Há duas semanas, tive uma célebre reunião com Laurinda Alves no Porto, no Clube Inglês, onde conheci o Bento Amaral e a Maria Angélica.
Tanto um como outro, são heróis do nosso tempo, aqueles que conseguem superar dificuldades e, desse modo, aproximarem-se da excelência. Ou dos deuses, se quisermos usar a linguagem dos clássicos.
Eles são melhores que o comum dos mortais em tudo, têm coragem para as mais nobres acções e talento para as realizar. Talento que não nasceu com eles, mas que souberam engendrar para si próprios ao longo da vida.
Aprecio a tranquilidade e a simplicidade, o sorriso e o olhar bom, o seu estar-de-bem-consigo-e-com-os-outros de Bento do Amaral que apesar das suas limitações físicas, constituiu família, tem um trabalho de que gosta e em que é um dos melhores, e tem o seu desporto de competição em que atinge as mais altas classificações. Não arreda pé, não desanima, tem força e poder, mas é um ser humano que sofre e se apaixona e se sacrifica.
Os heróis são seres humanos comparáveis com os deuses, os deuses assemelham-se aos heróis com uma diferença fundamental e que finalmente os distingue: os deuses são imortais. E é ao tentarem aproximar-se deles, ao procurarem a imortalidade que os heróis se excedem. E excedendo-se, “libertam-se da lei da morte” e podem e devem ser cantados pelos poetas.
Não sou capaz de os cantar em versos epopeicos como fizeram Homero, Vergílio, Camões, nem as suas virtudes são guerreiras, felizmente, mas sei que não faz sentido que estejam na sombra. Têm que ser identificados, tenho e temos que falar deles, que escrever sobre eles, mostrá-los para que sirvam de modelos - modelos de virtudes.
Bento do Amaral ama a vida, a mesma vida que me toca pelo que tem de singular.
Acho que encontrou um sentido para a sua existência, o que não é pequena coisa.