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inscrito no corpo

por Zilda Cardoso, em 04.07.11

 

 

O meu estado actual é o daquele que percebe quem o outro é ao olhá-lo com serenidade,
deixando que o olhar vá longe e além. Tranquilamente.

Olhando com olhos de ver, só.

Vejo-o como

 


se ele tivesse um cartaz colado ao corpo que dissesse das suas capacidades. Ou,
querendo aprofundar mais, eu visse uma espécie de catálogo de qualidades que
pertencessem a essa pessoa e que eu pudesse folhear.

E o outro,

 


esse, é bom ou mau, é isto ou aquilo, conforme valorizo ou desvalorizo o que
vejo, isto é, as qualidades lá inscritas, no cartaz. Porque o que acontece
deixa marcas no corpo e eu posso distingui-las.

Há alguém

 


que conheço, que analisei, e que digo ser bom ou ser mau, e é-o possivelmente
apenas para mim; e é o contrário, é outra coisa, para outrem. Conforme a minha
valoração das suas qualidades. Que são as mesmas, mas que são boas ou más
naturalmente, repito, de acordo com aquilo a que dou importância. E que pode
depender também do que penso que é melhor para essa pessoa, atendendo às
circunstâncias actuais da sua vida.

Ontem, a

 


convite de uma amiga, assisti a um espectáculo característico de fim-de-ano
duma escola de ballet. Aconteceu no auditório da Exponor e a sala estava cheia
com pais e avós dos alunos/artistas. No seu género, foi uma representação de
grande qualidade que me deixou encantada e muito feliz.

Dançar é

 


natural, faz bem ao corpo e à inteligência, e é sempre agradável ver crianças
muito pequenas esforçando-se por fazer o movimento como lhes é indicado, e
fazendo-o com muita graça. E também as
grandes
, com mais ou menos talento, contribuíram para o esplendor de luz,
cor e movimento que foi cada cena representada.

A Escola de Ballet de Leça da Palmeira está muito bem classificada, por mim!

Mas o que verdadeiramente me surpreendeu, foram os figurinos desenhados por uma jovem
estilista, de quem já tenho falado a propósito doutros feitos: é a Maria
Rebelo. Os figurinos que ela imaginou e ajudou a executar ou executou ajudada
por outras duas jovens que trabalharam incansavelmente, durante alguns meses,
em todas as horas livres do seu trabalho habitual, isto é, sábados, domingos,
feriados e todos os dias até à meia-noite, esses figurinos foram a causa do meu
maior deslumbramento.

Eram

 


lindíssimos, com muita originalidade, belas e sofisticadas cores e texturas,
perfeitamente adequados àquilo que queriam representar; fizeram-me pensar como
seria justo aproveitar tanta dedicação e talento em espectáculos maiores, em
grandes teatros para serem devidamente admirados por públicos mais vastos e exigentes.

Pensei isso, porém, por

 


mais que olhe o cartaz inscrito no corpo da Maria não sou capaz de entender se
ela gostará de desenhar para um mundo mais vasto e composto e elaborado que a
leve às grandes capitais, a Pequim talvez (agora não é Paris nem New York o
lugar cobiçado para grandes espectáculos e grandes artistas).

Que aptidões, ela possui muitas, tem ainda a Maria Rebelo no seu amplo catálogo para dizer
e que eu a folhear, a folhear ainda não descobri?! E quais poderão constituir o melhor para ela, atendendo às
circunstâncias?

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publicado às 11:10


7 comentários

De Isabel Maia Jácome a 05.07.2011 às 00:26

Um dia ergui os pés em passos de lua.
Voava. A música era o meu guia!
Outro e outro, ergui braços e mãos
corpo todo em fantasia
encantada na brisa da noite amena...
Voava. E não sabia.

(não sei se vai ficar assim... é mt provavel que não..., mas a dança, as palavras, a lembrança da música, do corpo, da fantasia e das palavras que acabei por ler também na Rita, deram-me um estado nostalgico que tenho que apagar num sono obrigatório que me espera... para amanhã poder ir trabalhar.
abraço forte
Isabel

De Zilda Cardoso a 05.07.2011 às 07:43

Que bonito! É essencial sentir, não é?
Escreva mais sobre a dança!

De Isabel Maia Jácome a 05.07.2011 às 19:13

Sentir é o essencial... e ter consciência do que se sente...
...é bom, não é Zilda? (embora às vezes difícil :))
Obrigada.
Estou a desejar 6ª feira para ir de férias... quem sabe nessa altura possa ter um pouco de tempo para estar comigo também..., o tempo suficiente para escrever um pouco. Preciso tanto!!!!!!!!!!!
Beijo amigo.
Sempre,
Isabel

De Cabecilha a 05.07.2011 às 12:33

o cenário de fundo, minimalista com linhas verticais brancas, também resultou bem!

De Zilda Cardoso a 05.07.2011 às 12:49

Sim, Cabecilha, resultou muito bem..

De Maria João Brito de Sousa a 06.07.2011 às 14:23

Vinha, apressada, contar-lhe que, afinal, o tremendo drama que levou ao meu último post do Contra-Sensual não passava da incapacidade de um aparelhómetro do CSO que não consegue fazer a leitura da informação contida no micro-chip do meu cartão de cidadão e dou comigo a gostar imenso deste seu post e a contemplar a beleza das imagens! :) Algumas das crianças parecem ainda tão pequeninas... lembrei-me das minhas aulas de ballet, na antiquíssima Liga dos Combatentes da Grande Guerra, em Algés... depois das aulas de dança, costumava escapulir-me para o campo de hóquei, para tentar jogar com os rapazes - muito mais crescidos - que, às vezes, até me deixavam fazer umas gracinhas... por pura piedade, com certeza! Eu deveria ter os meus quatro anos...
Abraço grande!

De Zilda Cardoso a 06.07.2011 às 19:51

Que BOM! Vale sempre a pena não se arreliar, mas actuar. Actuar é o melhor que há, sobretudo fora do palco.Com 4 anos, já se joga muito bem hoquei, pois claro. Não tenha dúvida. E tb se dança muito bem. As crianças estavam felizes. E bonitas.
Gostei muito do seu comentário bem disposto. Acredito que podemos pôr os outros felizes, quando estamos felizes.

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