrio e com acesso àquela “maneira de ser que determina a qualidade de cada instante da nossa vida”. À alegria enfim que será de cada momento… de quantos? 

O que importa é ter uma vida que me ocupe de forma satisfatória, física e espiritualmente. Não haverá outra forma de ser feliz senão estar satisfeito com a sua vida, seja ela qual for, a de varredor da rua ou a de presidente da república, e sejam quais forem os acidentes com qualquer delas relacionados.

Sei que tenho que ser paciente como o Sol que se não cansou até hoje de aparecer e tentar inundar de claridade um céu enorme e redondo. Por vezes, há sobre o céu uma camada superficial de nuvens azuladas que encaracolam e se enrolam e ficam espessas e com formas interessantes. Talvez uma luz abra fendas nela e brilhe intensamente por trás. Eu não sei se é o Sol que está lá e eu não vejo; calculo que seja e vá percorrer o seu caminho pacatamente e com poucas variantes, e desapareça no lado oposto, no mar, em frente à minha varanda, como sempre sucedeu. É essa a ocupação do Sol e seja o que for que aconteça, seja qual for o meu pensamento, ele irá (enfim, assim o espero) continuar a iluminar a metade de mundo que eu posso conhecer e que, desse modo, se modifica radicalmente para meu bem.

Cada um descobrirá na sua ocupação elementos simples, isto é, brilhantes, e terá intuições e fará tentativas originais para resolver problemas, todos os dias ou de vez em quando. E será realizado o que se propôs realizar porque terá tido tempo de “pensar, de experimentar, de recordar, de apreciar as cores, de amar o outro, de interpretar, de cantar, de ouvir a música e de dançar bem e de acordo”. E de ser altruísta.

Nada sairá mal porque isso, esse nada, estará em condições de ser feito quando for feito. E será bem feito.

Será então que farei o tempo parar… que serei feliz. Se é para sempre, se por momentos, poucos ou muitos ou se por um só… não sei.

 

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publicado às 13:19


5 comentários

De Jotacê a 14.12.2012 às 16:17

O Gonçalo M. Tavares, quando está nos aeroportos, pensa em matar o tempo mas depois toma consciência que isso é tarefa de assassinos... além disso matar o tempo é matar uma condição essencial da vida... :)))

De Zilda Cardoso a 14.12.2012 às 17:47

Tenho a maior consideração pelo G.M.T., pela sua inteligência e pela loucura que acha que é condição essencial da vida. Enfim, nunca lhe ouvi dizer isso, mas calculo que seja, pelo que tenho lido dos seus escritos.
Agustina diz que o que escrevemos não precisa ser verdadeiro, só precisa ter graça. Calculo que o GMT pense que além de não precisar de ser verdade, deve ser loucura. Eu espero que, pelo menos, não seja verdade.
Aprecio que ele não queira ser assassino.
Obg., Jotacê

De Isabel Maia Jácome a 15.12.2012 às 09:47


É incrível como dou razão ao Álvaro de Campos quando diz que "TEMOS TUDO EXCEPTO O TEMPO E O TEMPO É TUDO O QUE TEMOS"!!
...e embora sejamos nós, mais do que o tempo, a condicionar o "estar" e "ser" feliz, para mim ainda estados diferentes, o "TEMPO" ainda tem de facto uma influencia enorme no que sentimos e como sentimos.... no que, e como vivemos.
Mas a sociedade em que estamos integrados (estamos? ou fazemos por isso mesmo sabendo o que está errado, mesmo querendo fugir, porque agarrados nessa teia de que temos dificuldade em nos libertarmos?... que nos manipula, cerceia e obnubila em tantos desses momentos do nosso tempo tão escasso...), coloca-nos permanentemente em dúvidas circulares... e divide-nos sucessivamente perante os outros, o que fazemos, individualmente e em conjunto, o que deveríamos fazer, afinal... e sobretudo no olhar e necessidade de mudança perante nós mesmos e o próprio tempo!...
Mas independentemente da incrível frase de Álvaro de Campos, se "o Tempo" é tudo o que temos... temos que aprender a aproveitá-lo, rentabilizá-lo e fazer as escolhas connosco próprios e com os outros que nos permitam o que realmente é preciso... começar por descobrir e sentir o "estar feliz" de cada momento... e quem sabe assim, poderemos passar a ser simples e verdadeiramente felizes... na congruência encontrada do gesto à fala... da palavra ao acto, do sentir ao sentir... e é difícil esta jornada e este encontro. Com o TEMPO... connosco e com os outros...
e em que é realmente importante o apenas aparentemente simples, mas tão desejado desenlace, de que "Cada um descobrirá na sua ocupação elementos simples, isto é, brilhantes, e terá intuições e fará tentativas originais para resolver problemas, todos os dias ou de vez em quando. E será realizado o que se propôs realizar porque terá tido tempo de “pensar, de experimentar, de recordar, de apreciar as cores, de amar o outro, de interpretar, de cantar, de ouvir a música e de dançar bem e de acordo”. E de ser altruísta.
Um beijinho minha amiga...
... e acredite que, enquanto aqui escrevo, já estou a "escrever"... e nesse aparente pequeno gesto, neste momento, sinto-o como um grande exercício e um grande passo... sempre, sempre a corrigir, mas que é momento de reflexão importante... e de síntese... do muito que trago acumulado.
Obrigada por se manter aqui... a ajudar pela presença, pela não desistência de pensar, de sentir, de procurar e de ser. Um excelente exemplo!
Abraço profundamente amigo e grato,
Isabel

De Isabel Maia Jácome a 17.12.2012 às 09:20

Querida Zilda
Aqui, de uma forma muito particular e simples, desejo-lhe hoje particularmente, um dia feliz... e reforço os PARABÉNS, pelo dia, sim, mas ainda mais por si...
pela essência que nos dá
pela pessoa que é
pelo que nos ensina
pela caminhada que partilha
pelo exemplo (como não me canso de dizer)
Por TUDO!... que é muito e muito bom... :)
PARABÉNS, ZILDA!
Um abraço bem forte e profundamente amigo,
Sempre,
Isabel

De Marcolino a 18.12.2012 às 04:17

Boanoite, Zilda!
Deixei as minhas felicitações, pelo seu aniversário, no seu Facebook.
Mas quanto mais tempo passa por nós mais enriquecemos intelectualmente. Seremos, cada vez mais, os Mais-Valia, para as gerações que nos precedem, apesar de estarmos a aprender diáriamente...
O corpo, esse, deixá-lo envelhecer tranquilamente, e a sua saúde depende bastante, da clareza, com que encaramos as suas nuances.
A alegria interior, é um dos remédios mais eficazes, para não nos apercebermos do nosso envelhecimento!
Abra amigo
Marcolino

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