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Depois daqueles dois dias, envolvida com as gravuras do Côa e os seus possíveis significados, tive um terceiro muito especial e diferente: foi o do almoço em Resende.
Para mim, Resende significa sobretudo CEREJAS brilhantes, razoável e agradavelmente duras, vermelhas ou de cor própria (cor de cereja, embora haja cerejas de várias cores mesmo num só bago), sabor doce sem ser de mais, perfumadas e com a frescura das manhãs de bom tempo de fim de Primavera.
Um produto da natureza no seu melhor.
Adoro as cerejas naturais que comparo sempre com as de celuloide que na minha juventude decoravam os chapéus/capelinas de sair, sair à rua ou em visita a parentes e amigos. Para mim, a capelina com as cerejas no topo a abanar, completava o suplício das vestimentas complicadas. Acho que um dos muitos privilégios que a actual juventude tem é o poder vestir-se… como se veste… sem dar cavaco a quem era suposto ter de dar.
Rendo-me desde sempre ao encanto e às qualidades das cerejas a sério - sumarentas, luminosas, perfeitas, benévolas - fazem bem a tudo e são quase grátis. É uma época feliz para mim, aquela em que as posso ver e apreciar. Quem ou que dinheiro paga o ferro, o magnésio, o potássio que cada uma delas detém, além de ajudar a eliminar toxinas do organismo de quem as come… E o betacaroteno? E os flavonoides? Seja lá isso o que for, deve custar dinheiro.
As nomeadas e afamadas cerejas podem ser a nossa salvação se tivermos problemas cardíacos ou renais. E praticamente todos as dificuldades de saúde podem ser resolvidas com cerejas saborosas e encantadoras, o que de maneira nenhuma é de desprezar, quero dizer, o seu extraordinário sabor e a sua encantadora beleza.
Pois. Isto para chegar ao terceiro dia, o dia do almoço em Resende, em casa duma família muito simpática que nos ofereceu a sua amizade, a sua casa, a sua mesa, e as cerejas maravilhosas do seu quintal.
Comemos cabrito assado, arroz de forno e ervilhas estufadas – excelente. E bebemos vinho ali produzido. Vimos da sua varanda as cerejeiras a descerem a encosta até ao rio carregadas de frutos. E a deslumbrante paisagem.
Foi um dia extraordinário, cheio de sorrisos. E em todos os dias seguintes, já murchos na nossa casa, saboreamos as cerejas que nos ofereceram.
O que fizemos para merecer tantas regalias?
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