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O meu estado actual é o daquele que percebe quem o outro é ao olhá-lo com serenidade,
deixando que o olhar vá longe e além. Tranquilamente.
Olhando com olhos de ver, só.
Vejo-o como
se ele tivesse um cartaz colado ao corpo que dissesse das suas capacidades. Ou,
querendo aprofundar mais, eu visse uma espécie de catálogo de qualidades que
pertencessem a essa pessoa e que eu pudesse folhear.
E o outro,
esse, é bom ou mau, é isto ou aquilo, conforme valorizo ou desvalorizo o que
vejo, isto é, as qualidades lá inscritas, no cartaz. Porque o que acontece
deixa marcas no corpo e eu posso distingui-las.
Há alguém
que conheço, que analisei, e que digo ser bom ou ser mau, e é-o possivelmente
apenas para mim; e é o contrário, é outra coisa, para outrem. Conforme a minha
valoração das suas qualidades. Que são as mesmas, mas que são boas ou más
naturalmente, repito, de acordo com aquilo a que dou importância. E que pode
depender também do que penso que é melhor para essa pessoa, atendendo às
circunstâncias actuais da sua vida.
Ontem, a
convite de uma amiga, assisti a um espectáculo característico de fim-de-ano
duma escola de ballet. Aconteceu no auditório da Exponor e a sala estava cheia
com pais e avós dos alunos/artistas. No seu género, foi uma representação de
grande qualidade que me deixou encantada e muito feliz.
Dançar é
natural, faz bem ao corpo e à inteligência, e é sempre agradável ver crianças
muito pequenas esforçando-se por fazer o movimento como lhes é indicado, e
fazendo-o com muita graça. E também as
grandes, com mais ou menos talento, contribuíram para o esplendor de luz,
cor e movimento que foi cada cena representada.
A Escola de Ballet de Leça da Palmeira está muito bem classificada, por mim!
Mas o que verdadeiramente me surpreendeu, foram os figurinos desenhados por uma jovem
estilista, de quem já tenho falado a propósito doutros feitos: é a Maria
Rebelo. Os figurinos que ela imaginou e ajudou a executar ou executou ajudada
por outras duas jovens que trabalharam incansavelmente, durante alguns meses,
em todas as horas livres do seu trabalho habitual, isto é, sábados, domingos,
feriados e todos os dias até à meia-noite, esses figurinos foram a causa do meu
maior deslumbramento.
Eram
lindíssimos, com muita originalidade, belas e sofisticadas cores e texturas,
perfeitamente adequados àquilo que queriam representar; fizeram-me pensar como
seria justo aproveitar tanta dedicação e talento em espectáculos maiores, em
grandes teatros para serem devidamente admirados por públicos mais vastos e exigentes.
Pensei isso, porém, por
mais que olhe o cartaz inscrito no corpo da Maria não sou capaz de entender se
ela gostará de desenhar para um mundo mais vasto e composto e elaborado que a
leve às grandes capitais, a Pequim talvez (agora não é Paris nem New York o
lugar cobiçado para grandes espectáculos e grandes artistas).
Que aptidões, ela possui muitas, tem ainda a Maria Rebelo no seu amplo catálogo para dizer
e que eu a folhear, a folhear ainda não descobri?! E quais poderão constituir o melhor para ela, atendendo às
circunstâncias?
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