Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Todos os dias faço a minha viagem… à Índia, posso revelar. E escrevo sobre ela: é a minha epopeia. Às vezes, mostro-a a quem a quer ver, outras vezes, não.
A originalidade da minha epopeia é que volto todos os dias a casa e todos os dias parto de casa. Talvez cada dia vá mais além, mas regresso e saio do mesmo lugar.
Nas minhas viagens/aventuras, atravesso desertos e terrenos férteis e belas paisagens, montes, planaltos, vales, rios e estuários,areais e mares. Subo a pulso ao alto das montanhas mais altas, vejo o mundo todo em redor e fico feliz, muito feliz. É um mundo de amendoeiras brancas e cor-de-rosa e de oliveiras azuladas plantadas a compasso, entrelaçadas, floridas e perfumadas.
Tenho amigos que me ajudam a subir e no caso dos desertos, retribuem com água fresca a que lhes ofereci, nos desertos deles.
Sempre saí mais forte de tudo isso, mais rija, mais livre, mais capaz, preparada para a próxima.
De resto, simulo sempre uma suavidade que não é minha, escondo a resistência que é cada vez mais minha.
Acontece que aprecio o deserto, as cores discretas, certa secura, ausência do que é supérfluo, a beleza das coisas simples de linhas clássicas, as que não vão envelhecer, que não vão deixar-nos sós apenas porque já estávamos sós.
Persistirei na minha caminhada até ao limite que não sei ainda onde é ou quando; é por essa razão que continuarei a caminhar com esperança, e encontrarei os que estão lá com o seu ombro, como se diz no poema de Pedro Roberto Gaefke, o que circula no presente na internet. Os oásis ou a minha Índia. Não é possível não encontrar, ela só pode estar lá, no fim da minha caminhada.
O herói da minha aventura não é o Ulisses nem o Gama nem o Bloom 1 nem o Bloom 2, quero dizer, nem o do James Joyce nem o do Gonçalo Tavares, que não sei porque ambos se chamam Bloom.
Eu serei narradora e heroína-de-trazer-por-casa, protagonista de uma grande história de descobrimento, cheia de conteúdo e sugestiva e talvez com considerações filosóficas sobre grandezas e misérias. Pois não é isso a nossa vida?
Relatarei, pois, as minhas façanhas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.