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A minha amiga Ana Osório tem uma quinta perto do Porto, em
Lousada - a Casa de Juste. Há anos, passei ali uns dias maravilhosos de
tranquilidade, rodeada de pequenas coisas belas que me seduziram a mais não
poder ser, desde a música ao pequeno almoço, muito melhor de efeito do que
qualquer comprimido, aos meus amigos patos no lago e às flores dos canteiros
tratadas com o carinho que merecem. Apreciei o que Ana e o seu marido Fernando
Guedes têm feito ali.
Depois de uma vida citadina decerto agitada, decidiram ir
viver para a Quinta, fazer dela a sua casa e as actividades a ela ligadas, a sua
razão de viver. Gosto muito da casa antiga que é um velho solar de pedras
musguentas e do jardim e dos cisnes negros, aguerridos defensores da casa e dos seus filhotes cinzentos, amorosos; e
dos pequenos patos castanhos que estão sempre a nascer e de cada vez nascem
mais bonitos, com os mais belos e sofisticados desenhos na plumagem. E gosto da
forma como recebe em regime de turismo de habitação.
Depois disso, todas as Primaveras, digo que vou lá ver as peónias ou peonias que ela tem em duas filas de um lado e do outro de uma larga
avenida. São todas da mesma cor... de rosa, porque são mais bonitas e muito mais
convenientes. Este ano, há duas semanas, a Ana telefonou para que as fosse ver,
estavam em plena floração, exuberantes e o seu perfume espalhava-se pelos
arredores.
Venha! disse ela.
E eu fui, não naquela semana, mas na seguinte. Telefonei antes.
Tinha havido um alerta amarelo e a maior parte das flores tinha sido colhida,
receando que a chuva e o granizo atirassem as preciosas pétalas ao chão e ficassem
inutilizadas para o chá.
Não houve espectáculo de peónias, portanto, aquele de que falo há anos
e a que nunca assisti.
Por outro lado, há uma lojinha na Quinta que vende os produtos ali nascidos e mais alguns, todos especiais. Ali são confeccionadas bolachas e compotas que se podem comprar também nas lojas “gourmet” das cidades.
Vende casais de cisnes negros.
Na tarde da nossa visita, um elemento do casal-a-ser-vendido tinha voado e não se sabia se
voltaria a tempo de o negócio ser finalizado, isto é, quando o comprador
voltasse para levar o par.
Ana Osório é muito empreendedora, faz render a Quinta, gosta
deste trabalho que realiza com as suas colaboradoras (e a ajuda do marido que
tem as suas tarefas) na casa, na cozinha, no jardim, na loja… tirando proveito
de tudo, como se nunca tivesse feito outra coisa na vida. É uma empresária
feliz, bem-disposta,
alegre.
Trouxemos bolachas, compotas, cogumelos, e muitos sorrisos
que tratamos de derramar pelos nossos sítios.
Mas onde estão as minhas peónias perfumadas e lindas?! Imponentes?
Que eu desde há vários anos espero admirar no mês de Maio de cada ano? As que
espero chegar a tempo de ver?
E assim fui para Lisboa, ver os jacarandás.
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