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O mundo novo

por Zilda Cardoso, em 04.12.11

Este nosso tempo é confuso, é o menos que posso dizer. Vem sendo desde há anos desordenado, alvoroçado, sombrio… e tem aumentado incessantemente esta sua característica. Não sei de forma exacta quando começou nem se vai acabar que não seja em deflagração. Estamos a ser bombardeados intermitentemente com informações que possivelmente nos não interessam  -  mas temos que ouvir e que ver.

Somos postos a par de problemas que não temos a mais ínfima hipótese de saber resolver.

 

 

 

 

 

Por isso, andamos preocupados e nervosos como se o mundo dependesse das nossas opiniões e das nossas acções.

E talvez dependa.

 E quanto à palavra que nos gritam de manhã à noite, todos os dias, nos últimos anos – CRISE – tinha-me habituado a pensar que “todos os momentos são de crise”, há sempre uma crise a ser desencadeada algures, por isso, não seria muito importante. Mas ultimamente convenceram-me de que há de facto uma crise nova e suficientemente diferente e enorme para chamar a nossa atenção. Será uma crise geral e mundial que começou por ser económica e essa seria a mais fácil de resolver. É muitíssimo mais do que isso.

Conhecemo-la todos, é a crise geral de valores de que se fala, integrada no falatório generalizado. Seria bom que se falasse, quando houvesse alguma coisa interessante e construtivo para dizer, depois de reflectir e já com alguma sabedoria.

Fiquei a pensar no que devíamos alterar no nosso mundo para que voltasse a servir-nos (no bom sentido da palavra). Apercebi-me de que tínhamos de mudar tudo: das palavras aos actos, não há ponta sólida por que se pegue.

Neste caso, a mudança só interessa se for de pensamento, de mentalidade.

Liguei o televisor e fiquei a ver uns pedaços de filme do super-homem com um actor novo, muito mau e sem graça, mas fazendo viver um mundo bom à mistura com o das desgraças e perversidades, em que o bom e desejável acaba por ganhar; e depois vi encantada uma série de desenhos animados onde tudo é maravilhoso, alegre, brilhante, colorido e fácil, pleno de boa vontade! Pensei que talvez os miúdos que vêem isto estivessem a ser preparados para alterar alguma coisa no mundo, mas seria preciso que não sofressem outras influências mais poderosas.

E do mestre e monge zen budista Thich Nhat Hanh tenho andado a ler um livro muito interessante e poético. O autor diz, a propósito de fantasmas, que se desenharmos um, ele se torna tão real para nós que pode encher-nos de medo. O que significa que as nossas criações, que não passam de invenções nossas, nos enchem de medo  Não é singular?

Todavia, podem suscitar outras reações mais positivas como as que me suscitaram os desenhos animados de JimJam+.

Pode ser um risco no papel e, no entanto…

As doutrinas, as filosofias, os sistemas políticos e de governo, as ciências… tudo inventado por nós e tornado real a ponto de o tomarmos como real e independente de nós…

Acho que se tudo o que consideramos sério for antes estimado como aquilo que realmente é, somos capazes de o modificar profundamente e, nesta altura da vida do planeta, ainda podemos fazer deste sítio ou “site”um lugar bom para viver.

Talvez fosse o mesmo mestre budista vietnamita de que falei que disse que “por vezes, posso ouvir tão profundamente que ouço tudo o que os outros tentam dizer-me”.

Estou a tentar dizer alguma coisa que não disse mas espero que entendam.

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publicado às 09:46


8 comentários

De Isabel Maia Jácome a 04.12.2011 às 11:44

Querida Zilda
Acho que disse bastante e que se entende a reflexão que procura partilhar connosco e a que nos conduz com sabedoria… e que, apesar da inquietude de que se reveste, me parece necessária, imprescindível, principalmente para os que querem ainda fazer alguma coisa e se sentem perdidos por não saber o quê, nem como.
Por mim, na trabalheira em que me meti... tenho feito as minhas reflexões de que um dia espero poder vir a ter tempo de traduzir em palavras…. mas sobretudo a essa mudança que há tanto tempo almejo alcançar. Uma mudança e que a crítica construtiva e a procura de coerência me permitam pisar realmente o caminho que me conduza ao essencial... ao verdadeiro… um caminho de estudo, sim, reflexão, procura, partilha, procura de compreensão... mas onde o show off da nossa sociedade, ou que a nossa sociedade nos incute, não exista…. e nada seja feito à pressão, sobretudo para a obtenção de títulos que não nos conduzem a lado nenhum , nem mudam realmente a “nossa vida” e a daqueles que procuram também caminho, quem sabe numa direcção semelhante.
Sinto falta de vir aqui... estar mais perto... de não me dispersar no aparente supérfluo… ou sobretudo na pressa, porque de ritmo acelerado estamos nós fartos… e de ritmo acelerado, para timings homogéneos, não creio que se possa aprender com efectividade e elevação dos conhecimentos e sentidos. Sinto ser preciso procurar/encontrar o que valha realmente a pena…
… e agora sou eu que não sei se consegui dizer realmente o que sentia…
Preciso, cada vez mais de uma consciência cada dia mais lúcida! De capacidade para tomar decisões que parecem tão difíceis…
Humanamente, sei que erramos todos os dias… uma bola de neve que nos desanima e nos coloca a cruel e perigosa dúvida de, se algum dia poderemos mudar efectivamente… e vir a contribuir de forma positiva para este mundo que queremos outro... mais puro, honesto, límpido, são… ou irmos simplesmente ao encontro das nossas origens… (as da alma? E onde estão?)
Muitas, muitas saudades, querida Zilda… e um abraço bem forte e profundamente agradecido… reconhecido por se manter aí, FIRME, apesar das suas dúvidas, que nos relembram que temos que continuar a nossa procura. TODOS!
Sempre
Isabel

De Zilda Cardoso a 07.12.2011 às 15:01

É bom ouvir as suas palavras: ainda há quem se interesse...
Tenho andado muito cansada, por isso, não respondo como devia e queria aos seus comentários sempre tão pertinentes. Peço desculpa!
Sei que tem muito trabalho e que se interroga, acho que vale sempre a pena uma coisa e outra. Aquilo que fazemos com empenho vale a pena.
Sim, vai ter tempo um dia de falar e de escrever sobre o seu trabalho e as suas reflexões. Vai querer e vai ter tempo, para benefício de todos: não há dificuldades que um grande empenho não supere! Por isso, ficamos à espera.
Com muita amizade e esperança ZM

De Isabel Maia Jácome a 07.12.2011 às 18:05

que bem me sabe, a sua amizade e a sua esperança!...
Mais um beijinho e bom feriado!
Isabel

De Vicente a 04.12.2011 às 13:53

Muito bonito e inspirativo o seu texto.

Para variar da crise, se ler a revista ÚNICA do Expresso de ontem, vai encontrar no Porto uma série de tasquinhas, bares e sítios aonde se pode beber um chá, ou comer um petisco ou ouvir música ou mesmo consultar livros e degustar.

Muito interessante, diferente e divertido e estou certo que a Zilda apreciará.

De Zilda Cardoso a 07.12.2011 às 15:07

Obrigada. Não consegui arranjar essa página, não procurei bem. Mas gostava muito de saber o que é sugerido talvez por lisboetas. Não me pode mandar essa paginazinha pequenina por mail ou... não sei como.
Mande uma das suas milhentas secretárias fazer esse trabalho benemérito...

De Isabel Maia Jácome a 07.12.2011 às 18:09

...não resisti a sorrir... um sorriso escancarado mesmo, face às "milhentas secretárias" do Manuel... só a Zilda mesmo, não é Zilda e Manuel??????
Que vontade tenho de vir aqui mais vezes!
Beijinho de muitas saudades para os dois!
Sempre
Isabel

De Vicente a 08.12.2011 às 22:01

Olá Zilda,

Vou tentar encontrar a página e mandar-lhe.

Vou pedir à Dª Manuela, uma das minhas muitas secretárias...ou se ela não estiver disponível, à Dª Vicência....e finalmente se nenhuma das duas estiver livre, eu próprio porei uma cabeleira loira ( gostava um dia de me ver ao espelho com um cabelo loiro explosivo) e considerar-me uma mistura da Manuela e Vicência e at last enviar-lhe o solicitado...ahahaahah

De Zilda Cardoso a 09.12.2011 às 06:47

Tenho a certeza que vai conseguir, com tanta boa vontade!
O mundo é comandado por e com willingness e também com willfulness. (Estou cheia de ideias filosóficas a esta hora da manhã!)
Muito obrigada.

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