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communiquer à chaud

por Zilda Cardoso, em 14.08.11

Não havia ninguém na rua, às 10 da manhã. No meu sítio, é
habitual os dias de sol, domingos de Agosto, serem festivos. Muita gente nas
ruas, muitos estacionamentos proibidos, uma azáfama de polícias, ciclistas e
corredores de fundo, crianças que vêm para a praia, as que também circulam por
aí, adolescentes e jovens que exercitam os músculos fazendo inveja aos mais
velhos com dificuldades visíveis…

 

 

Um ambiente muito animado.

Mas não hoje: não havia ninguém nestas ruas. Ninguém.

Vi 2 ou 3 carros em movimento, alguma luz acesa, uns ruídos
de portas que se fecham… mais nada. Depois apareceu uma gaivota grande
nitidamente perdida, atordoada. Pousou hesitante num muro alto e em seguida…
encontrou o seu rumo.

Ninguém.

 

 

Dentro do supermercado havia 3 ou 4 pessoas tentando animar-se,
mas nenhuns protestos, nada. Nenhuns berros, nenhumas ordens e nenhuns cheiros.
Era desolador.

Saí com as minhas vagas compras e resolvi ir ver como
estavam as aves exóticas no Douro, na ribeira da Granja. Não imaginam: não havia senão meia dúzia de
gaivotas de patas amarelas, implicando todo o tempo umas com as outras em
silêncio. O lugar negro e besuntado de verde musgoso era um cardal abominável.

Começou a chuviscar, mas a chuva sumia antes de chegar
ao chão… que continuou seco.

 

 

 

Tirei três fotografias para lhes mostrar e voltei para casa,
não havia mais nada a fazer.

É muito mais divertido pensar até onde pode ir ainda a arte
conceptual ou concetual (o meu computador não chegou a uma conclusão). É a
mesma.

Aprecio muito a arte bem doseada com ideias. Podemos ter
para muitos anos ora dando primazia à arte ora dando-a à filosofia. Aparecerão soluções
cada vez mais inteligentes.

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publicado às 11:46


16 comentários

De Marcolino a 15.08.2011 às 09:47

Bom dia, Zilda!
Desejei saber o que era a tal Arte Conceitual e descobri uma forma elegantissima de aceder ao conceito de Arte Conceptual: http://youtu.be/d4yFcTl2n98
São 3 videos que valeu a pena ver!
Resto de um magnifico 15 de Agosto!
Abraço
Marcolino

De Zilda Cardoso a 15.08.2011 às 18:26

Já fui dar uma espreitadela, mas é muito complicado, tem que ser calmamente.
Não desisto de querer saber o que descobriu para podermos continuar a falar sobre arte contemporânea. Ou sobre arte conceitual.

De Marcolino a 15.08.2011 às 19:46

Olá Zilda,
Sou mesmo um doce e santo ignorante, por nunca ter estudado «artes», por isso fiquei curioso com os dois nomes dados, arte conceptual, e arte conceitual. Encontrei os videos na nete e, francamente, que continuo a navegar nas doces e mornas águas, da minha santissima ignorância. Achei piada aos 3 videos na sua forma conceptual de nos desvendarem o mundo da arte conceitual.
Como está demasiado calor tenho medo de fundir algum neurónio ainda meio activo, que me poderá ser ainda úril para outros campos mais reais.
Quanto às suas belissimas fotos que usou para ilustrar o seu arguto texto, acho-as muitissimo reais porque conheço essa zona da foz do Douro.
Afinal, a Zilda fisosofou, e ilustrou as suas palavras, de forma artistica, com o seu conceito de ambiência, obtido através do seu olhar pela objectica da sua máquina digital.
Será que me mostrou, de forma inteligente, o que é a Arte Conceptual ou Arte Conceitual?
Abraço
Marcolino

De Zilda Cardoso a 16.08.2011 às 17:32

Mostrei, não mostrei? Quis mostrar?
Tenho que pedir ajuda para responder. Não vai ficar sem resposta, pode demorar uns dias.

De Cabecilha a 19.08.2011 às 12:32

fui ver o video no youtube e é uma tentativa interessante... mas só com ele não dá para ficar o assunto claro para quem começa.

Há que continuar a pesquisa... para quem quiser :)

De Zilda Cardoso a 19.08.2011 às 15:26

É uma tentativa interessante? Pode explicar melhor? Ficarmos ou não a perceber o que pode ser a arte conceitual?
Explique lá de forma conceitual o que é a arte do mesmo título.

De Maria João Brito de Sousa a 15.08.2011 às 15:08

Reconheço que as suas fotografias nos mostram um ambiente desolador mas... que posso fazer senão dizer que as acho fascinantes? Imaginei-me por lá, nesse castanho "besuntado de verde", completamente só. Neste momento penso que seria o local ideal para eu poder criar qualquer coisa de menos óbvio que um sonetilho às flores-poetas :)
Estou em crise de criatividade e tenho demasiadas solicitações... incluindo as dos meus amores de quatro patas :) Mas sempre foi assim e eu sei que "as coisas voltam a funcionar" quando eu menos esperar. Não sei explicar porquê mas a verdade é que ainda estou fascinada por essas suas fotos...
Um abraço grande! :)

De Zilda Cardoso a 15.08.2011 às 18:23

Que engraçado! Não consigo senão ver o lugar como uma peste! Não não há evidentemente flores nem feias nem bonitas. Talvez de facto a inspirasse a escrever sobre a fealdade do mundo.
Ainda bem que tem muitas solicitações... a criatividade virá a seu tempo. O pior acontece quando não há actividade de alguma espécie. Um lugar como aquele também pode ser fascinante - a verdade é que sempre volto lá, quando mais não seja para constatar que é horrível. Pode escrever um poema exaltando a maldade, a perversidade, a desertidade, a escuridão ou a escureza, a secura (!) e... que mais?
Acho que vai descobrir, M. João.

De Maria João Brito de Sousa a 15.08.2011 às 22:59

:)) Mas eu não vejo isso com todos esses adjectivos negativos... tem a sua beleza! Pelo menos parece ter...
Hoje estou mesmo desinspirada mas se me nascesse algum poema dessas imagens, nunca seria um poema triste e desolado... talvez povoasse esse espaço de estrofes às pequenas vidas que por aí pululam e que nos não são visíveis. Sempre me fascinaram os microorganismos e a sua espantosa resiliência... talvez fosse isso mesmo que me encantou. Se eu o descobrir, digo-lhe! Mas que gostei muito das imagens, gostei!
Abraço grande!

De Zilda Cardoso a 16.08.2011 às 08:02

Que agradável ouvi-la dizer isso!
Sobre a arte naif que muito aprecio uma amiga enviou-me uma daquelas mensagens que circulam. Diz assim: a vida é bela e a vida ela (sem arte) não tem sentido. E tb do Picasso: pinto as coisas como as imagino e não como as vejo.
Calculo e espero que o seu poema, quando nascer, fale do que imagina a partir da natureza que tem exactamente a beleza que nós imaginamos nela para nosso bem e regalo de quem nos vê. E eu espero estar "lá" para ver. ZM

De Maria João Brito de Sousa a 16.08.2011 às 17:24

Obrigada, Zilda. Não lhe sei explicar como se deu este estranhíssimo processo alquimico, mas estas suas fotografias, misturadas com alguma "raivinha" por estar com o acesso online bloqueado - tive de vir ao CJ num pulinho - acabaram por criar um poema que acabo de publicar no http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt/ . Fazem, realmente, parte deste poema de que ainda não criei o distanciamento suficiente para analisar... mas sei que estão lá desde as primeiras letras do primeiro verso! Só não o ilustrei com uma delas porque não sabia se daria tempo para lhe pedir autorização e publicar... ou sabia que não daria. Se eu alguma vez souber explicar onde descobri todo aquele dourado de que falo, acredite que lho tentarei transmitir. Na estrofe final, ficou a "raivinha" toda... mas as imagens estão lá!
Abraço e obrigada! :)

De Zilda Cardoso a 16.08.2011 às 17:43

Não há dúvida, M. João, tem um talento nato.

(No m/comentário anterior... a vida é bela e a vida sem arte não tem sentido. acho que era assim que devia ter saído)

De Isabel Maia Jácome a 21.08.2011 às 12:18

Há dias que nos parecem tão vazios de gentes, tão solitários de cores e movimento... e outros em que precisamos tanto desse aparente esvaziamento, como se nos presenteasem com um momento de sossego!
Tenho saudades.
Suas... e de silêncio... esse que não encontramos quando queremos.
Beijinho muito amigo
Sempre,
Isabel

De Zilda Cardoso a 21.08.2011 às 18:10

Também me faz falta o seu comentário inteligente e sobretudo amigo.
Hoje dei comigo a pensar que as pessoas, os habitantes deste planeta não são nada amigos uns dos outros, não se querem bem, não se interessam pelo que ao outro sucede. Todas as doutrinas morais foram esquecidas. Bem lá no fundo, quem quer saber de quem?
(Não faça caso, please)
ZM

De Isabel Maia Jácome a 22.08.2011 às 13:17

...Ligo sim, Zilda... e não se preocupe porque sou mesmo assim. Importo-me realmente...e às vezes criticam-me por me importar demais.
Sei que não podemos ser indiferentes ao que nos rodeia. Ao bom, ao mau... mas se não fosse assim, que estávamos por cá a fazer?
Mas a verdade é que me zango muitas vezes comigo pela impotência que sinto, pelo que gostaria de fazer e não faço, pelas dúvidas e inseguranças imensas que tenho, embora sinta que vou crescendo e aprendendo, aprendendo... e, tenho realmente mesmo muito, muito para aprender, todos os dias, todos os momentos.
Sabe, Zilda, acredito que há pessoas que se interessam, sim. Umas não sabem demonstrá-lo, outras vão aprendendo a sentir e demonstrar de alguma forma...
...mas compreendo o que diz, sente, expressa... também reconheço infelizmente que assim é com uma grande massa de gente... e tenho-o reflectido ultimamente mais do que nunca, enquanto observo as pessoas... as que passam, as que comigo se cruzam por acaso, sem darem por isso, as que inevitavelmente cruzo no decurso da vida e que inesperadamente são realmente tão diferentes umas das outras…
Preocupa-me o Mundo. Preocupam-me as pessoas, a humanidade, o curso que tomamos todos e cada um de nós... a incapacidade de aprendizagem com a história e, mais grave, a incapacidade de aprendizagem, cada um de nós, com o nosso próprio passado, com os nossos erros, com as nossas dificuldades e conquistas, com aqueles que nos cercam e nos estão mais próximos e que tantas vezes são lições de vida...
... e dou comigo muitas vezes insatisfeita com as minhas obstruções e dificuldades...
...só que decidi, faz algum tempo, que não quero desistir. Nem de mim, nem dos outros, nem da vida que é uma dádiva e uma graça... e que passa depressa demais para o tanto que precisamos fazer… e por isso agradeço tudo o que posso e tudo o que me toca e o tanto de que me sinto privilegiada...
...mas sei que não sou perfeita... e só quando comecei a aprender (e essa aprendizagem é difícil, morosa e para o resto da vida) a aceitar essa imperfeição, essas dificuldades imensas de todos os dias, a repetição de erros que gostaria de não repetir… enfim, a consciência de que o que poderei criticar nos outros, acontece provavelmente quando menos espero e desejo, comigo… pude começar a fazer mais e estar mais aberta e receptiva a essa atenção que é precisa, a essa abertura necessária para a mudança, a esse crescimento que desejo e procuro a cada momento, a cada dia. Sei que me entende. Acredito nisso. E é bom… muito estimulante e aconchegante.
É muito bom, um privilégio imenso tê-la com amiga. Poder dar-lhe e receber esse carinho imenso, como se a conhecesse faz muito tempo e senti-la como alguém muito próximo... próximo da alma que é o que mais preciso e que diminui muitas vezes esta minha tendência enorme para uma solidão que é tão real em cada um de nós... e que por vezes custa, mesmo quando rodeados de muita gente...
Minha querida amiga... só posso dizer-lhe obrigada. Obrigada por esta amizade que sinto profunda.
Perdoe a minha verborreia de hoje. Quero ver se consigo reflectir um pouco mais por escrito esta semana… escrever no meu blog, também, tentando perder o medo de me expor e expor o que os últimos dias me têm mostrado... nomeadamente esta fase em que a minha mãe foi internada e aguardamos tantas mudanças necessárias, em que precisamos de reflectir tanto... Há melhoraras!... mas custa-me reconhecer que o sistema em que vivemos, por mais que acredite e queira acreditar em muito, esta sociedade feita por homens e para homens, tem tantas lacunas tão graves e precisa tanto de mudança… e os que queremos mudá-la estamos atados de pés e mãos…
…como diz,” seria bom que todas as doutrinas morais não tivessem sido esquecidas”.... e reconheço que a maioria das vezes parecem ter sido!!!!!!!
Um grande abraço, Zilda... e obrigada, Sempre...Sempre!!!!Obrigada minha amiga. Tudo de bom para si!
Um abraço bem forte,
Isabel

De Maria João Brito de Sousa a 25.08.2011 às 21:32

Consegui! :) Venho deixar-lhe o meu abraço e rever essas imagens que tão estranhamente me fascinam...

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