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Este nosso tempo é confuso, é o menos que posso dizer. Vem sendo desde há anos desordenado, alvoroçado, sombrio… e tem aumentado incessantemente esta sua característica. Não sei de forma exacta quando começou nem se vai acabar que não seja em deflagração. Estamos a ser bombardeados intermitentemente com informações que possivelmente nos não interessam - mas temos que ouvir e que ver.
Somos postos a par de problemas que não temos a mais ínfima hipótese de saber resolver.
Por isso, andamos preocupados e nervosos como se o mundo dependesse das nossas opiniões e das nossas acções.
E talvez dependa.
E quanto à palavra que nos gritam de manhã à noite, todos os dias, nos últimos anos – CRISE – tinha-me habituado a pensar que “todos os momentos são de crise”, há sempre uma crise a ser desencadeada algures, por isso, não seria muito importante. Mas ultimamente convenceram-me de que há de facto uma crise nova e suficientemente diferente e enorme para chamar a nossa atenção. Será uma crise geral e mundial que começou por ser económica e essa seria a mais fácil de resolver. É muitíssimo mais do que isso.
Conhecemo-la todos, é a crise geral de valores de que se fala, integrada no falatório generalizado. Seria bom que se falasse, quando houvesse alguma coisa interessante e construtivo para dizer, depois de reflectir e já com alguma sabedoria.
Fiquei a pensar no que devíamos alterar no nosso mundo para que voltasse a servir-nos (no bom sentido da palavra). Apercebi-me de que tínhamos de mudar tudo: das palavras aos actos, não há ponta sólida por que se pegue.
Neste caso, a mudança só interessa se for de pensamento, de mentalidade.
Liguei o televisor e fiquei a ver uns pedaços de filme do super-homem com um actor novo, muito mau e sem graça, mas fazendo viver um mundo bom à mistura com o das desgraças e perversidades, em que o bom e desejável acaba por ganhar; e depois vi encantada uma série de desenhos animados onde tudo é maravilhoso, alegre, brilhante, colorido e fácil, pleno de boa vontade! Pensei que talvez os miúdos que vêem isto estivessem a ser preparados para alterar alguma coisa no mundo, mas seria preciso que não sofressem outras influências mais poderosas.
E do mestre e monge zen budista Thich Nhat Hanh tenho andado a ler um livro muito interessante e poético. O autor diz, a propósito de fantasmas, que se desenharmos um, ele se torna tão real para nós que pode encher-nos de medo. O que significa que as nossas criações, que não passam de invenções nossas, nos enchem de medo Não é singular?
Todavia, podem suscitar outras reações mais positivas como as que me suscitaram os desenhos animados de JimJam+.
Pode ser um risco no papel e, no entanto…
As doutrinas, as filosofias, os sistemas políticos e de governo, as ciências… tudo inventado por nós e tornado real a ponto de o tomarmos como real e independente de nós…
Acho que se tudo o que consideramos sério for antes estimado como aquilo que realmente é, somos capazes de o modificar profundamente e, nesta altura da vida do planeta, ainda podemos fazer deste sítio ou “site”um lugar bom para viver.
Talvez fosse o mesmo mestre budista vietnamita de que falei que disse que “por vezes, posso ouvir tão profundamente que ouço tudo o que os outros tentam dizer-me”.
Estou a tentar dizer alguma coisa que não disse mas espero que entendam.
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