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O terceiro dia

por Zilda Cardoso, em 01.06.12

 

 

 

 

 

Depois daqueles dois dias, envolvida com as gravuras do Côa e os seus possíveis significados, tive um terceiro muito especial e diferente: foi o do almoço em Resende.

Para mim, Resende significa sobretudo CEREJAS brilhantes, razoável e agradavelmente duras, vermelhas ou de cor própria (cor de cereja, embora haja cerejas de várias cores mesmo num só bago), sabor doce sem ser de mais, perfumadas e com a frescura das manhãs de bom tempo de fim de Primavera.

Um produto da natureza no seu melhor.

Adoro as cerejas naturais que comparo sempre com as de celuloide que na minha juventude decoravam os chapéus/capelinas de sair, sair à rua ou em visita a parentes e amigos. Para mim, a capelina com as cerejas no topo a abanar, completava o suplício das vestimentas complicadas. Acho que um dos muitos privilégios que a actual juventude tem é o poder vestir-se… como se veste… sem dar cavaco a quem era suposto ter de dar.

 

 

 Rendo-me desde sempre ao encanto e às qualidades das cerejas a sério - sumarentas, luminosas, perfeitas, benévolas - fazem bem a tudo e são quase grátis. É uma época feliz para mim, aquela em que as posso ver e apreciar. Quem ou que dinheiro paga o ferro, o magnésio, o potássio que cada uma delas detém, além de ajudar a eliminar toxinas do organismo de quem as come… E o betacaroteno? E os flavonoides? Seja lá isso o que for, deve custar dinheiro.

 

 

As nomeadas e afamadas cerejas podem ser a nossa salvação se tivermos problemas cardíacos ou renais. E praticamente todos as dificuldades de saúde podem ser resolvidas com cerejas saborosas e encantadoras, o que de maneira nenhuma é de desprezar, quero dizer, o seu extraordinário sabor e a sua encantadora beleza.

Pois. Isto para chegar ao terceiro dia, o dia do almoço em Resende, em casa duma família muito simpática que nos ofereceu a sua amizade, a sua casa, a sua mesa, e as cerejas maravilhosas do seu quintal.

Comemos cabrito assado, arroz de forno e ervilhas estufadas – excelente. E bebemos vinho ali produzido. Vimos da sua varanda as cerejeiras a descerem a encosta até ao rio carregadas de frutos. E a deslumbrante paisagem.

Foi um dia extraordinário, cheio de sorrisos. E em todos os dias seguintes, já murchos na nossa casa, saboreamos as cerejas que nos ofereceram.

O que fizemos para merecer tantas regalias?

 

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publicado às 12:33


6 comentários

De Lúcia a 01.06.2012 às 18:40

na verdade o dia foi excelente, de todas as maneiras. A meteorologia ameaçava chuva, mas não se concretizou. Estava vento, mas deu para desfrutar a paisagem, a bela paisagem do Douro. A companhia era fantástica e deu para passarmos um bocadinho na conversa. Quando quiser, a casa lá está, nós também e o forno sempre pronto a trabalhar. Temos que repetir.
Quanto aos benefícios da cereja, nada a acrescentar :) é isso tudo.

De Zilda Cardoso a 02.06.2012 às 14:31

Obrigada, Lúcia.

Aceitaremos quando voltarem as cerejas!

De Isabel Maia Jácome a 02.06.2012 às 09:50

Querida Zilda... quanto às cerejas... também gosto delas dessa forma intensa, nem me lembrando, apesar de enfermeira e a precisar para mim própria, de todos esses benefícios que contêm. Olho-as, sinto-as e degusto-as com um prazer comedidamente guloso, precisamente porque as aprecio tanto e sob tantos aspectos.
Depois relembram-me momentos importantes da minha juventude, em que, em grupo íamos para a quinta de uma amiga nossa, comê-las directamente da árvore, onde nos empoleirávamos... e mais de todas as tropelias que os nossos 13 ou 14 anos nos permitiam e que felizmente ainda recordamos.
Mas as de Celulóide... fazem-me lembrar o seu livro "Cerejas de Celuloide, de que gostei tanto e a que, como já disse também, sabe bem voltar de vez em quando.
Agora, este fim-de-semana a tentar ganhar fôlego para outra etapa... um beijinho... e... não podendo ir às árvores, vou ver se compro algumas cerejas para mim, e para partilhar com os meus pais que vou visitar e com quem provavelmente vou recordar esses mesmos momentos que aqui referi.
Bem haja.
Beijinho
Isabel

De Zilda Cardoso a 02.06.2012 às 14:35

É claro que as cerejas são muito melhores directamente das árvores. Mas raramente é possível, não é verdade?
Vamo-nos contentando com as que compramos e com as que nos oferecem as pessoas de boa vontade e desejo de partilhar. Que são muitas.
Obrigada.

De Veramaria a 02.06.2012 às 16:14

Boa tarde!
Olhando as bonitas paisagens das suas fotos (os verdes dos campos e o azul do rio), ao ler o seu magnífico e descritivo texto, quase me senti a acompanhá-la nesse belo passeio onde a cereja nesta época é rainha. Gosto do seu belo sabor, do seu brilho, das suas cores, principalmente as vermelho-sangue carnudas. São como um simbolo de frescura do princípio do Verão... São lindas as de celulóide, e também gosto do ramo encastrado de 2, num velho movel de sala de jantar da casa dos meus sogros.
Obrigada por esta "viagem". Vera Maria

De Zilda Cardoso a 02.06.2012 às 19:06

Obrigada, Vera Maria. É muiito bom viajar! Desta maneira, evitamos todos os incómodos.

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