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O silêncio nas nuvens

por Zilda Cardoso, em 22.04.14

 

 

Acho que o Pinhão ganharia o prémio da vila mais feia de Portugal, que me perdoem as pessoas da terra que não terão todas culpa ou não poderão fazer grande coisa. E pode ser apenas o meu gosto.

De modo que, estando o hotel mesmo no centro da vila, não podendo caminhar nas suas ruas pelo trânsito pesado que permanentemente circula, voltei-me para o rio e as montanhas, voltei-me para o longe das coisas, daquilo que queria ver de perto, afinal.

Voltei-me para as coisas que posso ver de longe.

As montanhas pertencem a um mundo grandioso, imponente, magnífico. A base estava lá, os montes - uns altos outros baixos, mais ou menos redondos, caprichosamente sobrepostos, sempre recortados num céu azul, hoje tão azul este azul, os homens pincelaram-nos de diversos tons de verde. Encheram-nos de pontos de tamanhos variados, riscaram-nos em incertas direcções, decoraram-nos como lhes apeteceu. Resultou bem, este conjunto é uma obra-prima. E cada montanha destas é um esmero.

Fico feliz de olhá-los, aos montes, sempre lá, tranquilos.

Às vezes, o azul em que se recortam tem manchas brancas ou cinzentas, mais ou menos escuras e leves e entufadas onde tenho vontade de ficar escondida e confortável a espreitar o mundo. Talvez seja bom conversar um bocadinho com o silêncio de lá. As nuvens, bem dispostas neste espaço, redefinem-se a todo o momento, deixam ver agora menos azul, mas mesmo assim, é aquele azul que me anima a continuar por aqui um pouco mais.

 

 

 

Ontem havia vento, notei a diferença para a beira-mar. O som do vento aqui é mais grave, menos áspero. E a água do rio verde-escuro não tem nada a ver com esmeralda preciosa. Tem a ver com a preciosidade do azeite. E com a terra.

Tenho uma varanda com plantas e flores, inserida no grande jardim, donde poderia observar tudo isso se o chão não estivesse cheio de ninhos de vespas picantes. Receio por mim e fico dentro, por dentro dos vidros, o que não é o que aprecio.

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publicado às 11:46


2 comentários

De Isabel Maia Jácome a 24.04.2014 às 23:20


...ah, as montanhas, os azuis, os verdes... e o deslizar sereno e lânguido do rio de azeite... e as vozes do vento, diferentes aqui e ali...e os brilhos de diversas intensidades, das palavras momentos que descreve e que nos diz e faz estar também ali, juntinho ao momento, ao pensamento e ao sentir ...

Obrigada pela companhia, Zilda... e um último sorriso, por hoje.
Foi muito bom estar consigo.
Isabel

De Zilda Cardoso a 29.04.2014 às 08:13

A sua companhia é reconfortante, Isabel. É bom estar consigo, saber que aprecia estas pequenas coisas tão grandes que nos enchem os dias. Certos dias!
Precisamos das pausas para recomeçar os trabalhos que nos ocupam e preocupam.
Agora estamos prontas.
Até mais logo!

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