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Acho que o Pinhão ganharia o prémio da vila mais feia de Portugal, que me perdoem as pessoas da terra que não terão todas culpa ou não poderão fazer grande coisa. E pode ser apenas o meu gosto.
De modo que, estando o hotel mesmo no centro da vila, não podendo caminhar nas suas ruas pelo trânsito pesado que permanentemente circula, voltei-me para o rio e as montanhas, voltei-me para o longe das coisas, daquilo que queria ver de perto, afinal.
Voltei-me para as coisas que posso ver de longe.
As montanhas pertencem a um mundo grandioso, imponente, magnífico. A base estava lá, os montes - uns altos outros baixos, mais ou menos redondos, caprichosamente sobrepostos, sempre recortados num céu azul, hoje tão azul este azul, os homens pincelaram-nos de diversos tons de verde. Encheram-nos de pontos de tamanhos variados, riscaram-nos em incertas direcções, decoraram-nos como lhes apeteceu. Resultou bem, este conjunto é uma obra-prima. E cada montanha destas é um esmero.
Fico feliz de olhá-los, aos montes, sempre lá, tranquilos.
Às vezes, o azul em que se recortam tem manchas brancas ou cinzentas, mais ou menos escuras e leves e entufadas onde tenho vontade de ficar escondida e confortável a espreitar o mundo. Talvez seja bom conversar um bocadinho com o silêncio de lá. As nuvens, bem dispostas neste espaço, redefinem-se a todo o momento, deixam ver agora menos azul, mas mesmo assim, é aquele azul que me anima a continuar por aqui um pouco mais.
Ontem havia vento, notei a diferença para a beira-mar. O som do vento aqui é mais grave, menos áspero. E a água do rio verde-escuro não tem nada a ver com esmeralda preciosa. Tem a ver com a preciosidade do azeite. E com a terra.
Tenho uma varanda com plantas e flores, inserida no grande jardim, donde poderia observar tudo isso se o chão não estivesse cheio de ninhos de vespas picantes. Receio por mim e fico dentro, por dentro dos vidros, o que não é o que aprecio.
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