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Ela é da Graciosa e veio de lá para aqui, ao contrário dos nossos comuns antepassados que foram daqui para lá.
Seja como for, o seu trabalho lembra-me viagem, História e histórias com conhecimentos técnicos mas sobretudo de magia como tinham os Portugueses que noutro tempo cometeram o mar.
E procurei no dicionário o significado de viagem - acto de andar para ir de um lado a outro mais ou menos distante. E também diz que pode ser – jornada e percurso. E relação escrita ou pintada (digo eu) dos acontecimentos ocorridos numa viagem e das impressões que ela causou.
Das impressões que ela causou. Será, neste caso, das impressões que a poesia causou na pintora? É essa também a sua viagem?
Aqui, neste rectângulo de continente europeu, noutro tempo, precisámos de sonho para viver, de atender ao chamamento do mar, de nos deixarmos seduzir por ele e pelo seu infinito… Precisámos de sentir, de gostar, de compreender que era para esse lado que estávamos dispostos a ir, traçando caminhos sobre a água e a segui-los à aventura, (não totalmente à aventura), para descobrir tesouros ao longe, do lado de lá do horizonte visível, ou do espelho.
E descobrimos tesouros.
Agora... continuamos a precisar de sonho, já não nos voltamos para o mar... Voltaremos?
Como se sentirão os que nasceram e vivem numa ilha minúscula como a Graciosa? Permanente nostalgia da viagem? Da partida? Do desassossego?
A pintura de Vera Bettencourt, figurativa e narrativa, como ela a qualifica, usando técnicas de ilustração e de grafitti, lembra-me isso e os poetas açoreanos que o cantaram: Antero de Quental, Vitorino Nemésio, Natália Correia e os mais modernos. É sobre os textos poéticos que ela pinta os seus, não ilustrando mas relevando-os.
Talvez seja a mesma inspiração.
Podem ver uma exposição dos seus trabalhos na Galeria Vantag em Miguel Bombarda, Porto.
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