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O amor em Carapeços

por Zilda Cardoso, em 27.06.11

 

 

Estava um calor tremendo, nada comparável à amenidade da Foz, excepto dentro de casa. Dentro de casa era Barcelos Puro ou o que se imagina que isso possa ser. Figuras de barro havia por todo o lado, sobretudo, galos, galos de todas as cores, tamanhos e afinal materiais. E lenços de namorados ou os seus dizeres amorosamente bordados a cores sobre linho ou algodão branco - bordados da região - repetem-se em tudo que é possível executar nesse material.

É uma casa única, toda pensada para receber a família e os amigos de forma divertida e muito minhota, com música de fundo saltitante. Não é possível deixar de sorrir.

Prefiro sempre o jardim, os extensos relvados, o lago e os patos castanhos, a água que cai sobre a água, as árvores velhas, oliveiras com pequenos canteiros de flores vivas e cheirosas na sua base, flores rasteiras e tímidas apesar do calor das suas cores a clamar por atenção, e alguns arbustos exóticos...

 

 

 

Há um galo que canta ao longe e eu penso... se todos os que aqui estão dentro e fora de casa - há-os semeados pelo relvado - desatassem a cantar ao mesmo tempo?! Não vejo esse ao longe, é fácil saber que está lá, ali, e é um belo galo orgulhoso como todos. Ser orgulhoso, talvez não seja tão mau como dizem.

Há os ruídos das aves que surgem e logo se vão e o zumbir dos insectos à minha volta, os que pousam em mim e que sacudo ligeiramente irritada. Ouço a Natureza, admiro-a, recordo as palavras da Mónica Baldaque, tento considerar a Natureza de igual para igual, vejo que é difícil. Ela é tão... imensa. Como posso ser igual? Olhar a Natureza a partir do nível dela mesma?

O céu está agora carregado de nuvens ligeiramente cinzentas pulverizadas no azul.

 

Logo a seguir, o sol abre-se e as sombras aparecem projectadas no verde. 

Esqueço para já.

Porém, respeito-a e ouço-a com prudência, sobretudo os seus esquisitos silêncios. Durante toda a tarde, houve silêncios e houve ruídos e sempre o ruído do silêncio que me empenho em escutar e também o que sobra em silêncio depois da música terminar.

Juntei tudo e consegui por alguns instantes únicos ouvir apenas o que dá prazer ouvir.

 

 

O almoço destinava-se a juntar de novo os que foram recentemente a Lourdes em Peregrinação. Os donos da casa, os organizadores, multiplicam-se em amabilidades,  é visível o gosto que têm em receber sob as suas árvores centenárias; apresentam o almoço e os convidados sentem-se num lugar muito especial por obra e graça da Luísa e do Adalberto, do seu longo amor um pelo outro e do seu amor pelos outros.

 

.

 

 

 

 

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publicado às 15:13


8 comentários

De Cabecilha a 28.06.2011 às 13:38

nas fotos sente-se o calor...

De Zilda Cardoso a 28.06.2011 às 13:47

Ainda bem, Cabecilha. Quem havia de dizer!

De poetazarolho a 29.06.2011 às 00:31

“A lágrima”

A lágrima trago dentro de mim
Lágrima que não chora sua sorte
Esta é uma lágrima muito forte
Ela que já aguentou vento norte

Nunca havia visto lágrima assim
Mesmo contra toda a adversidade
Longe dos tempos de mocidade
Ela encontra forças sem vaidade

É uma experiência surpreendente
Forças supremas e arte de resistir
Poder testemunhar minha gente

Vocês hão-se pensar, está a mentir
Mas eu sei esta lágrima é diferente
Esta lágrima eu vi um dia a sorrir.


http://poetaporkedeusker.blogs.sapo.pt/

http://mariajoaobritodesousa.synthasite.com/

De Zilda Cardoso a 29.06.2011 às 08:31

Gosto tanto do seu poema!

De Maria João Brito de Sousa a 29.06.2011 às 14:34

Vejo que o nosso amigo Camões já por cá andou :))
Depois volto para dar uma segunda leitura ao seu texto; agora fiquei apaixonada por esses galos de Barcelos que me receberam numa chuva de cores! Lindos! Nunca os tinha visto assim, com as patas ornamentadas e em destaque, mas acho que ficam maravilhosamente!
Sabe uma coisa? Acredito que este tipo de actividade artesanal, com História, beleza e carinho, torna o nosso país GRANDE! :)
Temos um artesanato espantosamente rico! Eu, quando era pequenina - tão pequenina quanto aqueles meus 4 anos da fotografia do blog - era uma verdadeira apaixonada pelo nosso artesanato... e ainda o sou! O meu pai costumava ir à feira da Senhora da Rocha comprar grandes recipientes em barro que eu depois pintava de alto a baixo. Infelizmente só um sobrou e, não há muito tempo, quebrou-se todo. Tenho por lá um ou dois pedacitos, só porque me custou deitá-lo todo fora... pintava-lhes figuras humanas, sempre. Figuras humanas que se reuniam em torno de um elemento central como uma mesa, uma casa, uma pastagem...
Abraço grande. Vou reler o seu post porque os galitos me deixaram demasiado apaixonada para uma leitura cuidadosa :)

De Isabel Maia Jácome a 01.07.2011 às 01:05

...os galos, lindos!
... os outros objectos na mesa, também me atraem a curiosidade... de os conhecer mais de perto... de lhes sentir as formas, a textura, a cor e a porpria conjugação entre eles, ou como vivem cada um per si...
... de resto, a madeira da mesa, o fundo da janela, a luz, a relva... e depois, nas outras fotos, todas as imagens e mais todas as palavras com que as descreve e ao que está por detrás e para além delas...
...poderei eu dizer algo mais do que "gostava de conhecer também."?
Resta dizer que me cheirou a verão por ali... :)...
Um abraço apertado. Bem apertado!!!!!!!!!!!
Isabel

De Marcolino a 04.07.2011 às 08:59

Bom dia Zilda,
Repito:Mais uma série de fotografias tão genuinas que eu desejava ver colocadas no Flickr. Por lá também tem espaço para as descrever como o faz aqui no seu Blogue! Experimente, e vai ver que será visitada por muita gente que a procurará no Flick como alguém que sabe olhar a sua terra e a sabe descrever maravilhosamente, acompanhando os seus apontamentos escritos com fotos de um olhar de quem sabe ver, tudo à sua volta!
Boa semana, e divirta-se ne norte maravilhooso!
Marcolino

De Zilda Cardoso a 04.07.2011 às 12:16

Muito obrigada, Marcolino, vou tentar.

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